Variações sobre a imensa metafísica do azul musical
29 de junho de 2007
Estudos da previsão do tempo
O temporizador permite estas coisas.
Dez exactos segundos é quanto falta para um beijo.
(Não sei se o Klimt gostava disto...)
Tudo isto e tudo resto é tempo.
Imprevisível.
1 comentário:
Anónimo
disse...
Beijo o à vontade das mãos na imagem dos homens
O oceano por entre o oceano
a paz estagnada no contorno dos espelhos
Beijo-te na terra à secreção dos passos
ódios redondos acuado de seios
a noite na espessura quente das almofadas sem manhã
a imortalidade abortada que mulheres conduzem presas pelo ventre e saciadas de filhos
Beijo o absoluto contido nos objectos sem casta
a incerteza branca das paredes imóveis
a insalubridade arqueada no silêncio espesso das portas sem casas com jardins malogrados no início do nada como se depois das vertentes árvores fossem chuva ou nuvens fossem árvores
Beijo-vos a todos por de dentro dos lábios
as línguas da areia nas bocas das praias
golfos quadrados de alvorarem barcos
barcos erectos agressivos de mastros
A cidade é nossa
Beijo-te na cidade nas ruas onde carros são flores que crescem em ruídos de palmas
Beijo-te na sede aguda que gaivotas têm de céu e de estátuas
estátuas anemia de cabelos em patamares de doença
missivas acres de grades aciduladas
a água é no princípio das palavras
veia fechada saliente nas rochas
água vertebrada com pulmões escondidos
Beijo-te na água de caules sucessivos
O grito é um navio perdido na memória
Beijo-te no vidro
searas verdadeiras de cristal p'lo ódio
a batalha é o azul que deixamos atrás
Beijo a súbita vontade da vigília dos partos os suicídios moles com precipícios vastos
as pedras castradas nas retinas dos gatos
horizonte na distância onde o crime acontece nas lâminas
Fatos inconcretos na geometria do medo
as viúvas são laranjas vestidas de encarnado
Beijo-te esquecida na vertigem das algas
o vento é oblíquo nas âncoras antecipadas
as lágrimas são incógnitas na orgânica dos sons
Introdução às pétalas na urgência da glória
abelhas saqueadas na saliva ruiva em poentes sem vértice a boiarem na pele rugosamente opaca da lua
A nossa vontade é nos ombros das plantas orvalho de febre sem objectivo
Beijo-vos no bosque onde o animal
é a penumbra e os joelhos da luz
cogumelos de asfalto no centro de um Inverno sem notícia nem espanto
Beijo-vos prolongada de gerações em silêncio
é para nós agora a vez das planícies que erguemos pelas ancas na curva onde o hálito é ansiedade no homem
são para nós as notícias de mortes
necessárias na simetria do espaço
Beijo-vos nos pulsos de naufrágio circulares
a onda é um motivo assimétrico de revolta
Fronteiras mutiladas cedo rente aos cais
Beijo-vos na vontade de recomeçarmos os olhos
os cavalos são paisagens e o neon é um cavalo de mergulharmos os dedos
Beijo-vos a todos nos meus lábios onde antiguidade de manhã é gaiola insubmersa de nunca existirem passos
1 comentário:
Beijo
o à vontade das mãos
na imagem dos homens
O oceano
por entre o oceano
a paz estagnada
no contorno dos espelhos
Beijo-te
na terra à secreção
dos passos
ódios redondos
acuado de seios
a noite na espessura
quente
das almofadas sem manhã
a imortalidade
abortada
que mulheres conduzem
presas
pelo ventre e saciadas
de filhos
Beijo
o absoluto contido
nos objectos sem casta
a incerteza branca
das paredes
imóveis
a insalubridade arqueada
no silêncio espesso
das portas sem casas
com jardins malogrados
no início do nada
como se depois das vertentes
árvores fossem
chuva
ou nuvens fossem árvores
Beijo-vos
a todos por de dentro
dos lábios
as línguas da areia
nas bocas das praias
golfos quadrados
de alvorarem
barcos
barcos erectos
agressivos de mastros
A cidade é nossa
Beijo-te
na cidade
nas ruas onde carros
são flores
que crescem em ruídos
de palmas
Beijo-te
na sede aguda
que gaivotas têm de céu
e de estátuas
estátuas anemia
de cabelos
em patamares de doença
missivas acres
de grades aciduladas
a água é no princípio
das palavras
veia fechada
saliente nas rochas
água vertebrada
com pulmões escondidos
Beijo-te
na água de caules
sucessivos
O grito é um navio
perdido
na memória
Beijo-te
no vidro
searas verdadeiras
de cristal p'lo
ódio
a batalha é o azul
que deixamos atrás
Beijo
a súbita vontade
da vigília dos partos
os suicídios moles
com precipícios vastos
as pedras castradas
nas retinas dos
gatos
horizonte
na distância onde o crime
acontece nas lâminas
Fatos inconcretos
na geometria
do medo
as viúvas são laranjas
vestidas
de encarnado
Beijo-te
esquecida na vertigem
das algas
o vento é oblíquo
nas âncoras antecipadas
as lágrimas
são incógnitas
na orgânica dos sons
Introdução às pétalas
na urgência da glória
abelhas saqueadas
na saliva ruiva
em poentes sem vértice
a boiarem na pele rugosamente
opaca
da lua
A nossa vontade
é nos ombros das plantas
orvalho de febre sem objectivo
Beijo-vos
no bosque onde o animal
é a penumbra
e os joelhos da luz
cogumelos de asfalto
no centro de um Inverno
sem notícia nem espanto
Beijo-vos
prolongada de gerações
em silêncio
é para nós agora
a vez
das planícies que erguemos
pelas ancas
na curva onde o hálito
é ansiedade no homem
são para nós
as notícias de mortes
necessárias
na simetria do espaço
Beijo-vos
nos pulsos de naufrágio
circulares
a onda é um motivo
assimétrico de revolta
Fronteiras mutiladas
cedo
rente aos cais
Beijo-vos
na vontade de recomeçarmos
os olhos
os cavalos
são paisagens
e o neon é um cavalo
de mergulharmos os dedos
Beijo-vos
a todos nos meus lábios
onde antiguidade de manhã
é gaiola insubmersa
de nunca existirem passos
Maria Teresa Horta
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