17 de dezembro de 2004

Oh!... O ó de Olhar


Ó que eco há aqui!...

Neste espaço a si próprio condenado
Dum momento para o outro pode entrar
Um pássaro que levante o céu
E sustente o olhar
....................................
Com a tristeza acender a alegria
Com a miséria atear a felicidade
E no céu inocente da visão
Fazer pulsar um pássaro por vir
Fazer voar um novo coração
Alexandre O´Neill


Acompanha-me desde a infância a ideia de as coisas serem o que delas vemos. Este “ver” está muito para além do que os olhos vêem, porque se liga às coisas já vistas e também às imaginadas, ao estado de quem as vê, a uma disposição interior para ver. Em tempos chamei a este conjunto complexo simplesmente “olhar”. O meu “olhar”. Isto permitiu-me chegar também ao “olhar” dos outros.
Um dia li que um tal Moreno se tinha visto, quando menino, a voar de cima de um armário. Para a história ficou que inventou o psicodrama e ele próprio rapidamente se esqueceu das dores ou eventuais fracturas que isso lhe custou ao estatelar-se no chão. Mais tarde terá enunciado uma ideia ao mesmo tempo cruel e deliciosa mais ou menos assim:

(...)
Mais importante do que a poesia é o seu resultado,
Um poema invoca uma centena de actos heróicos.
(...)
Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos
e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos
E tu ver-me-ás com os meus.
Assim, até a coisa comum serve o silêncio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeias:
O lugar indeterminado, num tempo indeterminado,
A palavra indeterminada para o Homem indeterminado.

Permaneço. Olho o mar e ele devolve-me o seu olhar do mundo.

7 de dezembro de 2004

Ene (ou Nê)... de Neblina

A tarde mostra-se-me numa fotografia esbatida.
É como a indefinição das memórias e das esperas.
Um sabor de pele algo entre o sal e a canela....

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Levanto a gola do casaco e peço ao empregado da esplanada:
- Um Godot bem quente, por favor!...
- Com certeza. Mas vai ter que esperar...
- Ainda bem. É para isso que cá estou.

Espero.

12 de novembro de 2004

Eme (ou Mê)... de Marejar

Há uma melodia infinita, como se fosse o respirar, ao fundo de todos os pensamentos. É nela que deles descanso, enquanto os deixo a brincar uns com os outros.
A maré de sizígia traz à costa outros dizeres como se de repente o mundo se combinasse em desgraças. É ali, no areal molhado, hoje mais amplo da vazante que sinto o sal das lágrimas. Em vão procuro os passos testemunhos de gritos e silêncios sofridos
.”

Começara assim, num dia seguido à grande lua (aquela que se pôs à sombra durante uma noite quase inteira) porque o mar também traz notícias infelizes. Mas as marés renovam-se e trazem também mapas e destinos de apetecer. Por isso, as melodias tornam-se brilhantes e ensaiam descantes com o pensar.
Deve ser por isso que gosto do mar...

Nota analfabética e completamente dentro do mar:
Um doce piar ao ouvido disse-me que chove há uma semana, lá onde a chuva é sempre festa.
Lembrei-me de uma canção do Sérgio que até parece ter sido escrita hoje.

Há quantos meses não chove
parece que nove parece que novembro
se chover nos três que resta
parece que há festa
parece que há festa

Beleza de Cabo Verde não se vê do avião
país que é novo tem sede
do que fazer com o pão
este socalco foi milho
e aquelas pedras, feijão
ensinava a mãe ao filho
repete o filho ao irmão

Há quantos meses não chove
parece que nove parece que novembro
se chover nos três que resta
parece que há festa
parece que há festa

Beleza de Cabo Verde
está na maneira de olhar
árvore que tinha sede
foi-se também emigrar
nela encostado, o emigrante
trinca do fruto da morna
não há nenhum que não cante
a vez em que à terra torna

Há quantos meses não chove
parece que nove parece que novembro
se chover nos três que resta
parece que há festa
parece que há festa

Beleza de Cabo Verde
está na razão de cantar
música não mata a sede
mas se pudesse matar
com água por melodia
e por batuque irrigado
verde, o verde nasceria
no solo sacrificado
Chuva já chove
já chuva choveu
vai chover já


