19 de junho de 2010

Um bando de inúteis

A coisa chama-se assim:
Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à relação do Estado com a Comunicação Social e, nomeadamente, à actuação do Governo na compra da TVI

Ralizou 31 reuniões a tentar provar uma tese, a de que o primeiro ministro mentiu ao parlamento, claramente fora do âmbito enunciado na designação (outros detalhes estão omissos na página da AR) e nem isso conseguiram.
Não se sabe quanto custou ao país esta Comissão a secção Plano de Actividades e Orçamento aparece vazia o que por si revela uma falta de transparência dos órgãos de soberania. Podemos pensar que aquilo foi gastar à Lagardère.
Estes senhores prestaram um muito mau serviço ao país e o facto de terem sido eleitos e terem legitimidade democrática, não a têm para fazzer o que bem lhes apetece e mal. Se tivessem vergonha demitiam-se por manifesta inutilidade.
A lista é esta. Vejam em quem votam nas próximas eleições.

Mota Amaral (PSD, Efectivo, Presidente )
Osvaldo de Castro (PS, Efectivo, Vice-Presidente )
João Pinho de Almeida (CDS-PP, Efectivo, Vice-Presidente)
Ana Catarina Mendonça Mendes (PS, Efectivo)
Manuel Seabra (PS, Efectivo)
Miguel Laranjeiro (PS, Efectivo)
Ricardo Rodrigues (PS, Efectivo)
Sónia Fertuzinhos (PS, Efectivo)
Vitalino Canas (PS, Efectivo)
Agostinho Branquinho (PSD, Efectivo)
Carla Rodrigues (PSD, Efectivo)
Francisca Almeida (PSD, Efectivo)
Pacheco Pereira (PSD, Efectivo)
Pedro Duarte (PSD, Efectivo)
Cecília Meireles (CDS-PP, Efectivo)
João Semedo (BE, Efectivo)
João Oliveira (PCP, Efectivo)
Maria José Gamboa (PS, Suplente )
Fernando Negrão (PSD , Suplente )
Nuno Encarnação (PSD , Suplente )
Pedro Mota Soares (CDS-PP , Suplente )
José Manuel Pureza (BE , Suplente )
Bernardino Soares (PCP , Suplente )

18 de junho de 2010

O meu nome é Mago. Saramago

José Saramago morreu hoje e deixou-nos mais pobres.
A magia com que levantava as palavras deixou em mim, leitor, um rasto de lucidez para todas as leituras.
Sempre chegaremos ao lugar onde nos esperam. Escreveu um dia.
Ainda tenho umas coisas para ler...
Hoje é o ano da morte de Saramago.

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago Os Poemas Possíveis
Curiosa, a mensagem de Cavaco sobre a morte de Saramago.
É mais do que dever de um presidente de Portugal manifestar em nome de todos os portugueses, a homenagem a um escritor maior por ocasião da sua morte, mas neste caso deve ter-lhe dado algumas voltas às tripas. Ou ter-se-á esquecido que quando era primeiro ministro um seu serviçal deu a cara a um acto de censura sobre Saramago. Já era uma referência nessa altura. Quase apostava que Cavaco nunca leu uma linha de Saramago e, se o tentou fazer terá achado que o homem não sabia escrever e fazer pontuação. Ponto.


(Isto foi escrito depois como correcção de um erro de postagem)

16 de junho de 2010

"Vendedor planetário"

Levaste-me à praia. Lavaste as saudades de mar e eu ensaiei passos cautelosos na areia. Saboreámos o sol deitados na beira das ondas da maré baixa. Fantasiámos sobre a ausência das gaivotas e despertámos com o rappel dos pregões estivais. "Barquilhere..." clama o vendedor ambulante daquela espécie de bolacha torrada e poucas são as paragens. A praia quase vazia não é muito propícia ao negócio.
Passado pouco tempo ouvimos o peculiar pregão de outro vendedor já nosso conhecido. Já tínhamos feito várias conjecturas sobre o seu estado mental e persistiam dúvidas sobre se realmente vendia as bolas de berlim que apregoava com rimas:
"Bola de berlim
para a Joana e para o Delfim"
(continuo mentalmente: para a Mariana e o Serafim/ Para a Sara e o Martim...)
E continua:
"Olhem para mim que já venho tão cansado
comprem bolas de berlim para não ir tão pesado"
A sua figura podia ter saído dum filme fantasioso. É um sexagenário atarrecado de rosto redondo avermelhado de cabelos totalmente brancos (teriam sido louros em tempos). Chapéu de palhinha de abas levantadas a terminar em bico para a frente. Camisa larga sobre uns calções também largos pelo joelho. Usa uma meia elástica decontenção de varizes. Traz um cesto de piquenique montado no esqueleto do que terá sido um carrinho de ir às compras que sspende na mão direita e um saco térmico enfiado no braço esquerdo, segurando nessa mão a tenaz de inox ou alumínio. Interpela as pessoas tratando-as por "vossas excelências" incluindo nesse trato um grupo de adolescentes. Insiste nas rimas para elogiar a beleza desta praia e apresenta-se como "Mário: o vendedor planetário".
Penso para mim que este poderia ser o verdadeiro contador de gaivotas. Elas hoje, por solidariedade com a greve dos maquinistas ou por estarem a vigiar os exames de português, não compareceram e não se deixaram contar.
Mas, para que fique esclarecido, Mário, o vendedor planetário vende efectivamente bolas de berlim. As rimas dá-as a toda a gente e espalha-as na areia para quem as queira.

8 de junho de 2010

HD

High Definition? Hard Disk?
Nada disso!
Em português é hérnia discal. Agora vou ali deixar umas dores e já venho.

4 de junho de 2010

O estado de sítio

Aqui vê-se melhor.


O meu bairro vai ficar sitiado para que uma cambada de inúteis venha sacudir o penacho. Nunca o Sítio das Figuras foi invadido por tantos figurões. O meu bairro vai ficar interdito à circulação. De carro, só se pode sair e andar a pé. É claro que todas as zonas à volta vão ficar saturadas de carros e de circulação alternativa.

Podiam fazer a coisa no Estádio do Algarve. Afinal a gente já o está a pagar e assim não chateavam.
Mas o mais triste é esta demonstração salazarenta dum país pimbo-militar.




2 de junho de 2010

Dia de quem?

E eu a pensar que o 10 de Junho era o dia de Camões e o dia de todos os portugueses espalhados pelo mundo...
Este ano as comemorações oficiais são em Faro. Já sabíamos que Cavaco tinha já transformado este dia em «dia da raça» (da dele, certamente) e em dia suplementar das forças armadas e também sabemos que Cavaco anda informalmente em campanha para a sua reeleição desde que foi eleito, mas, pronto, tem a legitimidade que a democracia lhe confere para isso tudo e ainda lhe sobra tempo, para ensinar o nome dos netos ao papa.
O que me pergunto é que sentido faz, nos dias de hoje esta manifestação masturbante militarista, belicista e parola. O culto da guerra, dos seus instrumentos e símbolos devia ser coisa a banir da vida pública. Ofende-me que seja usado como expressão mais relevante do que chamam «dia de Portugal».
Além disso, parece que fazem um simulacro da lei marcial durante três horas e meia. A informação a que tive acesso não deixa dúvidas:

As comemorações do dia 10 de Junho obrigam a condicionamentos de trânsito no acesso à Escola Superior de Saúde, nas zonas circundantes e no estacionamento no parque da Escola.
Face ao exposto, informa-se a Comunidade Académica das alterações de trânsito e estacionamento no dia 9 de Junho:
Ø O acesso e estacionamento no parque da Escola só são permitidos das 8:00 h. às 12:30 h. Todas as viaturas têm que ser retiradas do parque até às 12:30 horas.
Ø Durante as 14:00 h. até às 17:30 h. o trânsito encontra-se encerrado nas seguintes ruas:

- EN 125 – Nó do Aeroporto (cruzamento da EN 125 com a EN 125-10) até à rotunda do Teatro Municipal de Faro.
- Avenida Calouste Gulbenkian – desde a Rua do Alportel até à rotunda do Teatro Municipal de Faro.
- Avenida Prof.º Dr.º Adelino da Palma Carlos.

Assim , a partir das 14:00 do dia 9, o acesso à Escola só será possível por via pedonal
.

Não se pode estacionar à volta do arraial militar. Deve ser por questões de segurança (toda a gente se lembra da paranóia securitária de Cavaco que manda interditar o espaço aéreo quando vai à praia) e começa logo na véspera. E eu que pensava estacionar lá o meu carro e pôr a tocar toda a tarde, com o volume no máximo "la cucaracha", já não posso.
Talvez convoque uma manifestação de gaivotas para sobrevoar o recinto das festas e cagar-lhes em cima.

31 de maio de 2010

Inter vs rogações

Quando um escritor ou uma escritora medíocre tem um estrondoso sucesso editorial, estamos perante uma besta célere?

30 de maio de 2010

Domingo

Praia, xadrez e bicicleta.
Contigo, seria mesmo perfeito.

Lembrei-me de outros domingos de outros olhares
Aqui fica um domingo-poema de um dos meus poetas


Poema de domingo
Aos domingos as ruas estão desertas
e parecem mais largas.
Ausentaram-se os homens à procura
de outros novos cansaços que os descansem.
Seu livre arbítrio algremente os força
a fazerem o mesmo que fizeram
os outros que foram fazer o que eles fazem.
E assim as ruas ficaram mais largas,
o ar mais limpo, o sol mais descoberto.
Ficaram os bêbados com mais espaço para trocarem as pernas
e espetarem o ventre e alargarem os braços
no amplexo de amor que só eles conhecem.
O olhar aberto às largas perspectivas
difunde-se e trespassa
os sucessivos, transparentes planos.

