5 de dezembro de 2008
O Modelo, a Popota e o Tony Carreira
Dum ponto de vista meramente convencional, a maior parte dos discursos que nos entram em casa em prime time, não passa de ruído. Mas, tal como na música, tanto o ruído como o silêncio podem servir intenções estéticas ou buscas transpoiéticas (esta até a mim me surpreendeu). O ruído de um tipo da bola que fala mal e nada tem para dizer vende uns minutos de publicidade num painel animado estrategicamente colocado por detrás. O Marcelo vende-se a si próprio nos gafanhotos que debita sobre tudo incluindo o partido de que já foi presidente e quer e não quer voltar a ser. A Ferreira Leite fica em silêncio cageano alternando com a aleatoriedade stockhauseniana. O Cristiano Ronaldo ganha uma bola de ouro enquanto que o Benfica tem que ganhar oito a zero a não sei quem para não sei o quê. Acontece-me às vezes, surpreender-me a trautear um comentário do Cavaco ou do PauloBento. Uma música pimba que nos fica no ouvido. Enfim.
Hoje queria falar do Modelo. A cacafonia dos últimos tempos faz-me lembrar um exercício antigo que consistia em inventar um relato de futebol numa suposta língua chinesa em que as palavras bola e golo se diziam como em português. É assim que me soam quer a Grande Orchestra Syndical quer a Camerata Ministerium:
只口喝的乌鸦在路边发现 modelo了一个装了半瓶水的长颈瓶。modelo 地直立在干涸的泥土里 modelo,而且瓶口 modelo 比较细而且很深,modelo 乌鸦的嘴巴根本够不着。modelo 怎么办? modelo 聪明的乌鸦用嘴巴将路边的一块 modelo 块小石头放到了瓶子里。 不一会的工夫,石头已经填满了瓶子 modelo,瓶子里的水位升高了。最后乌鸦终于喝到 popota 了tony carreira 甜美的瓶 中水。neste natal 但瓶子牢牢
Há coisas incontornáveis. A invasão e a generalização de uma cultura de gestão por objectivos e a introdução de sistemas de avaliação nos diferentes níveis das organisações parece ser uma realidade donde não há fuga possível. Se calhar, o melhor mesmo é aproveitar algumas coisas boas que isso tem e procurar melhorar aquelas que são verdadeiras patetices irrealistas e que só estorvam o cumprimento da missão de um organismo.
A mobilização dos professores é admirável a vários títulos. Fez o que ninguém fez no resto da Administração Pública que já se entretém com o SIADAP há quase quatro anos. A princípio percebia-se o que queriam numa melodia mais ou menos cantabile e entendia-se a sua resistência a um processo que se desejava ver simplificado. Da parte do ministério, as vozes do que parecia um canto firme entram em sucessivo glissando e assiste-se a uma bemolização das ideias. A frente sindical empolga-se num crescendo até ao tutti finale no dia 3 de Dezembro. Só que, em sucessivas modulações, já se perdeu o tema em ambas as formações e o público já fica incomodado com a algazarra e daqui a pouco começa a patear.
Já se comenta entre o público que é preciso outro arranjo musical, outra harmonização.
O ministério sai mal, pela porta dos artistas e os professores, embora saindo pela porta principal autoglorificando-se como vêm cantando os seus hinos, não escutam as vozes que já lhes dizem que eles não querem é avaliação nenhuma - nem a do modelo nem a do pingo doce.
Como para o ano vai haver, para o próximo natal devemos ter novo concerto, desta vez com a Leopoldina e o Quim Barreiros.
(Já se diz por aí nas coxias laterais que o maestro vai substituir o outro na CGTP.)
20 de novembro de 2008
Coisas do amor na boca dos poetas
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.
Ontem na Biblioteca Municipal António Ramos Rosa - Sessão comemorativa dos 50 anos de vida literária de dois poetas por aqui nascidos ou crescidos. António Ramos Rosa e Casimiro de Brito.
18 de novembro de 2008
livreiros entre outras coisas (III)
É impossível ir lá e não me lembrar com saudades de um outro livreiro e uma outra livraria que frequentei durante anos, na minha adolescência em Santarém. A Livraria Apolo do Manuel Castela era, pelos anos 70, uma verdadeira Escola-ATL- Sala de Estudo- AfterAulas para um vasto grupo de jovens que gostavam de livros, de música, de tertúlia e de aprender com os mais velhos. A maior parte de nós não tinha dinheiro para comprar livros ou discos, mas passávamos lá tardes inteiras a ler, a ouvir música, ou simplesmente a conversar. O Castela era assim uma espécie de tio da malta e deixava-nos ler os livros sabendo que não os iríamos comprar. E conversava connosco, e fazia perguntas sobre o que líamos e ia buscar outro e aconselhava a leitura. De vez em quando queixava-se de que alguém tinha roubado (acho que ele dizia levado) um livro, mas até parecia encarar isso como uma espécie de taxa para a elevação cultural. Pior era quando a Pide passava por lá e apreendia livros «comunistas» e discos do Zeca e outros revolucionários; aí ficava fulo e praguejava o dia todo.
O Castela morreu há cerca de 25 anos. Não sei se aquela cidade lhe fez alguma homenagem. Mas, se não fez, devia. Também eu lhe devo boa parte do gosto pelos livros, do gosto musical e do desejo de saber.
