2 de fevereiro de 2010

Mar(io) enCresp(ad)o

Há coisas que me dão uma espécie de urticária (também lhe chamam brotoeja) e isto de um jornalista se tornar na principal notícia do dia diz muito sobre a ética comunicacional que é como quem diz se tocam no meu queijo eu faço-vos a folha.

Afinal o que é que se passou? Um amigo do Mário Crespo estava a almoçar no mesmo restaurante onde também almoçava o Sócrate e mais não-sei-quem e dois dos seus ministros. às tantas, e seguramente depois da terceira garrafa, da mesa do Sócrates e da do amigo do Crespo, as vozes, na primeira, começam a soltar-se e os ouvidos, na segunda, começam a apurar-se e é aí que o amigo do jornalista saca da caneta e regista ali, no próprio guardanapo entre duas manchas de Quinta do Cotto, para memória futura e, se necessário fazer prova em tribunal, o seguinte diálogo (ou monólogo, parece que foi só o Socrates a falar):
O almoço está porreiro, pá! Olha, e esta pomada também não é nada má... o que é isto?
Barca Velha, hum... pois. Se fosse o Portas pedia submarinos novos! Ah,ah, ah...
A propósito, vocês conhecem aquele jornalista que dava aulas lá na Independente? Aquele da SIC a quem tu telefonaste para te tratar por ministro e não te fazer perguntas difíceis. Sim, o Crespo. Esse tonto varrido e incapaz. Parece que tem umas coisas guardadas num armário que deixou lá na África do Sul. E escreve cá umas crónicas... Temos que arranjar uma solução para o gajo [faz o gesto de cortar o pescoço]. E mais não disse.

Também não havia guardanapo para mais.
Claro que o Mário Crespo ficou chateado. Eu também ficava.
E vai daí toca de escrever uma crónica em defesa da honra e do ataque ao Sócrates, agora com um bom pretexto. O gajo falou de mim ao almoço, já vai ver como é que elas lhe mordem!
Só que o director do JN achou que não devia publicar e, ai jasus, que vem aí a censura a mando do governo. E despediu-se do jornal.
Lembrei-me de uma crónica que o Crespo (às vezes encrespado, outras encrispado) escreveu cheio de insinuações sobre o Sócrates que, na altura achei um verdadeiro vómito. Chamava-se a coisa Façamos de conta que... Queria citá-la, mas não encontro o original. Mas pode ser lida, em transcrição aqui, acho que na totalidade.
Entretanto encontrei este post no Jugular de há quase um ano que dá uns belos mimos ao Crespo.
Quem me conhece, sabe que nunca votei no Sócrates, nem no PS. Mas quando um tipo se compara com a Manuela Moura Guedes para atacar o Sócrates e a seguir vejo o Louçã solidário com ele e dizendo basicamente o que toda a direita já tinha dito, confesso que até fico com vontade de votar no gajo.

Enfim. Acho que os jornalistas e os políticos estão bem uns para os outros. Não merecem o vinho que bebem!

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