Um cão vadio sem pressas e sem medos
fareja o contentor tombado no passeio.


É domingo.
E aos domingos as árvores crescem na cidade,
e os pássaros, julgando-se no campo, desfazem-se a cantar empoleirados nelas.
Tudo volta ao princípio.
E ao princípio o lixo do contentor cheira ao estrume das vacas
e o asfalto da rua corre sem sobressaltos por entre as pedras
levando consigo a imagem das flores amarelas do tojo,
enquanto o transeunte,
no deslumbramento do encontro inesperado,
eleva a mão e acena
para o passeio fronteiro onde não vai ninguém.
António Gedeão, Novos Poemas Póstumos

20 de maio de 2010

FaroVille

É quase à minha porta. No meu quintal. Praticamente.Primeiro interrogávamo-nos o que se estava ali a construir com a ajuda e o empenho da tropa. As máquinas eram verde-militar e os uniformes não deixavam dúvidas. Em vão procurei os cartazes obrigatórios, parece-me, em todas as obras que informam do que se está ali a fazer. Quando se trata de obras públicas até costuma estar lá o orçamento e as fontes de financiamento e o prazo de construção.


Aquele terreno está envolvido numa polémica desde há meia dúzia de anos. Assim em breves palavras, era um terreno do domínio público municipal que por proposta do presidente Vitorino e a concordância do PSD e do PS na A. Municipal, passou a domínio privado da Câmara, para o oferecer ao SCFarense, para este clube aí explorar uma bomba de combustíveis de modo a poder pagar as dívidas ao fisco e à segurança social, acumuladas por gestão danosa da SAD.
E isto só não seguiu assim porque os moradores do bairro interpuseram uma providência cautelar.
E fui vendo o avanço da obra com algum regozijo, porque fosse o que fosse, sempre era melhor que uma gasolineira redentora da delinquência fiscal. Mas continuava a não haver informação visível o que me fazia pensar que estaríamos perante uma obra ilegal, uma construção clandestina.
Ouvia vários comentários e alguém com ar de bem informado garantia que aquela obra era para as comemorações do 10 de Junho (e já nem sei bem o que se comemora nesse dia) e que vinha cá o Cavaco. Pensei logo que a coisa se deveria vir a chamar cavacódromo. Sua celência aroveita o feriado, vem à terra e faz um discurso para os magalas ali em sentido, ao sol, a desidratar.
Mas sempre é melhor que uma gasolieira.
Ainda procurei ali um rego directamente ligado à ria para passarem os submarinos do Portas, mas não vi nada. Ah... ainda não vieram da Alemanha...
Mesmo assim, eu que sou um bocadinho céptico e às vezes mesmo pirrónico não estou la muito convencido dessa coisa do 10 de Junho e das paradas militares.
Então não se está mesmo a ver que isto é a FarmVille farense.
Em tamanho real.

Até as crianças percebem!
Nota: Com tudo isto não está ainda afastada a possibilidade de nascer ali uma bomba de gasolina, o que é uma lamentável opção para a entrada da cidade. Vamos ver.



17 de maio de 2010

Realmente...

Vamos lá ver se alguém adivinha quem foi o real idiota que desovou estas pérolas.

Considera que o país está mais preocupado com as causas fracturantes do que com a realidade?
Claro! Tornar obrigatório o ensino da educação sexual resume-se a dizer: forniquem à vontade, divirtam-se, façam o que quiserem mas com higiene. Praticamente é só isso, em vez de dar referências éticas e morais em relação ao desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Ao mesmo tempo, desencorajam-se as aulas de educação moral e estamos a dizer que a moral não tem importância, que só a sexualidade livre é fundamental para a felicidade dos portugueses.

Há questões, como o divórcio, que na Monarquia seriam impossíveis!
Hoje em dia é mais fácil despedir a mulher ou o marido do que um funcionário de uma empresa. Ora, a estabilidade de um emprego não é mais importante do que a estabilidade da família.

A questão do aborto também?
A lei do aborto livre é para muitos uma lei que escraviza as mulheres porque hoje ela pode ser obrigada a abortar pelos patrões, amantes e pais. Esta é a situação de muitas mulheres, pois é raro que queiram abortar por vontade própria. Esta lei, que as escraviza, é ultraliberal e ultracapitalista e não percebo como é que a esquerda em Portugal apoia isto.

Uma esquerda que também apoia o casamento homossexual...
Esse é um problema mais complicado porque há uma confusão entre o direito a viver junto, a ter alguns benefícios fiscais, a ter certo reconhecimento legal para pessoas que querem partilhar a sua vida e que muitas vezes até podem ser duas velhas amigas, vizinhas ou irmãos. A legislação sobre o casamento tem basicamente o objectivo de proteger as crianças e creio que não se devia confundir o casamento como unidade que pode produzir uma futura geração, educá-la e ter responsabilidades nela, com as uniões de facto que podem ser aquelas que interessam aos homossexuais. Dizia alguém – a brincar claro – que hoje os padres e os homossexuais é que se querem casar, os outros preferem as uniões de facto porque dão-lhes menos responsabilidades.


Não não foi o Cavaco. Esse apenas veio explicar ao papa que estava de mãos atadas e não tinha outro remédio que não promulgar a lei que permite que pessoas do mesmo sexo possam casar. Não disse, mas a gente percebeu que continua homofóbico graças a deus e à virgem santíssima.

13 de maio de 2010

Papanços e papalvos

A RTP, televisão pública continua a espremer Fátima. É a Fátima Campos Ferreira que já deve estar estar na fila para a próxima época de beatificação a fazer desfilar todos os beneméritos do amor ao próximo. As outras televisões já retomaram as suas programações e a RTP continua na sua missão apostólica. É caso para dizer que é mais papista que o papa.
A TSF também fez a sua emissão pastoral a partir de Fátima logo desde manhã cedo. Ainda ouvi uns comentadores a falar da dor e do sofrimento e de um deus que é bom e se não fosse deveríamos ser ateus. Uma freira aproveita para desancar no Saramago e eu a pensar que esta gente ou não lê a bíblia ou tem uma visão muito selectiva e quanto mais o ouço mais me espanto como é que gente que considero inteligente acredita nestas histórias. As histórias que se contam sobre um suposto deus e que são objecto de fé, negam-se a si próprias.
Então meu caro Anselmo Borges, estará lembrado do sacrifício que o deus da bíblia (suponho que é o mesmo de que falava) pediu a Abraão? Para ser coerente, deveria engolir as suas palavras e declarar-se ateu.

O apóstolo Cavaco acaba de dar mais um ar de labreguice presidencial, na RTP N (18:35). O ar com que conta como o papa até foi capaz de repetir o nome dos netos... Sinceramente!... Logo a seguir vem o testemunho de uma cura milagrosa da virgem maria. Nem sei para que é que ainda gastamos dinheiro no Serviço Nacional de Saúde. Deve ser porque o sistema divino dos milagres também tem as suas falhas que como se sabe começou logo por deixar morrer (negligência?) dois dos pastorinhos que dizem ter visto a aparição em Fátima.
Mas parece que somos poucos a dar por isso.

12 de maio de 2010

Quem semeia bento... um dia destes bai ber se chobe

Ouvir os discursos de Cavaco ao papa tratando-o por sua santidade e por santo padre, ainda por cima dizer que fala em nome de todos os portugueses dá-me vómitos. Aliás, em todo este processo, Cavaco não se tem comportado minimamente como chefe do Estado português, mas apenas como um vulgar chefe de família temente a deus e à virgem santíssima que recebe o papa como se estivesse em sua casa e chama os parentes mais próximos para virem cumprimentar o papa. Um nojo. Não me lembro de alguma vez olhar para este sujeito e ver nele o presidente de todos os portugueses. A mim, só me faz sentir vergonha. Pode ser que isso agrade e seja ao jeito da maioria dos portugueses, mas não passa a ser ético por isso. Ainda há dias foi à República Checa e ouviu o que outro quis dizer e amochou. Agora com o papa comportou-se como submisso sacristão. O homem tem demonstrado que não tem jeito nenhum para o cargo. Um verdadeiro lèche-bottes (ia escrevendo culs, mas até isso exigiria mais elevação) não pode ser chefe de um estado soberano.

Sócrates também foi à missa e hoje reuniu-se com o papa. Também lhe estou com tremendo asco, mas isso são contas de outro rosário (vejam como estou contaminado por esta overdose católica!) Ouvi Sócrates à saída do encontro com o papa e de facto não tem nada a ver com o comportamento de Cavaco. Teve uma pequena hesitação, mas tratou o papa por "sua eminência", foi respeitador e protocolar. Este contraste ainda me faz sentir mais a completa inadequação do comportamento de Cavaco.
O papa bem o podia levar para o vaticano. O homem farta-se de dizer que sabe de economia e isso deve fazer jeito ao Vaticano, embora eu não tenha grande fé nisso. Lembrei-me que se se aplicar à economia o que Abel Salazar dizia da medicina ("médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe") a coisa fica difícil. Por outro lado, também não há qualquer evidência de que os conhecimentos de economia de Cavaco tenham servido para alguma coisa. Bom, temos aquele bom desempenho ao nível da economia doméstica com as acções do BPN ou da SLN, mas aí também eu teria feito boa figura...
O homem dos tabús continua em campanha e um dia destes vem aqui a esta paróquia inaugurar o cavacódromo, mas sobre isso há-de haver outro escrito com bonecos e tudo.



