29 de junho de 2007

Estudos da previsão do tempo


O temporizador permite estas coisas.
Dez exactos segundos é quanto falta para um beijo.
(Não sei se o Klimt gostava disto...)
Tudo isto e tudo resto é tempo.
Imprevisível.

28 de junho de 2007

Previsão do estado do tempo

Não é muito comum responder-se a uma agência comercial em pleno processo de negócio, "depois de uma análise cuidadosa da sua proposta decidimos que nos vamos beijar na ponte Carlos". Mas se calhar ainda o é menos receber como resposta "o vosso beijo(s) na ponte Carlos será mais belo que o beijo de Klimt".








O beijo é este.





Fazemos um bocadinho melhor, não?...
Se de repente o tempo ficar luminoso e apetecer largar tudo e mergulhar no mar, num rio ou num lago, já sabem o que aconteceu.


23 de junho de 2007

sócrates versus balbino

O cidadão josé sócrates de sousa moveu um processo ao cidadão antónio balbino caldeira Eu devo é dizer alegadamente porque apenas sei de ler nos jornais e nos blogues E vai daí a blogolândia começou a agitar-se e é um nunca mais acabar de postes e comentários sobre o assunto Neste momento o último poste do balbino tem mil quatrocentos e sete comentários O do sócrates não sei E até há quem diga que já há dois partidos blogais
Do lado do antónio balbino caldeira
São os balbinos
Pois claro
Do lado de josé sócrates de sousa
São sócretinos
Alegadamente Como é óbvio

22 de junho de 2007

Flor nascente

Pode ser aqui?

o teu rio já nasce ao pé de uma flor
e soltam-se pétalas que ele leva até à foz
por isso me cheiras a rio e flor
a serra e a mar

na nascente a água é pura
e
diz-se por ali
que quem dá de beber a quem ama
pela concha da própria mão
faz um pacto de amor
capaz de resistir aos maiores quebrantos

20 de junho de 2007

lembra-me a outra

Juro que gostava de acreditar que tudo isto não passa de teoria da conspiração E que este senhor não passa de um louco furioso atacado de delírio paranóide a vomitar pensamentos persecutórios suficientes para encher três páginas de uma diessieme revista e aumentada meia dúzia de vezes





Ainda me lembro de coisas assim Mas isso era no tempo em que nem computadores havia e que uma simples máquina de escrever era considerada instrumento subversivo Tempos de atraso civilizacional

Agora não Agora temos empresas na hora Despedimentos a la minute Mobilidade especial em carrinhos de flexisegurança Cursos de torneiro mecânico por sms
E simplex e evax e tampax sed lex



Também me lembra daquele poema do brecht

Primeiro, vieram buscar os comunistas.
Não disse nada, pois não era comunista.
Depois, vieram buscar os judeus.
Nada disse, pois não era judeu.
Em seguida foi a vez dos operários, membros dos sindicatos.
Continuei em silêncio, pois não era sindicalizado.
Mais tarde levaram os católicos.
Nem uma palavra pronunciei, pois sou protestante.
Agora, vieram buscar-me.
E, quando isso aconteceu, não havia mais ninguém para falar

Mas esse era comprovadamente louco varrido porque até fazia teatro e escrevia poemas




A soletrar solstício parei em ti.
A sílaba tónica, atónita, de repente repleta de luz. Enquanto tento vencer este ataque aliterante alguma coisa está a acontecer à distância que separa a terra do sol. Dizem que é o universo na sua infinita expansão. Deve ser por isso que ficamos longe da pele e do respirar. Deve ser...

Amanhã começa o verão.
Haja luz!

15 de junho de 2007

O triunfo do chá

Erythraea centaurium: Centaury
The genus of this herb was originally named Chironia after Chiron, a centaur of Greek mythology who was famous for his knowledge of medicinal plants. According to legend, Chiron healed himself with this plant after accidentally wounding himself with one of Hercules’s poisoned arrows. Dioscorides alluded to the myth and prescribed Centaury as a treatment for wounds. He also recommended the herb for lung disorders, namely “the old cough” and “blood spitting.”

Há uma loja aonde vou pelo cheiro. Hoje deixei-me prender por um chá apenas pela sua aparência. Nada sabia dele e isto é coisa rara de me acontecer.