(Sérgio Godinho)


26 de outubro de 2004

Ele (ou Lê)... de Ler na Areia

“Disse que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem princípio ou fim.”
(Jorge Luís Borges)

Parei um momento a pensar quantas páginas faltarão para o infinito...
Deve ser mais ou menos o tamanho da liberdade que desejo que caiba dentro de mim. E dou comigo a enunciar um improvável teorema enfeitado de corolários míticos: Aprender o infinito é condição sine qua non para liberdade.
Recito de cor alguns corolários mais coloridos:
(um) O inverso é sempre e infinitamente verdadeiro
(outro) Liberdade que vai à frente é a que abre as primeiras portas, sendo que elas são infinitas
(outro mais) A liberdade é infinitamente maior que a maior opressão
(e este) A memória é limitada e não se lembra de todos.

«Mas a meio caminho voltou para trás, direita ao mar. Paulo ficou de pé no areal, a vê-la correr: primeiro chapinhando na escuma rasa e depois contra as ondas, às arrancadas, saltando e sacudindo os braços, como se o corpo, toda ela, risse.
Uma vaga mais forte desfez-se ao correr da praia, cobriu na areia os sinais das aves marinhas, arrastou
alforrecas abandonadas pela maré. Eram muitas, tantas como Paulo não vira até então, espapaçadas e sem vida ao longo do areal. O vento áspero curtira-lhes os corpos, passara sobre elas, carregado de areia e de salitre, varrendo a costa contra as dunas, sem deixar por ali vestígios de pegada ou restos de alga seca que lhe resistissem.»
(José Cardoso Pires)

As escritas são efémeras. Apagam-se depois de alguém as ler.
E assim se justifica o ofício de contador.

25 de outubro de 2004

Kapa... de Ká

Já corri os mares em volta com um assobio nos lábios em busca desta estranha letrita...
Katmandu não tem oceano. Apenas a praça Durbar que é um mar onde desaguam todos os rios de gentes. Ali ao lado, uma menina passou a chamar-se Kumari e nunca viu ma onda de mar.

19 de outubro de 2004

Jota... de Jangada

Em ciadas noites, baías do desejar, deito às vezes os pensamentos sobre o mareio embalo e deixo-os na deriva errante das marés. Tenho uma jangada-cama e um lençol de estrelas de sessões contínuas. Os pensamentos navegam e entretecem-se com as coisas do mundo que pairam nos ventos mais agrestes, muitas vezes na corrente do desânimo, antes de se adormecerem, não do embalo, mas de cansaço. Só depois se evolam em sonhos transformadores.
Acho que é isso que faz nascer o sol todos os dias.

13 de outubro de 2004

Contador contado
(aviso à navegação)


A partir de hoje o Contador tem um contador de visitas. Não sei bem para que serve, a quem se habituou a contar gaivotas aos bandos e em pleno voo...
Foi uma prenda do Pedro que é patrão de alto mar em tecnologias.

Iiiihh... de Ilha

Insular é cada um no seu crescer.
E crescer é construir pontes para poder sair de si.
E voltar.
Escrevo agora de uma ilha que nunca ninguém conheceu;
e ninguém jamais se lembrará de se ter conhecido sem pontes.
A minha ilha de mim está sempre cheia de vozes...
Por vezes sou inundado por uma maré de nostalgia futura
de me ser crusoé sem sexta-feira e de percorrer-me até aos abismos.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Da Rosa, deu à praia em garrafa mensageira:
"
i de ilha...

içar as velas
ir pelas índias lonjuras
imaginando inseguras
ilhas

decifrá-las
a milhas
e puras
de mim.

ir…

irados vales líquidos
inertes se impõem
- intervalo -
de água curados
imergimos
tão irmãos como dantes

"

9 de setembro de 2004

Agá... de Horizonte

E será apenas e tanto como o que a vista alcança.

A linha da água desenha-se curva quando se vê longe e o olhar é largo.

E lembro assim Pessoa:

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul siderio
'Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa -
Quando a nau se approxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distancia imprecisa, e, com sensiveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte-
Os beijos merecidos da Verdade.