Só por curiosidade, no Priberam, dicionário online, a palavra do dia é:
mirmecófago (grego múrmeks - ekos, formiga+ -fago) adj. Que se alimenta de formigas. = FORMICÍVORO. Ou seja, PAPA formigas.

11 de maio de 2010

O Tony Carreira faria o mesmo mais barato

Cheguei a casa e ligo a televisão que abre na RTP N (parece que qualquer um que fosse) e e stá a dar (é o que está a dar) a transmissão directa do terreiro do passo. A locutora diz que faltam 21 minutos para a eucaristia (de vida) celebrada pelo papa. A câmara percorre em panorâmica a primeira fila e tenho a impressão que lá estão as mesmas caras que estavam no concerto do Tony Carreira, no pavilhão Atlântico, ou no Campo Pequeno... já não me lembro.
Ontem alguém fazia as contas e dizia que se contabilizava em 75 milhões os custos observáveis desta visita papal. Não se incluem aqui os prejuízos das tolerâncias de ponto e do estado de sítio de meia cidade de Lisboa.
Eu sei que as pessoas precisam disto, mas não abusemos. Esta semana já houve a vitória do Benfica com 48 horas de festejos e recepção oficial na Câmara de Lisboa. Foram milhares e milhares de pessoas em celebração até de madrugada, incluindo inúmeras crianças em idade escolar e não houve sequer um dia de tolerância para os benfiquistas de alma e coração.
Isto prova que as pessoas, quando animadas pela fé não precisam de feriados nem tolerância de ponto e até são capazes de pagar para estar junto dos seus ídolos.
É bem verdade que a malta do futebol também gasta muito em segurança
e em cada jogo jogam cerca de trinta polícias por cada futebolista e que ao fim de um ano isso custa-nos um ror de dinheiro.
O Cavaco trata o papa por santo padre e diz que fala em nome de todo o povo português...
Estou a ver que de Portugal se pode dizer que é tanto um estado laico, como do vaticano que é um estado pedófilo.

Esta visita junta o delírio místico com a paranoia securitária. Para além do ridículo de que ninguém se parece importar.

Cenas dos próximos capítulos...

Cavaco recebeu a brigada do reumático.
Ex-ministros das finanças, orgulhosos do trabalho que fizeram por este país foram visitar Cavaco Silva que se encontra temporariamente no palácio de Belém no intervalo de duas acções de campanha para a sua reeleição e antes do seu trabalho temporário de salamalequear o papa que protege pedófilos.
Gostei de ver a brigada do reumático em romaria com direito a uma declaração à porta, a dizer não sei bem o quê, mas que era mais ou menos o mesmo que o Cavaco diz que já tinha dito há tempos e com ar de que todos ainda se lembram muito bem do que é a economia. Gostei. Fez-me lembrar outra visita mais antiga... O que se vai seguir?
Alguém vai cair da cadeira?

9 de maio de 2010

Pontuacções

Vem aí o papa, meninos!




Nota posterior:
O título desta posta não contém nenhum erro ortográfico. Aquela palavra não existe, acho. Será um neologismo que funde duas ideias numa só palavra (o Mia Couto é mestre nesta arte) e é nessa dupla leitura que a ironia se descodifica.
Voltei a pensar nisso e constatei que se já todos usássemos o acordo ortográfico e nos tivessemos esquecido do antigo português de Portugal essa leitura não seria possível.
De qualquer forma, apesar de achar que este acordo não era necessário, não sou dos que juram que lhe vão resistir até à morte, até porque isso será inútil . Aprendi a ler antes de 1963 e lembro-me que havia palavras que o meu pai escrevia de maneira diferente (escrevia à antiga) e passados uns anos foi assimilando as alterações ortográficas.

1 de maio de 2010

Viva o 1º de Maio

Acácias do meu bairro.

O 1º de Maio é dia do Trabalhador. Dia de luta e dia de festa. Também ligado a memórias tristes. Luto. Às vezes o sentido da vida parece pôr os ponteiros a rodar ao contrário e o que deveriam ser referências para o nosso viver colectivo perdem-se em residuais rituais folclóricos.
Quando vim para este sul, há trinta anos encontrei dois dias distintos e também misturados.
Dia de Maio: dia de "atacar o Maio" logo de manhã com um bom medronho; dia de ir para o campo comer panelões de caracóis a cheirar a orégãos; da "festa da pinha", das "abarcas", da entrada com archotes na aldeia de Estoi ao anoitecer, dos "maios" à beira da estrada...
O Primeiro de Maio: dia da festa sindical; dia das bandeiras vermelhas, dos discursos, das canções da memória revolucionária e de outras que se quiseram ligar a essa memória...
São festas populares. Já participei nas duas. A primeira acaba por ser a mais pagã mesmo que inclua missa na igreja matriz.
Dia de luta e dia de festa. Há muitas razões para lutar e a gente gosta mais de festa. Que fazer, Lenine?
Eu cá para mim era capaz de aderir a uma teoria absolutamente revolucionária, capaz de derrotar a actual deriva capitalista selvagem e louca.
Vamos vencê-los pela festa!

23 de abril de 2010

Um dispositivo tecnológico impressionante



Video sugerido por mail pelo meu amigo L. Moreira a quem deixo um abraço

Interessante peça de marketink que ilustra como as palavras não se deixam aprisionar.
Muito apropriado para este dia.

11 de abril de 2010

Quando falaste...

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Mas voámos todos um pouco e de repente toda a Serra era uma imensa escola verde e o Sado o recreio e a Pedra Anicha uma sala de aula frente ao Portinho ou era mesmo só a Pedra Anicha sobrevoada por gaivotas que éramos nós todos.
Por um tempo deixaste de ser a rapariga dos brincos de pérola e tornaste-te no poeta professor e toda aquela sala voou num caminho por ele fora sem tempo nem asas/almas encarceradas. Ficámos todos meninos a aprender e até o "Fosco" rabino desta vez ficou até ao fim.

Sessão comemorativa do nascimento de Sebastião da Gama, ontem em VN de Azeitão, no museu que tem o seu nome.

Melhor ainda é ler-te na primeira pessoa.
Singular.


Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu em Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, em 10 de Abril de 1924, e faleceu em Lisboa em 1952


"Encarcerar a asa é encarcerar a alma. Isso sim. É que há muita asa que não pensa; asas que não sintam é que não.Mas eu não preciso do símbolo para ver os pássaros na gaiola. Basta-me ser fraterno. Para que vivemos no mundo há tanto tempo, se não sabemos ainda que os bichos são criaturas com alma?... Até os das fábulas, quando calha... Ora pensem lá um bocadinho no " Leão Moribundo"... É um leão mesmo, ou é principalmente um leão. Quantas vezes se esquecem os fabulistas de que era de homens que queriam falar!
Asa encarcerada não. Nem asa de pássaro nem asa de grilo. Uma fê-la o Senhor e disse-lhe: " Voa!" À outra: " Canta!" A nenhuma ( nem a nós deu a ordem, claro está) que se metesse numa gaiola. No entanto é a gaiola o domicílio habitual muito habitual do pássaro e do grilo. Ao grilo prendem-no as crianças, sob o sorriso dos pais. Ao pássaro os pais sob o sorriso dos filhos. Má escola esta. Principalmente porque se diz: "Que bem que canta!, Que bem que canta!". Nem se chega a aprender a diferença que vai do canto ao choro. Pois um pássaro encarcerado canta lá?!... Os pássaros cantam é nas linhas do telefone, nas árvores, nas beiras do telhado... Os grilos é na toca ou ao pé da serralha. Na gaiola choram. É o fado dos ferros."

Sebastião da Gama (1947). O segredo é amar



3 de abril de 2010

Reflexão PazCalma

Não perceberam que não podiam exigir que a lei contemple a prisão das mulheres que abortam ao mesmo tempo que os seus crimes se resolviam com meia dúzia de ave-marias e uma oportuna mudança de paróquia. (in Jumento)

Ora aqui o esencial da questão. A igreja católica não é má porque alguns dos seus membros são maus e cometem crimes. É má quando protege os criminosos e permite que persistam nos seus crimes noutro local. Impunemente. É socialmente iníqua quando é uma força de pressão organizada sobre a regulamentação da sociedade laica e depois se furta ela própria às leis dessa sociedade.
Neste tempo de festas católicas (na verdade roubadas ao calendário de tradições pagãs) a igreja tem tido um tempo de antena gratuito que só rivaliza com os grandes clubes de futebol. Neste tempo em que continuam a vir à luz mais notícias sobre os abusos sexuais cometidos por padres, que têm feito os mais destacados membros desta organização? Contrição? Penitência? Arrependimento? Pedir desculpa às vítimas? Entregar os acusados à justiça? Nada disso. Antes, salvo raras excepções, têm sido unânimes na desculpabilização, no silêncio e até, pasme-se, na vitimização de uma campanha semelhante à anti-semita (não percebi se à dos nazis com quem pactuaram durante décadas se à sua própria perseguição e matança de judeus que sempre acusaram da morte de um alegado Jesus). Considero isto é um verdadeiro insulto à humanidade, incluindo os crentes cristãos.

Também por estes dias, e ainda nos domínios da fé religiosa, horrorizamos com os atentados de Moscovo e sabemos que pelo menos uma jovem de 17 anos se fez explodir espalhando a morte à sua volta. São as chamadas "viúvas negras" instrumentalizadas por um qualquer líder político-espiritual. Não se compreende como em nome da fé se pode causar a morte e o sofrimento de inocentes, mas a história das religiões, está cheia de episódios destes.

