29 de novembro de 2011

Π Kant A matemática Picante
























Muitos são os dias que se me despertam com a crónica diária de Fernando Alves na TSF. Hoje, nos Sinais dava conta de uma iniciativa de uns jovens universitários cubanos a viver em Miami pelo que percebi com o intuito de facilitar a aprendizagem e compreensão da matemática, coisa tida como horrorosa por muita gente que não é capaz de "dar por isso" e encontrar-lhe uma beleza comparável à de Vénus de Milo. Enfim. É também típico do FA estabelecer ligações poéticas na intersecção dos planos ou na curva parabólica da memória. É assim que derivar para os "seios esferóides" de uma tal incógnita, objecto de desejo e paixão de um improvável quociente. Na verdade, feitas as contas, o que se multiplica é quase sempre a subtracção e quem de vinte cinco tira resulta menos ganho pelo que faz acrescido de menos feriados e mais horas de trabalho não remunerado. É só fazer as contas, diria um tal outro.
Fui procurar mais coisas sobre a Matemática Picante cujo projecto tem na realidade o nome americano de Spicy Math e fiquei um pouco desiludido. Trata-se de uma empresa de ensino da Matemática, eventualmente com métodos bastante criativos, com um bom marketing à americana, ou seja uma boa fórmula resolvente capaz de extrair dividendos com resto zero em poesia. Fica a ambiguidade do nome bem achado que tanto nos pode sugerir um certo tempero nos cálculos como as matrizes para percorrer todas as linhas sinusóides num raio igual à abcissa.

Ao ouvir isto, eu que trocadilho palavras e treino malabarismos com elas transformei logo o Pi cante em Π Kant e imaginei logo um círculo filosófico atravessado por dois raios de luz crítica. E aquele quociente apaixonado por uma incógnita estaria ali. Afinal "a paixão é o mundo a dividir por zero" como atestam "os infelizes cálculos da felicidade" onde um oito deitado chega ao infinito.
E...
Assim nestas poucas linhas
Fica uma estória banal
Com linhas e entrelinhas
E uma moral convergente:
O infinito afinal
Fica aqui ao pé da gente.
José Fanha

Imagens daqui e dali

21 de novembro de 2011

Vale

Um momento divertido do ensaio (foto de Annie Grieg)



Cresci no Vale.
Dizer que Vale é um espectáculo de dança contemporânea dirigido pela coreógrafa Madalena Victorino é dizer muito pouco desta viagem/seara, rebanho/rio, festa/mar de afectos que se constrói por dentro de uma semana inteira, mas que o público só vê cerca de uma hora e um quarto.
Participei no Vale.
Fui por mim e por ti, minha rapariga que me estimulaste. Reencontrei-me com tantas memórias e gentes e animais que por vezes até lhes sentia o cheiro.
A gente do Vale
é um grupo de cinquenta pessoas que não conhecia antes e que me deixa a sensação de ali termos nascido todos e crescido. No final partimos com um sorriso na despedida, como eu parti um dia. Provavelmente, algumas destas pessoas não voltarei a encontrar em breve ou se calhar nunca mais, mas isso também me aconteceu com amigos de infância e continuo a lembrar-me deles.
Valeu!