Guê... de Gaivota

A chuva matinal tinha apagado os rabiscos pegados de caminheiros e abóboras sedentárias que habitualmente se entoldam de unguentos a cheirar a pomares.
A preguiça do sol clama uma espécie de pré-aviso outonal e sossega as marés que se esforçam por mostrar bons modos à clientela sazonal.
Há uma nortada gentil a pentear as dunas e a calar alguns segredos do último pôr do sol. Esse vento meigo, capaz de se parar por um momento só para branquear a crista duma onda, traz-me uma longínqua gaivota que, vim a saber depois de uma curta conversa circunstancialmente piada, ainda é parente de um tal Fernão.
Quis saber-lhe o nome. Piou-me, pois, numa tessitura cristalinamente sustenida, “NumSei”. O arrastamento das vogais e o ligeiro portamento descendente no fim denunciava-lhe uma latitude distante. E o olhar também.
Ainda discutimos, aí durante uma dúzia de ondas, sobre que importância teria ser daqui ou dali, mas acho que foi só para lhe escutar o piar em arpejos coloridos, até porque, para mim que não me sinto de sítio nenhum, basta-me saber-nos capazes de habitar o mesmo mundo.
Foi então que me sorriu pela primeira vez e me disse: “Arribei aqui por causa das letras que desenhaste nas ondas... Vim ajudar-te”.
Só então me lembrei do alfabeto das águas e sons enfiados direitinhos como missangas ou bóias que os pescadores usam nas redes.
“Se não pensas galgar letras...”, disse, “segue-se o Guê de Gaivota!”
A seguir grasnou qualquer coisa que seria entre dentes se não fosse ave e que me pareceu:
“(Grande responsabilidade é
Esta letrita guê, de dupla sonoridade, a maGana. E dá-me gana!)”
Enfiou depois um ar solene, daqueles que num humano seriam logo denunciados pela tensão posta nas comissuras labiais, mas aí o bico tem algumas vantagens e quase me enganou.
Recitou-me, então, como numa prece (foi o que me pareceu):

“Galgando upa upa galopando as letras mareadas
Gostar. Gota a gota no suor
De cada guia…
Galhe-nos deus e outros galináceos
Gerados no ventre goraz
de devotas gaivotas
gracejando
guizos
Gozai por nós”

Depois ficámos ali a rir enquanto o sol se punha, e a falar de coisas e viagens inacabadas como a própria conversa que fomos tricotando.
Acordei pela manhã sozinho, por isso não sei se isto não foi mesmo um sonho...
Aughhh!... Tenho uma pena na garganta.

1 de setembro de 2004

Efe... de Falésia

Erosão do mar.
Fica um abismo para o mundo
sem ecos do falsete esmerilado.
Escarpa funca de sobrolho arqueado
Que importa que batam portas no oceano?

26 de agosto de 2004

Eh!... de Estrela-do-Mar

E chamei-lhe assim porque teria inventado uma paixão de cinco pontas sem saber como lhe pegar. Paixão de olhar apenas. E de a escrever na memória das tardes poentes frente ao azul.
Só conheci o Palma depois. Não devemos estar a falar da mesma. O mar tem constelações delas para que cada um reconheça a sua. E todas têm luz própria.

"Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
e em que o sono parecia disposto a não vir
fui estender-me na praia sozinho ao relento
e ali longe do tempo acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
e uma cara sardenta encheu-me o olhar
ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar

Sou a estrela do mar
só a ele obedeço, só ele me conhece
só ele sabe quem sou no princípio e no fim
só a ele sou fiel e é ele quem me protege
quando alguém quer à força
ser dono de mim

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Em silêncio trocámos segredos e abraços
inscrevemos no espeço um novo alfabeto
já passaram mil anos sobre o nosso encontro
mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar"
(Jorge Palma, 1984)

19 de agosto de 2004

Dê... de Dizionário

Um mar de dizeres à deriva como palavras náufragas na desordem alfabética.
Passam no vento. Desvelam-se de vírgulas. Bailam lestas. Insinuam-se matreiras de sentidos.
Dialógicas de reverso.
Não sei se mergulho. Ou ciano-me simplesmente...
Cê... de Concha

Aconcho ego sumo.