Um libanês muçulmano vai em perigrinação a Meca (obrigação religiosa islâmica para todos fazerem pelo menos uma vez na vida) é preso, acusado de bruxaria, julgado e condenado à morte por decapitação em público. Isto na Arábia Saudita, país que integra a Organização das Nações Unidas desde 1945.

Eu que me concebo como ateu, atinente a uma enorme curiosidade transdisciplinar, iconoclasta dos quatro costados, não consigo parar de me interrogar e inquietar sobre estes acontecimentos. Espanta-me que toda a gente inteligente não o faça. Como é possível que em nome de uma convicção íntima num suposto deus que apelidam de bom, de amor ao próximo, que pode tudo e mais alguma coisa e ainda lhe sobra tempo porque é infinito e por aí fora, se espalhe tanta morte e sofrimento no mundo?
Devem ser mesmo os mistérios da fé...

22 de março de 2010

Água (se)benta

Um documento secreto do Vaticano, elaborado pelo então cardeal Joseph Ratzinger, o actual Papa, terá sido utilizado durante 20 anos para instruir os bispos católicos sobre a melhor forma de ocultar e evitar acusações judiciais em caso de crimes sexuais contra crianças.(...) o documento de 39 páginas, escrito em latim em 1962 e distribuído pelos bispos católicos de todo o mundo, impõe um pacto de silêncio entre a vítima menor, o padre que é acusado do crime e quaisquer testemunhas ou pessoas a par do ocorrido. Quem quebrasse esse pacto seria excomungado pela Igreja Católica.

Tem sido notícia o pedido de desculpa do papa Ratzinger às vítimas de abusos sexuais por parte de padres católicos. Para muita gente isso constitui uma boa acção e um sinal de que este papa provoca uma mudança com o que tem sido a prática da hierarquia católica face à pedofilia e abusos sexuais a que têm sido sujeitas inúmeras crianças colocadas à guarda de instituições dessa igreja ou à confiança dos padres. Contudo, o que se sabe hoje dá razões para pensar que estamos em presença de mais uma tentativa de branqueamento do crime continuado de um grande número de padres, como ainda, e talvez isso seja o mais relevante, da cumplicidade e protecção da organização ao mais alto nível, ou seja, o próprio Ratzinger.
Os abusos sexuais de menores não são, infelizmente, uma prática exclusiva da igreja católica. É verdade que noutro tipo de organizações, do Estado incluídas, tem acontecido e tem movido a cumplicidade de muitos responsáveis na sua ocultação e obstrução à justiça. O que aconteceu na Casa Pia é um exemplo em cujo julgamento ficam de fora todos os responsáveis que durante décadas, tendo conhecimento se calaram, com o objectivo de proteger a instituição. O mesmo faz a igreja católica. Em todas as situações, isso não diminui o crime. Acrescenta-o.
Acho que no caso da Casa Pia, deviam estar em julgamento todos os responsáveis que no exercício dos seus mandatos silenciaram os crimes e no caso da igreja católica, o mesmo.
O estado do Vaticano continua a ocultar padres americanos acusados de crimes sexuais, numa espécie de asilo político, que os impede de serem julgados nos Estados Unidos.
E o papa continua a atirar água benta para os olhos do mundo.

18 de março de 2010

"Então porque não voas?...

... Então tu olhaste, depois sorriste..."
E eu a misturar canções do Sérgio, com memórias de noites passadas e depois chego e leio-te e a tua escrita também me parece uma canção. A várias vozes. Polifonia sem fronteiras quando se é fronteira aberta para todos os pólos.
Um passeio de bicicleta... À beira ria. Que bom se ria.

O Sérgio já não canta como cantava, mas continua a surprender na forma como se liga a músicos jovens e veste de novas linguagens velhas cantigas. Ouvir e cantar hoje que "só há liberdade a sério quando houver: a paz, o pão, habitação, saúde, educação" também ganha novos sentidos. Não é só nostalgia e revivalismo.

Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
Espalhem a notícia do que é quente
e se parece
com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

10 de março de 2010

Coisas da escola

Há dois meses vim (regressei) para a minha escola e à vida docente de que estive afastado tempo demais. Utilizo este período de dispensa de actividade lectiva para integração, actualização e socialização com os diferentes actores desta cena.
Tenho partilhado com um colega um gabinete acanhado, com uma janela onde não bate o sol que dá para um páteo relvado com alguns choupos limitado pela parede do edifício do auditório que trava a vista logo ali.
Hoje mudei para outro gabinete, virado para o sol e para a água.



Mesmo com longos períodos de contemplação, a tarde foi mais produtiva que muitos dias inteiros. Se calhar foi porque fiquei até mais tarde embalado pelo cair do sol.




8 de março de 2010

Mulher


Para mim, são todos os dias.

2 de março de 2010

Eu até sei o verdadeiro nome do Miguel Torga

Se quiseres eu digo-te, ó PPM e amanhã fazes mais uma manchete na primeira página.
O jornali põe hoje na primeira página uma grande revelação (já me fugia a verve para a sarjeta onde anda muito jornalista a beber e ia escrever refelação, porque a coisa parece mesmo encomendada e o "jornalista" não se fez rogado) mercê de uma laboriosa investigação que o caso não é para menos. Um autor de blogue que frequento diariamente há alguns anos que a Judiciária e a Interpol já tinham desistido de encontrar é finalmente descoberto. Boa!
Em resumo, este Paulo do i veio dizer na primeira página do jornal (é jornal?) uma coisa que uma data de gente sabe e que não interessa à maioria, é despropositada porque foi notícia há quase dois anos e ainda por cima erra nos factos, lança insinuações obscuras e apesar de ter contactado o visado, não usa o contraditório. O jornali acolhe um verme destes e pode ser que o papel que vendeu hoje seja pago com juros nas futuras tiragens. A não ser que passe a revelar em cada dia quem esteve por detrás dos heterónimos de Fernando Pessoa, porque parece que ainda há uns quantos portugueses que não sabem.
A mim só me apetece gozar com esta canalhice, mas o assunto é sério porque surge dentro de um caldo de bufaria pidesca de que poucos na comunicação social escapam. Acham que vale tudo para quem tem o poder de colocar todo o tipo de informação na rua. Estamos na devassa completa ao serviço de um clima de golpe de estado. E ainda reclamam que há atropelos à liberdade de expressão! Isto não tem nada a ver com liberdade de expressão é pura infâmia, banditismo e falta de um pingo de vergonha na cara.
O Jumento é um pseudómino de alguém que optou por não expor o seu verdadeiro nome. Muita gente o tem feito e continua a fazer, não porque tenham medo de dar a cara ou se queiram esconder atrás de um anonimato para fazer o que nunca fariam de cara descoberta. O Jumento é claramente um caso destes e conseguiu um lugar de respeito na blogosfera portuguesa, o que não significa que não erre (às vezes o português não é do melhor e comete erros imperdoáveis), mas também já errar e depois assumir o erro e repor a verdade. Mesmo que não esteja de acordo com alguma das suas posições, aplaudo sem hesitações a coerência, o espírito crítico, a independência nos juízos que faz, a honestidade intelectual, características que gostaria de ver nos jornais escritos e falados que ainda por cima pago para ler e ouvir.

Acho verdadeiramente que ao i sai o tiro pela culatra e espero que "jornalistas" destes acabem a lavar escadas (exteriores, porque ninguém lhes confiará a chave para entrar em casa) e jornais assim que por opção (ou sobrevivência, sei lá...) passam à categoria de pasquim, nem para embrulhar castanhas. O Jumento nem sequer precisa dessa publicidade. Deve ser mais lido que o i.


Aqui só para nós PPM, já descobriste o verdadeiro nome do autor da Pedra Filosofal?
Se precisares de ajuda, já sabes...

25 de fevereiro de 2010

Mais um pastor tresmalhado




Aqueles que andam por aí pegados a vender virtudes e a querer impor aos outros os seus modelos de família e outras tolices deviam olhar mais para dentro do redil. Com pastores destes, não há rebanho que aguente.

Mas ao menos este parece que não abusava das crianças postas à sua guarda, Foi só do dinheiro dos paroquianos. Coitados.
E lembrarmo-nos de que há 25 anos quando estreou o filme de Jean-Luc Godart houve manifestações à porta dos cinemas e boicotes e uma verdadeira guerra santa a mobilizar os católicos. O vaticano reuniu-se em concílio e emitiu uma ordem que os governos de alguns países acataram. Não podendo proibir o filme, deveria ser publicitada a menção: "Atinge profundamente os sentimentos religiosos dos fiéis - Papa João Paulo II". E aquilo era só um flme e era preciso comprar bilhete para ver...

Achados por aí

Duas curiosidades religiosas encontradas em sites onde fui dar levado nas ondas.
A primeira contraria uma suposição minha. Apesar de não ser crente até acreditava que a fé salvava, que era tranquilizadora e que as pessoas com fé viveriam mais tranquilas. Parece que não é assim, pelo menos a fazer fé num estudo recente nos EUA: quanto mais religioso é um estado tanto maior o número de ocorrências relacionadas com comportamentos imorais, suicidários ou criminosos.




via Random Precision





A outra curiosidade é para mim mais óbvia.
Uma espécie de decálogo (palavra escorregadia para um disléxico) para um cristão inabalável.