Não me importa que se diga que tem um travo amargo e que é bom para a digestão. Chamam-lhe "Fel da Terra", mas vou chamá-lo de "Centauro Vermelho".

bat ota


Eis a grande solução E muito politicamente política
Construir o aeroporto da ota em alcochete

13 de junho de 2007

com ficção


O meu amigo chega ao pé de mim bastante triste e pergunto-lhe o que se passa Ele ainda hesita mas depois diz-me Tenho quase a certeza que a minha namorada tem um amante inglês Pergunto-lhe como é que ele soube E ele Quando estamos na cama ela chama-me pelo seu nome mattew e repete várias vezes e chama-o também pelo diminutivo oh matt mattew Queres mais evidência

Foi então que o aconselhei a responder-lhe também em inglês Diz-lhe assim Meu amor adoro fac Ela vai perceber logo que fac significa "fazer amor contigo"

12 de junho de 2007

Jogo de espelhos

Quando o meu telefone fixo toca é na maioria das vezes para publicitar qualquer coisa. Ou é a PT a querer vender-me chamadas de borla, ou a TVcabo a querer que eu adira ao funtastic life, ou então alguém a dizer-me que ganhei um prémio qualquer. Habitualmente dou alguma resposta aos operadores dizendo que estão a fazer muito bem o seu trabalho e que a única coisa que quero da PT é que saia da minha vida, que queria de volta o canal Arte da TVcabo, ou que façam o favor de me trazer o prémio a casa porque estou muito ocupado a pastar caracóis no quintal e a coisa fica por ali com um "muito obrigado" e "desculpe o incómodo, boa noite".


Ontem o telefone tocou e eu que ia preparado para mandar mais um recado à dona PT, surpreendi-me com a voz ali tão próxima, tão sentada ali em frente de mim. De repente percebi que tinha ganho um prémio funtastic life sem ter que pagar "assinatura" telefónica.





Não sei porque acontecem estas coincidências, mas a verdade é que com alguma frequência encontramos pessoas a pensar nas mesmas coisas sem aparentemente saberem que de alguma forma, se reflectem umas às outras. Se calhar sou apenas eu a estabelecer estas relações a partir de pequenas coisas...





Ontem comentei um post da ~CC~ e hoje fui ter por acaso a um mundo perfeito e leio sobre um menino e um fasco de veneno. E penso que nos últimos dias já fui várias vezes aos sítios da minha infância buscar tristezas e alegrias e que cada vez mais as conjugo com os verbos daqui.

11 de junho de 2007

portugal não leves a mal





A ~CC~ escreve muito e bem onde ninguém lê e comenta a visita do excelentíssimo à terra da beira do sado ou seja mais ou menos aquém deserto A maria das dores apesar de muito dorida com as finanças da municipais parece que não olhou a despesas para receber o senhor e o seu séquito militar e civil e mais quinhentos convidados para o faustoso almoço

Isto está tudo bem Afinal é dia de portugal e a pátria merece tudo Ou quase

Mas o melhor da festa parece que foi mesmo a leitura dos lusíadas assim naquele estilo relatório e contas que seguramente fará carreira na tendência estética neoliberal É verdade que segundo dizem aproveitou para fazer uma revisão em baixa substituindo "edificaram" por "identificaram" o que só lhe fica bem em tempos de contenção económica Edificar fica muito mais caro que identificar e é preciso pensar que temos que edificar o aeroporto da ota em alcochete e o comboio tgv numa linha qualquer das berlengas

Tenho pena que o excelentíssimo senhor não tivesse ficado ali a ler os cantos todos (quantos?) o que daria provavelmente para dois mandatos e a criar novas versões Gostaria de o ver chegar a esta parte



Oh! Que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Milhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo.


Imagino que soaria bem embora o manuel maria

Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu quando os cotejo!


e o sebastião
Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto


que ele também fez o favor de convidar se mijassem a rir se lá tivessem ido





Confesso que às vezes partilho do desalento do poeta luis vaz

Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Düa austera, apagada e vil tristeza.

Enfim Gentes de portugal no seu melhor


Imagens pescadas com o google algures na Lei do funil

5 de junho de 2007

Dia de feira

Já é uma tradição. Mais coisa menos coisa, os primeiros dias de Junho trazem calor e projectos de inserção profissional. É uma coisa que faço com muito gosto a pedido do meu amigo HFR ali no curso EIC. Vou lá e depois vêm tentar vender-me projectos naquele workshop de negociação. Hoje talvez compre dois ou três, mas o que eu precisava era de uns bróculos para o jantar... ou uns grelos de nabo e uma morcela de assar.

(Devia ter deixado esta parte final do post para ti, Gregório)