20 de novembro de 2007

Desejos simples


Assim mesmo, com palavras simples e a transparência índica do sorriso, ela formulou um desejo que tinha a força de uma profecia. Havemos de aqui vir!... Escreve isto!.

Iremos.

Está escrito.
Imagem roubada aqui

10 de novembro de 2007

Pó de ser


Já me tinha soado que havia qualquer coisa no ar... Afinal era poeira.
Pós. Pós modernos, claro.
Acabaste de inventar um novo produto blogoliterário.
Estórias em pó.
Basta juntar água.
Gande abraço à Cristina -que ninguém lia (!)- e boas estórias.
Água, meto-a eu

Partida


Lembro-me da praia da Nazaré dos meus tempos de menino muitos anos antes de alguém sonhar com telemóveis e comunicações por satélite. Os pescadores entravam nos botes que os levavam às traineiras e partiam para a faina de dias ou semanas. As mulheres ficavam sentadas na areia a entoar um murmúrio que eu não entendia (alguém me explicou que eram rezas para que nada acontecesse aos seus homens), até a traineira se sumir no horizonte. Depois, iam às suas vidas, de canastas viradas para baixo à espera do próximo quinhão. Mas se havia notícia de temporal no mar, lá voltavam elas como um bando que pousava na areia e retomavam as ladaínhas sentadas nas suas sete saias de esperas.


Desta vez custou menos vê-la partir. Custou mais ficar em terra a mastigar a dor da falta de coragem de enfrentar as outras dores e todos os riscos que afinal se correm mesmo ficando.


Foi bom ouvir-lhe a voz outra vez do lado de lá do equador. E trazia um sorriso em forma de estrela. Do mar. Do Índico.

6 de novembro de 2007

Bem me parecia

Encontrei por aí esta brincadeira e fui experimentar.
E depois de me sujeitar a um apertado inquérito concluiu-se que afinal

***You Belong in Paris***
(quer dizer, eu mesmo)
You enjoy all that life has to offer, and you can appreciate the fine tastes and sites of Paris.You're the perfect person to wander the streets of Paris aimlessly, enjoying architecture and a crepe.
experimenta!

5 de novembro de 2007

Também eu, às vezes


Assistia hoje a um painel sobre Igualdade de oportunidades e não discriminação enquanto factor de cidadania e uma das oradoras citou um trabalho de uma deputada dinamarquesa que caracterizava cinco estratégias masculinas de desqualificação das mulheres nos grupos de trabalho, sobretudo quando estas estão em minoria que passavam por ignorar a sua presença, não responder aos seus argumentos, torná-las invisíveis, juntarem-se em grupo durante as pausas para “conversas de homens”, etc. Contava ainda esta participante que a dita deputada tinha tido grande sucesso no estabelecimento de uma cumplicidade entre as deputadas dos vários partidos que já comunicavam umas com as outras por sinais como quem diz olha a estratégia número dois, ou outra que já todas identificavam claramente.
Ao contrário do que sugeria esta oradora não me pareceu que esta estratégia fosse a mais adequada por parte das mulheres quando se sentem de alguma forma discriminadas. Ao colocarem-se em simetria face às posições e aos estereótipos culturais fundados no machismo, numa espécie de guerra-fria-dos-sexos, não contribuem para a mudança. Os homens vão continuar a achar que são muito evoluídos culturalmente que não discriminam, que respeitam a mulher na sua natural dignidade e outras coisas politicamente correctas e a pensar que as queixas delas não fazem sentido, sobretudo se elas não forem jovens e bonitas.
E pensei também como têm sido para mim estas diferentes atitudes. Fizeram-me muito mais homem e crescer como pessoa, as mulheres que ao longo da vida me confrontaram, fazendo-me ver e reconhecer em mim os traços sexistas, machistas e marialvas. Isso sim, foi-me transformando e continua a transformar, e mais ainda quando vem de quem se ama.