This has been going around the Internet for a while, but is worth reading again. (Especially for you Christians.)
10- You vigorously deny the existence of thousands of gods claimed by other religions, but feel outraged when someone denies the existence of your god.
9- You feel insulted and ‘dehumanized’ when scientists say that people evolved from lesser life forms, but you have no problem with the Biblical claim that we were created from dirt.
8- You laugh at polytheists, but you have no problem believing in a Trinity god.
7- Your face turns purple when you hear of the ‘atrocities’ attributed to Allah, but you don’t even flinch when hearing about how God/Jehovah slaughtered all the babies of Egypt in ‘Exodus’ and ordered theelimination of entire ethnic groups in ‘Joshua’—including women, children, and animals!
6- You laugh at Hindu beliefs that deify humans, and Greek claims about god sleeping with women, but you have no problem believing that the Holy Spirit impregnated Mary, who then gave birth to a man-god whogot killed, came back to life and then ascended into the sky.
5- You are willing to spend your life looking for little loop-holes in the scientifically established age of the Earth (4.55 billion years), but you findnothing wrong with believing dates recorded by pre-historic tribesmen sitting in their tents and guessing that the Earth is a couple of generationsold!
4- You believe that the entire population of this planet wi th the exception of those who share your beliefs—though excluding those in all rivalsects—will spend Eternity in an infinite Hell of Suffering. And yet you consider your religion the most ‘tolerant’ and ‘loving’.
3- While modern science, history, geology, biology, and physics have failed to convince you otherwise, some idiot rolling around on the floor, speaking in ‘tongues,’ may be all the evidence you need.
2- You define 0.01% as a “high success rate” when it comes to answered prayers. You consider that to be evidence that prayer works. And you think that the remaining 99.99% FAILURE was simply the will of God.
1- You actually know a lot less than many Atheists and Agnostics do about the Bible, Christianity, and church history—but still call yourself a “Christian.”

Read more: http://attuworld.com/celebrity/what-do-you-think-top-ten-signs-that-you-are-an-unquestioning-christian.html#more-33024#ixzz0gVHAwShG


24 de fevereiro de 2010

Não tem de tudo mas quase


Ora aqui está uma coisa muito boa. Portuguesa, concerteza. E gratuita.
Pordata, tem dados que se farta!
Aplausos

21 de fevereiro de 2010

Ouvido há pouco no Câmara Clara.
A poesia é o antídoto da imbecilidade.
Às vezes, imbecilmente, esqueço-me disto.

Um contraste luminoso.


tudo no teu sorriso diz
que só te falta um pretexto
para seres feliz

uma querela talvez chegasse
ou um pequeno pastor que passasse
na estrada, com suas ovelhas
um riso, um pormenor
que no momento se pousasse
e o tornasse melhor

eu
vou pensando em coisas velhas-sem sombra de desdém!
-na vida
naquele lampejo fugace
que o teu sorriso já não tem
e que é do passado
porque a nossa grande sabedoria
não soube tratar ente tão delicado
e declina, o dia
o pequeno pastor já não vem

mário cesariny

posto isto...

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13 de fevereiro de 2010

Sob o signo do mar

O país está mesmo bom para esta imensa praia em forma de blogue.
Primeiro foi o cavaco, crustáceo muito apreciado que faz parte da ementa obrigatória de muitas paróquias. Um seu amigo dirá que quem nasce para cavaco nunca chega a lagosta.
O próprio cavaco criou uma ferreira que acabou por não resistir às grelhas da educação e ficou o caldo entornado, ou seja, leite derramado.
Depois passou por aqui um cherne, mas foi sol de pouca dura e foi para conserva enlatado com couves de bruxelas.
Agora temos polvo a todas as refeições e pelo andar das marés ainda vão correr muitos chocos com tinta.
Já uma certa jornalista que por aí se aloira lembra-me mais a taínha, ou a liça como também se diz por aqui. Sobrevive à babugem ali à saída dos esgotos da justiça.
E até eu às vezes gosto de me armar em carapau de corridas. Mas depois passa.
É um país abençoado por neptuno.

Pelo que tenho visto, há por aí muita gente a preparar uma nova ordem estupidológica em que tudo irá funcionar da melhor maneira.
Acabam-se finalmente as hesitações sobre a regionalização. O pais será dividido em três sadrapias, cada uma governada por uma SAD: a do Benfica, a do Sporting e a do FCP.
A justiça que toda a gente sabe que não funciona, tirando aquela parte de passar segredos aos jornais, vai ficar uma maravilha com meia dúzia de comarcas: a comarca TVI, a comarca SOL, a comarca Público, a comarca Expresso, e por i fora.
Ainda não confirmei esta informação, mas tudo indica que o presidente da república será substituído pela senhora de fátima, o parlamento pela conferência episcopal e o governo pelo coro infantil da santa casa da mesericórdia.
E cumprir-se-á Portugal com a graça de deus.

12 de fevereiro de 2010

Escutas

Volta Reich. Estás reabilitado.

Ver aqui link para texto integral.

Chamam-te “Zé Ninguém!” “Homem Comum” e, ao que dizem, começou a tua era, a “Era do Homem Comum”. Mas não és tu que o dizes, Zé Ninguém, são eles, os vice-presidentes das grandes nações, os importantes dirigentes do proletariado, os filhos da burguesia arrependidos, os homens de Estado e os filósofos. Dão-te o futuro, mas não te perguntam pelo passado.
Tu és herdeiro de um passado terrível. A tua herança queima-te as mãos, e sou eu que to digo. A verdade é que todo o médico, sapateiro, mecânico ou educador que queira trabalhar e ganhar o seu pão deve conhecer as suas limitações. Há algumas décadas, tu, Zé Ninguém, começaste a penetrar no governo da Terra. O futuro.da raça humana depende, à partir de agora, da maneira como pensas e ages. Porém, nem os teus mestres nem os teus senhores te dizem como realmente pensas e és, ninguém ousa dirigir-te a única crítica que te podia tornar apto a ser inabalável senhor dos teus destinos. És “livre” apenas num sentido: livre da educação que te permitiria conduzires a tua vida como te aprouvesse, acima da autocrítica.
Nunca te ouvi queixar: “Vocês promovem-me a futuro senhor de mim próprio e do meu mundo, mas não me dizem como fazê-lo e não me apontam erros no que penso e faço”.
Deixas que os homens no poder o assumam em teu nome. Mas tu mesmo nada dizes. Conferes aos homens que detêm o poder, quando não o conferes a importantes mal intencionados, mais poder ainda para te representarem. E só demasiado tarde reconheces que te enganaram uma vez mais.

(...)

Diferes dos grandes homens que verdadeiramente o são apenas num ponto: todo o grande homem foi outrora um Zé Ninguém que desenvolveu apenas uma outra qualidade: a de reconhecer as áreas em que havia limitações e estreiteza no seu modo de pensar e agir. Através de qualquer tarefa que o apaixonasse, aprendeu a sentir cada vez melhor aquilo em que a sua pequenez e mediocridade ameaçavam a sua felicidade. O grande homem é, pois, aquele que reconhece quando e em que é pequeno. O homem pequeno é aquele que não reconhece a sua pequenez e teme reconhecê-la; que procura mascarar a sua tacanhez e estreiteza de vistas com ilusões de força e grandeza, força e grandeza alheias. Que se orgulha dos seus grandes generais, mas não de si próprio. Que admira as idéias que não teve, mas nunca as que teve. Que acredita mais arraigadamente nas coisas que menos entende, e que não acredita no que quer que lhe pareça fácil de assimilar.
(...)


Os teus libertadores garantem-te que os teus opressores se chamam Guilherme, Nicolau, papa Gregório XXVIII, Morgan, Krupp e Ford. E que os teus libertadores se chamam Mussolini, Napoleão, Hitler e Stalin.
Mas eu afirmo: Só tu podes libertar-te.

(...)

Intelectualmente, sei que devo dizer a verdade a todo o custo. Mas o Zé Ninguém que se alberga em. mim adverte-me: estúpido, expores-te, entregares-te, ao Zé Ninguém. O Zé Ninguém não está interessado em ouvir a verdade acerca de si próprio. Não deseja assumir a grande responsabilidade que lhe cabe, quer queira quer não. Quer permanecer o que é ou, quando muito, tornar-se num desses grandes homens medíocres – ser rico, chefe de um partido, da Associação dos Veteranos de Guerra ou secretário da Sociedade de Promoção da Moral Pública. Mas assumir a responsabilidade do seu trabalho, alimentação, alojamento, Transportes, educação, investigação, administração pública, exploração mineira, isso nunca.
(...)


É por isso que eu tenho medo de ti, Zé Ninguém, um medo sem limites. Porque é de ti que depende o futuro da humanidade. E tenho medo de ti, porque não existe nada a que mais fujas do que a encarar-te a ti próprio.


E a declaração que hoje também me apetece fazer ao mundo:

Faço amor com a minha mulher porque a amo e a desejo e não porque tenha um certificado de casamento ou para satisfazer as minhas necessidades sexuais.

E se for mal?


Podia chamar-se Agilulfo* na sua armadura branca, sempre brilhante com duraglit, a correr de um lado para o outro, para proteger as donzelas em risco de violação do estado de direito.
Ainda hoje uma donzela moura se queixava de tanta censura que tem apanhado e um juíz que deve ser seu primo erguia com uma das mãos e agitava o interesse público enquanto com a outra, qual Camões salvando os Lusíadas, tentava manter-se à tona. O Miguel ainda lhe deu uns carolos, mas isso não o afectou muito.
Mas o Agilulfo range lá na ferrugem interior do elmo donde saem vaporosas teorias políticas como humores fantasmáticos. O estado de direito é apenas formal, diz ele. Mas podemos dormir descansados porque ele, desdizendo tudo o que tão convictamente afirmara, deixa todas as mordomias europeias para nos salvar. Ainda bem que é só isso e não se lembrou de se sacrificar, não na cruz, mas numa daquelas setas do PSD.
Pois o Agilulfo também é um ser formal. É-o na aparência. Assim por fora, parece mesmo um ser vivo, vagamente humano. Mas por dentro, completamente vazio.

