Não perceberam que não podiam exigir que a lei contemple a prisão das mulheres que abortam ao mesmo tempo que os seus crimes se resolviam com meia dúzia de ave-marias e uma oportuna mudança de paróquia. (in Jumento)
Ora aqui o esencial da questão. A igreja católica não é má porque alguns dos seus membros são maus e cometem crimes. É má quando protege os criminosos e permite que persistam nos seus crimes noutro local. Impunemente. É socialmente iníqua quando é uma força de pressão organizada sobre a regulamentação da sociedade laica e depois se furta ela própria às leis dessa sociedade.
Neste tempo de festas católicas (na verdade roubadas ao calendário de tradições pagãs) a igreja tem tido um tempo de antena gratuito que só rivaliza com os grandes clubes de futebol. Neste tempo em que continuam a vir à luz mais notícias sobre os abusos sexuais cometidos por padres, que têm feito os mais destacados membros desta organização? Contrição? Penitência? Arrependimento? Pedir desculpa às vítimas? Entregar os acusados à justiça? Nada disso. Antes, salvo raras excepções, têm sido unânimes na desculpabilização, no silêncio e até, pasme-se, na vitimização de uma campanha semelhante à anti-semita (não percebi se à dos nazis com quem pactuaram durante décadas se à sua própria perseguição e matança de judeus que sempre acusaram da morte de um alegado Jesus). Considero isto é um verdadeiro insulto à humanidade, incluindo os crentes cristãos.
Também por estes dias, e ainda nos domínios da fé religiosa, horrorizamos com os atentados de Moscovo e sabemos que pelo menos uma jovem de 17 anos se fez explodir espalhando a morte à sua volta. São as chamadas "viúvas negras" instrumentalizadas por um qualquer líder político-espiritual. Não se compreende como em nome da fé se pode causar a morte e o sofrimento de inocentes, mas a história das religiões, está cheia de episódios destes.
Um libanês muçulmano vai em perigrinação a Meca (obrigação religiosa islâmica para todos fazerem pelo menos uma vez na vida) é preso, acusado de bruxaria, julgado e condenado à morte por decapitação em público. Isto na Arábia Saudita, país que integra a Organização das Nações Unidas desde 1945.
Eu que me concebo como ateu, atinente a uma enorme curiosidade transdisciplinar, iconoclasta dos quatro costados, não consigo parar de me interrogar e inquietar sobre estes acontecimentos. Espanta-me que toda a gente inteligente não o faça. Como é possível que em nome de uma convicção íntima num suposto deus que apelidam de bom, de amor ao próximo, que pode tudo e mais alguma coisa e ainda lhe sobra tempo porque é infinito e por aí fora, se espalhe tanta morte e sofrimento no mundo?
Devem ser mesmo os mistérios da fé...
3 de abril de 2010
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