Ostra cismo mare moto roí doses
Vi eiras diz lates demo tantos
Vi balves laborentos em seus mantos
Mexe ilhão turbo lento das artroses

Amei joa na lagoa alva mansa
Lingue eirão calote à formosura
Buzi nas parchas casca dura
Burri é de atleta não se cansa

Cara mujo séssil haliomonte
Craca ságil a verme litosfera
Cara col mirante bem de fronte

Búzi o nei talassa pia fera
Nau til palíndromo horizonte
Argo nauta parado desespera

12 de agosto de 2004

Bê... de Bolina

Estibordo-zigue. Bombordo-zague. Até ao lavar da vela porque as uvas ainda se aprontam à madureza da nortada. Jogam-se as cinturas mais ou menos industriadas para calculadas rentrées de leão. O mar cheira a terra queimada. É o vento. Vem todo nimbado de bemóis.
Ah! de Azul...

Acordei na humidade da areia ainda com nuvens de lã nos olhos. E tinha ali uma estrela ao lado ainda em pontas da valsa decadente da noite embriagada. Não sei por onde lhe pegue. Pensei.
E deu-me assim um sorriso a lembrar uma dor disfarçada de baleias e golfinhos a morrer na praia à revelia de gregas maratonas.
Ah!... Este azul. A matar-me de fome.

11 de agosto de 2004

Obicedário
Empeço-me de dificuldades com o verão. Não sei por que letra começar. O verão... sim, mas...
O mar inventa-me trambolhos em fato de banho e garrafas de plástico na areia. E eu anseio a escrita limpa na limpidez das ondas. Abandono o meu posto de vigia e vou beber um copo. Até as aves andam a falar uma língua estranha.

24 de junho de 2004

À conta de tanto contar, o Contador deixa-se imbuir do espírito das aves e migra e depois arriba.
Coisa estranha esta de me referir na terceira pessoa... Acho que é da pressa dos voos. Cheguei antes da alma e os dedos conhecem os caminhos e a autogestão dos gestos.

Enquanto espero que a alma me poise...

No país dos sacanas
(Jorge de Sena)

Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glândulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.

Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?

Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.

No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.

13 de abril de 2004

É evidente que me estou a blogar para isto.
A placidez da cal dá-me pisqueira aos olhos e acende contradições pelas esquinas onde me planto em esperas amigas.
O que eu queria mesmo era deslocalizar-me e abrir-me noutro sítio sem sair daqui.
Os bichos andam inquietos e uns querem ir ao euro e outros ao roque e eu rio e prometo-lhes que os levo ao oceanário para entrarem num filme quitche completamente piado em português.

4 de março de 2004

Foi-me preciso descobrir que:

a lógica é a ciência de gerir os rendimentos da estupidez;

os políticos não são inteiramente galinhas porque cacarejam e não põem ovos;

as pastas dos executivos levam dentro aranhas para urdirem as teias que nos imobilizam;

os militantes de todos os partidos têm pele de camisas enforcadas;

a família é um cardume de piranhas ao redor da carcaça de uma vaca sagrada;

a sociologia é uma completa falta de humor perante a decadência;

os gestores destilam um suor frio que nos constipa;

as nações içam as bandeiras para porem o falo a pino e masturbarem-se;

as esquerdas e as direitas resultam do pacto de não inverterem os papéis;

o socialismo é um estratagema para negar aos exploradores o direito ao desaparecimento;

o liberalismo é uma manha do Estado para forjar algemas com a liberdade;

os intelectuais são uma chatice com que o Criador não contava;

sendo a educação a providência dos imbecis que são em maior número,
o mundo está imbecilizado pela educação;

o sistema é a creche da debilidade mental e a vala comum da inteligência;

a economia é adquirir-se o vício do fumo porque se comprou um isqueiro;

dos vencidos não reza a história porque se renderam à razão,

para concluir que:


chegou a hora romântica dos deuses nos pedirem a desobediência.

Faço-lhes a vontade.
A partir de hoje, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão.


Natália Correia
10 de Janeiro de 1983