Continuo a achar que anda por aí tudo doido. Ou sou eu?


*personagem do romance de Italo Calvino, O cavaleiro inexistente.

11 de fevereiro de 2010

Liberdade de expressão

É a expressão que mais tenho ouvido nos últimos dias. E isto, só por si prova que existe.
Houve tempos em que apenas para o referir era preciso olhar para os lados e baixar a voz;qualquer notícia, peça de teatro, canção, filme tinha que passar pelo crivo e pelo lápis da censura; as tipografias eram invadidas e os livros, ainda em impressão eram apreendidos e os seus autores presos; dois namorados podiam ser detidos para averiguações e depois multados por se beijarem num banco de jardim...
Quem se queixa hoje de falta de liberdade de expressão, tem toda a liberdade para o fazer, como profusamente se tem visto, mas não pode deixar de expor o ridículo de uma imensa estupidez. É que há coisas que, apesar de toda a liberdade, ficariam bem melhor não serem expressas.
E isto tudo porquê? Porque o primeiro ministro não gosta do que alguns jornalistas dizem dele. Eu que não gosto lá grande coisa do primeiro ministro, menos gosto ainda da perseguição cerrada que se lhe faz. Não votei no PS, porque não é a minha escolha, positiva, em termos de opções gerais de políticas para o país, mas foi este partido o mais escolhido, com Sócrates à cabeça e aceito que governe, até porque não reconheço alternativa credível na esquerda e nem por nada a desejo à direita. Não só aceito como espero e exijo que governe o país com o seu programa, dentro das regras democráticas, prestando contas ao parlamento. Sempre que isso não aconteça, o combate político deve fazer-se e, se a coisa for grave, há instrumentos para fazer cair o governo e substituí-lo por outro (igualmente mau, digo eu).
Mas parece que não é nada disto que está em causa. Toda a oposição, numa estranha convergência, une-se para impor ao governo o seu programa (!) e governar o país de acordo com o que se aprova na Assembleia da República. Isto não é aceitável para governo nenhum, por muito que eu não goste dele. Não é honesto e eu que ajudei a eleger (desta vez, sim) deputados da oposição, não me sinto nada representado por gente desonesta. Se querem governar, é fácil: moção de censura ao governo e coligação oficial PSD+CDS+BE+PCP+PEV (lindo!) e temos um governo estável. Só tenho pena de não poder retirar o meu voto... mas fica para a próxima.

A expressão "ameaças ao estado de direito" é outra das que entrou no repeat mode dos telejornais e outras formas de expressão eruptiva dos paladinos da liberdade.
O Sócrates começa por mentir sobre o conhecimento da intenção da PT comprar a TVI, sabendo MFLeite que ele sabia "de certeza absoluta" (agora sabemos como é que ela sabia que ele sabia), mas afinal a PT não comprou a TVI e o negócio era outro e as "vítimas" acabam a facturar.
Não deixa de ter piada. Políticos a acusarem outros de mentir!
A pressão sobre os órgãos de comunicação social é coisa que existe por aí e nunca vi ninguém dos que acordaram agora denunciar isso. Cabe aos media saber resistir as essa pressões como cabe a qualquer presidente ou vereador de município resistir às pressões dos construtores civis e às vezes não o fazem, não porque não possam, mas porque daí retiram vantagens. Alguém nega que os "critérios editorias" escondem muitas vezes uma forma interna de censura, que a simples insinuação de retirada de publicidade institucional a órgãos de imprensa regionais constitui um condicionamento muito maior da liberdade de expressão que os negócios da TVI, com ou sem conhecimento ou mesmo por indicação do primeiro ministro. Tenham juízo.
À conta deste ruído vai passando incólume aquilo que considero uma verdadeira ameaça ao estado de direito. A aliança entre alguns coronéis da magistratura e uns tanto(a)s besuntoso(a)s jornalistas capazes de novas modalidades de golpe de estado insidioso, assim como um veneno dado gota-a-gota. Esse é o verdadeiro perigo para a democracia e o estado de direito.
O que mais me custa é ver a esquerda, alguns em quem votei, alinhar com este tipo de estratégias, nem que seja por omissão.

De qual idade?


Joana Amaral Dias acaba de publicar um livro que me parece interessante, apesar do título.
Por razões várias é um livro que vou ler (e depois logo opino sobre o título). Esta espécie de autópsia psicológica é uma técnica muito usada, por exemplo, nos estudos sobre o suicídio e aguardo com expectativa a análise dos testemunhos de perturbação mental deixados por estas figuras mais ou menos conhecidas da nossa história.
Paralelamente, não posso deixar de pensar em algumas figuras vivas e outros figurões da nossa praça, e nos comportamentos que exibem. Que resultado daria a sua passagem pelos filtros da psicopatologia?
É verdade que de são e de louco todos temos um pouco e, também estou em crer que a maioria daqueles a quem mais frequentemente se cola o rótulo da loucura são os que menos mal fazem ao mundo.

7 de fevereiro de 2010

Política de salários baixos

É o que dá esta política miserável de baixos salários:
A ETA vem montar fábricas de bombas em Portugal atraída pela mão-de-obra barata.

Princípio do chá

- Meu amor faz-me um príncipe.
-Sim, minha raínha.
- Estava a pensar num chá...

4 de fevereiro de 2010

Em favor dos pequenos e médios manifestantes


Hoje cruzei-me com uma manife. Eram os miúdos do básico e do secundário, para aí uns duzentos ou trezentos, de qualquer modo muito menos do que os que se costumam juntar nas sextas e sábados à noite na zona dos bares.
À cabeça da minife, um carro da polícia em marcha lenta. Os estudantes ocupavam ordeiramente uma das faixas de rodagem devidamente enquadrados por mais uns quantos polícias. Acho que se dirigiam para a Direcção Regional de Educação, mas seguramente seriam mais vistos pelos clientes e funcionários do Pingo Doce (é bem feito porque eles andam sempre a fazer publicidade a dizer: venha cá; e eles foram).
Pelo que ouvi nas notícias, manifestam-se contra as provas globais, o estatuto do aluno (não percebi bem o que está em causa) e exigem "aulas" de educação sexual. As razões até poderiam ser outras como "um ensino decente cá p'ra gente", ou mesmo "iPods à borla para todos", não é isso que interessa. O que interessa mesmo é uma manife a qualquer pretexto.
Entretanto li por aí nas notícias online e principalmente nos comentários que há quem ache que os miúdos nem sabem o que é que querem, que não querem é fazer nada, não ter exames e quais "aulas" de educação sexual se eles já sabem mais disso que os professores (as caixas de comentários são assim; quando as gente as abre tudo pode de lá sair) e se alguma coisa não está bem quem tem que se manifestar são os pais e não os filhos, porque são os pais que pagam e os sustentam.
Há também quem diga que a maior parte não sabe dizer o que está ali a fazer, o que me parece que é verdade. Mas também, ainda há pouco tempo quando os seus professores se andaram a manifestar porque não queriam avaliação, alguns entrevistados mostraram-se incapazes de expressar claramente o que pretendiam e o que ficou na imagem pública não terá sido muito abonatório.
Pois eu penso que fazem muito bem em manifestar-se, porque isso também faz parte da aprendizagem. Alguns vão esquecer-se disso depois, tal como fizeram muitos dos que ocupam hoje as cadeiras dos diferentes poderes, mas não faz mal. E, já agora, seria bom que a exigências fizessem algum sentido (é essa também uma das acusações que lhes fazem), mas até nisso estou com eles. Estão na idade em que faz todo o sentido fazerem coisas sem sentido, pelo menos para os adultos. O pessoal mais velho lembrar-se-á certamente da célebre palavra de ordem marcusiana Soyez réalistes, demandez l'impossible! (Sejam realistas, peçam o impossível!).
Estas manifestações não são isentas de risco, como, aliás, tudo na vida. É relativamente fácil transformar uma manife juvenil em carneiros de Panúrgio, mas até a evitar isso precisa de ser aprendido.
Adenda:
Lembrei-me de uma sugestão, uma ideia para novas lutas. Podem marcar já uma nova manifestação para uma luta que me parece justa e popular:
Substituir os exames nacionais por castings. Isso é que era sucesso escolar garantido.

2 de fevereiro de 2010

Memórias olfactivas

Azibo, 2009


Só de pensar


em ti



fica no ar


um intenso


cheiro


a moringa

Mar(io) enCresp(ad)o

Há coisas que me dão uma espécie de urticária (também lhe chamam brotoeja) e isto de um jornalista se tornar na principal notícia do dia diz muito sobre a ética comunicacional que é como quem diz se tocam no meu queijo eu faço-vos a folha.

Afinal o que é que se passou? Um amigo do Mário Crespo estava a almoçar no mesmo restaurante onde também almoçava o Sócrate e mais não-sei-quem e dois dos seus ministros. às tantas, e seguramente depois da terceira garrafa, da mesa do Sócrates e da do amigo do Crespo, as vozes, na primeira, começam a soltar-se e os ouvidos, na segunda, começam a apurar-se e é aí que o amigo do jornalista saca da caneta e regista ali, no próprio guardanapo entre duas manchas de Quinta do Cotto, para memória futura e, se necessário fazer prova em tribunal, o seguinte diálogo (ou monólogo, parece que foi só o Socrates a falar):
O almoço está porreiro, pá! Olha, e esta pomada também não é nada má... o que é isto?
Barca Velha, hum... pois. Se fosse o Portas pedia submarinos novos! Ah,ah, ah...
A propósito, vocês conhecem aquele jornalista que dava aulas lá na Independente? Aquele da SIC a quem tu telefonaste para te tratar por ministro e não te fazer perguntas difíceis. Sim, o Crespo. Esse tonto varrido e incapaz. Parece que tem umas coisas guardadas num armário que deixou lá na África do Sul. E escreve cá umas crónicas... Temos que arranjar uma solução para o gajo [faz o gesto de cortar o pescoço]. E mais não disse.

Também não havia guardanapo para mais.
Claro que o Mário Crespo ficou chateado. Eu também ficava.
E vai daí toca de escrever uma crónica em defesa da honra e do ataque ao Sócrates, agora com um bom pretexto. O gajo falou de mim ao almoço, já vai ver como é que elas lhe mordem!
Só que o director do JN achou que não devia publicar e, ai jasus, que vem aí a censura a mando do governo. E despediu-se do jornal.
Lembrei-me de uma crónica que o Crespo (às vezes encrespado, outras encrispado) escreveu cheio de insinuações sobre o Sócrates que, na altura achei um verdadeiro vómito. Chamava-se a coisa Façamos de conta que... Queria citá-la, mas não encontro o original. Mas pode ser lida, em transcrição aqui, acho que na totalidade.
Entretanto encontrei este post no Jugular de há quase um ano que dá uns belos mimos ao Crespo.
Quem me conhece, sabe que nunca votei no Sócrates, nem no PS. Mas quando um tipo se compara com a Manuela Moura Guedes para atacar o Sócrates e a seguir vejo o Louçã solidário com ele e dizendo basicamente o que toda a direita já tinha dito, confesso que até fico com vontade de votar no gajo.

Enfim. Acho que os jornalistas e os políticos estão bem uns para os outros. Não merecem o vinho que bebem!

Perder-lhes o conto, guardar-lhes o rasto


Delicioso ler-te assim na praia das gaivotas contadas a dois.

1 de fevereiro de 2010

Keep rolling


Ao ler esta notícia no i online não posso deixar de evocar toda uma era em que o excesso queria ser a regra. Uma boa parte daqueles que queria mudar o mundo acabaram calmamente assimilados. Outros, foram-se deixando apodrecer enquanto o capitalismo vencia em todas as frentes, a sociedade de consumo se estabelecia definitiva e pandémica e as guerras se multiplicavam. Pelo meio do sex, drugs and rock'n'roll passou uma verdadeira revolução musical ao longo dos últimos 50 anos (a par de muita pimbalhada magistralmente promovida pelo showbiz internacional, claro).

O título do i "É o fim do rock'n'roll. Keith Richards está sóbrio " é espantoso. Tem tanto de ironia como de iluminada provocação.

Não sei se é o fim do rock'n'roll, ou do que resta dele. E também não sei se acrescenta alguma coisa à música mais uma tournée mundial dos Stones. Mesmo que seja em versão clean.

Pois é. Nem sempre se pode ter o que se quer.

Mas podemos sempre fazer um esforço.


No, you can't always get what you want

You can't always get what you want

You can't always get what you want

And if you try sometime you find

You get what you need

Rolling Stones : You Can't Always Get What You Want Lyrics

Songwriters: Jagger, Mick; Richards, Keith;

16 de janeiro de 2010

Lima na trama

Nos tempos da Mata-Hari também havia escutas e consta que a famosa espia escutava para um lado e para o outro sem auxília de quaisquer MAE (meios auxiliares de escuta) como hoje tanto se usa. Constava ainda que a dita que parece que escutava deitada entre os lençóis e directamente enrolada nos escutados. Há quem afirme que a mulher usava uma faca na liga e que não hesitaria em usar se a coisa desse para o torto (não era bem essa coisa...), mas isso nunca ficou comprovado.
Pelo contrário, aquele que mora em Belém à espera de voltar a ser eleito Presidente da República para continuar a ser o personagem mais parecido com o Américo Thomás (com vantagem para este último que pouco falava e raramente aparecia) teima em mostrar a toda a gente que usa Lima na trama.
O que isto significa é:
O senhor Presidente manda dizer que ninguém fala por ele e, tal como eu, acha que o país devia preocupar-se (o presidente farta-se de fazer cara de preocupado, mas ninguém liga) com outras prioridades e não andar aqui com fé diveres, percebem seus fazedores de factos políticos?
Este Lima, quando sublima é sublime.
É tramado, não é?

sonhos sem legendas

Quando me namoras em inglês
só me lembro de
forever

13 de janeiro de 2010

Um horror

As imagens que nos chegam da tragédia do Haiti confrontam-nos com a precariedade da nossa existência. Não se imagina que isto possa acontecer, mesmo que a terra trema como há pouco tempo sucedeu aqui.
Depois, parece que são já os mais pobres os mais fustigados pelas catástrofes naturais.

9 de janeiro de 2010

Aprender em Festa

Almoço dos 20 anos do GAF


É uma verdadeira festa. São homens e mulheres e algumas crianças já aqui nascidas. Fazem todos a festa onde misturam saberes e sabores com que põem ânimo em cada acção.
Um caso a estudar. Em estudo.
A minha rapariga traz-me para dentro destes sonhos e trazemos ambos abraços quentes de amigos.

O António, o dr. António é a figura tutelar de uma utopia daquelas que pensamos que já não há. E depois quer saber de todos o que fazer para fazer futuro.
Só conseguimos ter uma resposta: "fazer meninas e meninos" que sejam bons, saudáveis e que aprendam a festa que é fazer o futuro. Que o façam em festa!

Grupo Aprender em Festa
Gouveia

8 de janeiro de 2010

Bom ano!

2010 é um ano tão redondo!
Eu até diria que é um bom ano para lançar sementes, cultivar desejos, abraçar projectos...

Elas adoram as séries da FoxLife que a Zon dá no pacote básico. O Meo deve ter tido umas reclamações e há uns tempos começou a anunciar que em Janeiro o Meo já teria os canais Fox. E assim foi. No dia de ano novo foi uma grande felicidade a dissecar a Anatomia de Gray e a Clínica Privada, com os médicos a passar de uma série para a outra, enfim. Eu, talvez por já ter andado muito por dentro destas coisas da saúde incluindo serviços de urgências, não sou grande fã destas aventuras, fiquei também muito agradado com esta decisão do Meo de que sou cliente.
Afinal, a coisa não é bem assim. O Meo deu a FoxLife durante dois ou três dias e depois passou a um slide com a informação de compra do pacote dos canais Fox. Está mal. Eu desejoso de partilhar o sofá com elas e agora o Meo faz-me isto!


Foi hoje aprovada a lei que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo.
Nunca compreendi porque é que gente de esquerda, revolucionária e comunista é tão apegada a uma instituição que ao longo dos séculos tem tido fundamentalmente como finalidade assumida o emparcelamento e transmissão da propriedade. Há pouco mais de um século a crescente predominância burguesa trouxe o amor para o casamento, mas não alterou muito o essencial da sua natureza. Mas, pronto, são convenções sociais e aprendemos a viver com elas.
As religiões que sempre tiveram o seu poder e uma forma que têm de o exercer é através de uma espécie uma legitimação das diferentes instituições, sendo que muitas vezes essa ligitimação é a mais poderosa, se não, a única e ex clusiva. Na nossa cultura, a igreja católica pode "abençoar" os casamentos que quiser, ou recusar essa bênção quando entende que não se reunem as condições exigidas. Tudo muito certo, desde que se respeite o princípio da separação entre a igreja e o estado.
Não consigo entender toda esta movimentação das sacristias para o referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acho até ofensivo para a democracia que a senhora Pegado, lá porque reuniu 90 mil assinaturas, queira que isso valha mais que o Parlamento. Tem assinaturas suficientes, penso eu, para formar um partido, ir a eleições e depois sim. A petição só obriga a Assembleia a discutir o assunto e esgota-se aí uma vez recusada a proposta de referendo.
A Assembleia decidiu e, quanto a mim bem, acabar com a discriminação. É um passo importante, mas este caminho está longe de ter terminado. Os homossexuais têm razão para festejar, mas falta ainda a promulgação da lei. É claro que o Cavaco vai vetar. E basta-lhe a invocação da inconstitucionalidade da norma que exclui a adopção. Nem precisa de se expor ao veto político que seguramete usará se necessário.
O PS fez mal. Isto faz-me duvidar da bondade das suas intenções. A questão da adopção não tem que ser para aqui chamada. Por um lado, a homens e mulheres homessexuais não está legalmente vedada a possibilidade de adoptar uma ou mais crianças, por outro, os mecanismos da adopção já, em princípio, protegem aquilo que é essencial que é o suprerior interesse da criança, independentemente dos interesses dos candidatos à adopção. Em princípio... escrevi ali atrás.
Portanto, ou eu não estou a perceber nada disto ou, o PS faz aprovar uma coisa justa e boa, mas armadilhada. Ou seja, a ser assim, uma boa maneira de sair de bem com deus e com o diabo.

Um bom e justo ano de blogandança

16 de dezembro de 2009

Os dias difíceis do mês...

... de Dezembro.
É todos os anos mais ou menos o mesmo. Uma espécie de síndroma pré-natalício.
O que me apetecia mesmo era hibernar. Ou melhor, veranear. Ir para um qualquer sítio, mais a sul. Mais azul.

27 de novembro de 2009

Sotaina oculta

As notícias trouxeram à luz o que já se sabia há vários anos. Os altos responsáveis da igreja católica da Irlanda ocultaram continuados abusos sexuais de padres a crianças de quem deviam cuidar. A recorrência com que esta gente "temente a deus" tem perpetrado impunemente estes crimes, dá que pensar. Serão os seminários verdadeiras escolas de pedofilia?
Mas o que me inquieta mais é a ocultação sistemática dos mais altos responsáveis da igreja católica, Vaticano incluído. Já aconteceu em larga escala há anos nos Estados Unidos e concluiu-se que havia relatórios retidos, desaparecidos e alterados, ao que parece com a própria conivência papal com um crime hediondo.
Se isto acontecesse numa outra organização qualquer não haveria dúvidas de que estávamos perante uma associação criminosa. Alguém ousa pensar isso da igreja católica?
Não me venham dizer que sou intolerante. Uma organização que pactua com a pedofilia e protege os predadores sexuais é que é intolerável.

15 de novembro de 2009

Teorias (II)


Há dias, no meio de um texto tropecei nuns gravetos de uma teoria com um nome intrigante. Assim, apenas pelo seu nome bootstrap theory pouco se fica a saber, e bem tentei capturar o significado da expressão e tentar arranjar uma equivalente em português. Em vão. Apenas consegui dar mais umas marteladas na autoestima e acrescentar mais uns quilómetros ao infinito da minha ignorância. Mas, pronto, isto tem sempre um lado positivo ( a gente tem que sobreviver de qualquer modo à depressão súbita) e tomei consciência de quão ignorante sou em matéria de física quântica, sistemas informáticos, estatística, filosofia, sociologia, economia, e até (vejam bem) em estratégias para vencer na vida.

Pelo que li e vi e pensei (sem ser necessariamente por esta ordem ou outra qualquer) o termo bootsrap presta-se às mais diversas metáforas. Bootstrap é (num dos muitos significados) o nome daquela espécie de argola em couro que algumas botas têm e que serve para enfiar o dedo, puxar e ajudar a calçar. Em português também tem um nome. Chama-se aselha, uma pequesa asa. Aselha é também o que na gíria se chama a um indivíduo parco de habilidades, enrascado, labrego, totó. Quanto à teoria, fazendo uma síntese de toda esta profícua investigação acho que ficaria bem, até do ponto vista cultural, como teoria do desenrasca.

Não sei. Talvez até seja bem mais aselha do que penso. Mas há-de haver alguma explicação para o facto de um taxista na Suíça ter contas bancárias milionárias e um negociante de sucata oferecer mercedes pelo natal aos amigos.





12 de novembro de 2009

Em Bragança não há gaivotas

Por acaso jantava uma alheira. A televisão ligada já tinha mostrado todas as faces mais ou menos ocultas dos corruptos aos magistrados e futeboleiros. Parece que há sempre algo oculto nas faces das notícias, mas às vezes também se descobrem faces iluminadas na sua simplicidade.
Na SIC, passava um conjunto de reportagens chamado "Histórias com gente dentro". Aí cruzavam-se vidas de pessoas simples como os turistas séniores que vão nas excursões por animadas por pezinhos de dança, ou como a mulher do carroussel de feira a quem já só faltava ir à lua. Quase não tinha ido à escola, mas tinha aprendido o suficiente para a sua vida de feiras. E também uma pastora transmontana que tratava as suas ovelhas pelo nome, Boneca, Galinha, Sineta... e elas vinham lamber-lhe as mãos como se fosse um cumprimento habitual. Esta pastora tem 29 anos e nunca tinha visto o mar, nem andado de comboio ou ido a Lisboa. O programa proporcionou-lhe essa viagem. No seu encontro com o mar, que só conhecia pela televisão, às tantas pergunta Aquilo é uma gaivota? Em Bragança não há gaivotas...
Pois, parece que não. Há águias e sonhos.


Fui à SIC Online e trago de lá um link para outras estórias de saltar muros. Se calhar vai dar à rua dos 90.

5 de novembro de 2009

Cruzes

Daqui a nada também vão querer eliminar o sinal "+" em Matemática, porque é uma cruz que pode ofender os das religiões que não têm cruz nenhuma.
Ironia (fica-lhe bem) do porta-voz da Conferência Episcopal- Manuel Marujão

Ainda mal assentou a poeira da bíblia segundo Saramago e já outra maior se alevanta: a reacção dos funcionários do Vaticano à ordem de retirada dos símbolos religiosos das salas de aula nas escolas públicas.
Devo dizer que andei numa escola pública que tinha um crucifixo entre uma fotografia de Oliveira Salazar e outra de Américo Thomaz e tinha a visita semanal do padre Octávio que vinha dar Moral e Religião, disciplina obrigatória, com livro próprio e tudo, vendido pelo próprio padre.
Deu no que deu. Para além de começar desde cedo a trocadilhar o nome à disciplina para ReligiãoImoral, recusar-me a comprar o livro (e apanhar depois uns chapadões de deixar a cara a arder durante meia hora quando a minha mãe foi chamada à escola), acabou por fazer de mim ateu, praticante e anticlerical.
Acho graça ao discurso dos padres quando se lhes toca no que julgam ser os seus domínios, mas que na realidade são domínios públicos num estado de direito, não confessional. Não me conformo com a arrogância com que tratam "as ovelhas tresmalhadas" como se os não crentes sofressem de qualquer deficiência. Não aceito a invocação da liberdade religiosa da parte de quem sempre abusou de toda a liberdade cívica para impor a toda uma sociedade os seus princípios, geralmente restritivos da liberdade e da autodeterminação.
Também não deixa de ser interessante, para uma organização que não se deixa questionar sobre práticas criminosas com as quais convive e muito pactua (os inúmeros casos de abuso sexual de menores por parte de membros da igreja) venha agora a correr dizer que é preciso discutir mais e amplamente a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. É preciso explicar a esses senhores que não é para obrigar ninguém a fazê-lo; é só uma pequena alteração na lei de modo a permitir a quem o queira que o faça.
Outra originalidade do argmento da "liberdade religiosa" destes senhores é que "uma minoria" (os não católicos ou os não crentes) não pode dizer à "maioria" como é que é. Ficamos esclarecidos sobre tolerância e liberdade.
Quero deixar claro que as minhas posições não são ditadas por intolerância religiosa. Respeito que cada um possa acreditar ou não acreditar que existe um deus ou mais. Até sou capaz de usar ideias mais ou menos místicas, do ponto de vista simbólico ou poético. O que eu não consigo tolerar é a intolerância e, sem generalizações abusivas, há, não raramente da parte de membros da igreja católica traços de intolerância que, para mim estão ao mesmo nível do racismo, da xenofobia, do fascismo. Causam-me a mesma repulsa.

Mas não quero deixar de responder à ironia de Manuel Marujão, mas desta vez em relação aos argumentos culturais e das tradições. É que Portugal é, também um país de grandes tradições de uma cultura popular (às vezes bastante brejeira) e até nos podemos pôr todos de acordo. A igreja pode ter os crucifixos nas escolas e até se pode pôr ao lado o emblema do benfica e, em contrapartida as igrejas passam a ostentar em lugar de destaque uma figura do Zé Povinho do Bordalo e, se não for pedir muito, um daqueles objectos decorativos da cerâmica tradicional das Caldas. Isso sim, é que era liberdade e tolerância religiosa.

4 de novembro de 2009

Teorias (I)

É sabido que as principais doenças dos nossos tempos, as que mais matam e mais incapacitam, seriam de certo modo evitáveis, ou sofreriam uma grande diminuição se estivéssemos dispostos a alterar os nossos hábitos em várias áreas da nossa vida. São chamadas doenças «da civilização» e também «do comportamento». Todos os anos são gastos rios de dinheiro em campanhas de efeito duvidoso para que as pessoas alterem os seus comportamentos. Faça exercício físico. Mantenha a actividade intelectual. Coma fruta. Na hora da refeição, desligue a televisão. Reduza a carne na alimentação. Atravesse na passadeira. Reduza, reutilize, recicle. Vigie a sua tensão arterial. Não fume, não beba e perca peso. Tudo prescrições sem graça nenhuma e sem qualquer interesse motivador imediato, excepção feita ao slogan do meu amigo Dinis uma por dia e nem sabes o bem que te fazia.
Mas parece que alguém se lembrou já de arranjar formas divertidas para promover alterações nos seus comportamentos. Chamam a isto Fun Theory.
Vejam este exemplo e comecem já a pensar noutros. Também aqui, imaginação é poder.

2 de novembro de 2009

Cinéma



Fui ver os dois últimos filmes da festa do cinema francês. Dois, assim de seguida.
Mas não é a mesma coisa...
Sempre gostei do cinema francês que infelizmente passa pouco no circuito comercial das pipocas. Aprendi a ver cinema em francês. Como gosto da língua, habituei-me a quase não ler as legendas e ver muito mais filme.
Mais ce n'est pas comme d'habitude...
Um bom filme é muito melhor de mão dada e, mesmo quando somos capazes de perder uma ou outra cena do ecran, se calhar ganhamos a melhor parte do filme.
É que... um filme é quase sempre feito de vários filmes e parte-se em partes e apura-se em remakes.
Mas isso é mais quando estamos acompanhados no escuro, de mãos dadas e sentimos as vibrações um do outro e os olhos molhados quando calha.
Sozinho, é mesmo outra coisa.
Saudades, é o que é.