Para a memória.
4 de novembro de 2008
Sonhâmbulo
27 de outubro de 2008
Provavelmente
Outras notícias especulam sobre as convicções religiosas de Obama. Para uns, é preto e provavelmente muçulmano e tem uma avó muçulmana e isso basta para que não sirva para presidente. Para os judeus, as suas ligações familiares à religião muçulmana até podem constituir uma vantagem para ajudar a resolver o conflito israelo-árabe.
Anselmo Borges, padre, filósofo e teólogo católico acha que a campanha é positiva porque provoca as pessoas e as faz pensar, mas sustenta que a existência de deus não é uma questão de ciência.
Eu costumo afirmar-me como ateu. Dizem-me muitas vezes como podes ter a certeza? ou quanto muito, és agnóstico. Continuo a dizer que sou ateu. Que sei que deus não existe. Não existe em mim, embora possa reconhecer que exista nos outros. Assim no plano puramente ontológico, concordo com Anselmo Borges: não é questão de ciência; é uma questão de crença e reinvindico a mesma validade para crença ateísta como a que é dada à teísta. E estaria disposto a concordar mais com Borges se a crença religiosa se limitasse a essa esfera íntima da relação de cada um com a sua consciência existencial, com os mistérios da vida e da natureza, com a transcendência. Mas no plano social e da vida da humanidade o assunto não pode ser escamoteado e varrido assim para o departamento da fé e não se fala mais nisso. É assunto de ciência, sim. Pode ser indagado pelas ciências sociais e políticas.
Estou convencido de que a existência de deus só tem feito mal ao mundo. Muito mais que a não existência. Os que crêem em deus tem-se revelado muitas vezes mais cruéis e desumanos que os não crentes. Já se matou e infligiu sofrimento a muito mais gente em nome de deus que em nome do ateísmo. Mas isto são apenas hipóteses que a ciência pode confirmar ou refutar. Provavelmente.
Nada tenho contra quem crê que deus existe e que é bom e é amor e nos conduz ao paraíso eterno. Que cada um viva essa crença da melhor forma e seja feliz.
Resistirei sempre aos que falam em nome de deus e apenas com essa autoligitimação procuram impor aos outros a sua verdade, o seu domínio, o seu controlo ou a sua opressão.
E, provavelmente, deus não existe. O melhor mesmo é procuramos viver de forma satisfatória, em equilíbrio com a natureza e tentar deixar este mundo habitável para as gerações seguintes.
22 de outubro de 2008
O puto
O contador vai de jumento
Por aqui, há muito que não dispensamos uma visita diária. Pelo apanhado das notícias, pelos comentários críticos, pelas belas fotos-jumento e sobretudo pelo bom senso de humor.
Um abraço (ou seja, um amigável par de coices)
10 de outubro de 2008
Em vias de mais ou menos assim-assim
8 de outubro de 2008
Em vias de qualquer coisa
Não duvido que haja nisto uma intenção honesta de progresso e de legítima defesa do interesse público, só que a par disto (ou mais à frente ou mais atrás, como facilmente se compreende num país a várias velocidades) coexistem movimentos nitidamente contrários a este propósito tantas vezes apregoada como marca distintiva do regime ou deste e daquele governo.
O que acontece é que muitas vezes a energia gasta, na maior parte dos organismos do estado, em torno dos mecanismos procedimentais e de controlo e avaliação, é extraordinariamente superior aquela que é utilizada no cumprimento da missão, ou seja, na produção efectiva de resultados, satisfação de necessidades que justificam a existência do próprio serviço.
Estou a lembrar-me de pelo menos duas situações para as quais se produziu legislação radical e depois de bem espremidinha a montanha nem um ratito pequinino de lá sai. Refiro-me a lei do tabaco e à que obriga à afixação do preço dos combustíveis nas autoestradas. Segundo julgo saber, a competência para fiscalizar o cumprimento da lei estará acometida à ASAE, para a primeira e à Estradas de Portugal; EPE para a segunda, organizações que já mereciam ser casos de estudo.
Quanto à lei anti-tabaco (Lei nº37/2007 de 14 de Agosto), as exigências colocadas aos estabelecimentos eram tão severas relativamente à separação dos espaços para fumadores e não fumadores que a muitos só deixou a possibilidade de espaço para não fumadores. A ASAE atacou em força, aplicou umas multas, mas nem sequer insistiu muito. É claro que os fumadores também protestaram, mas não se sabe bem que efeito é que isso teve. O que é facto é que a ASAE praticamente desapareceu e, nos sítios onde antes até havia uma convivência pacífica entre fumadores e não fumadores, por divisão não fisicamente separada de espaços, é hoje comum os cafés e restaurantes assinalarem com o autocolante azul todo o espaço com permissão para fumar. Ficou pior do que estava, pelo menos para os não fumadores e para a saúde de todos. A lei não foi alterada, mas não se aplica devido a uma espécie de desobediência civil incontrolável.
No caso da afixação obrigatória de preços dos combustíveis nas autoestradas dá-se uma situação semelhante. O Decreto-Lei nº 170/2005 de 10 de Outubro estabelece a obrigação de indicação do preço de venda dos combustíveis e cria regras para a sua indicação nos postos das auto-estradas e contém verdadeiras pérolas normativas no seu articulado como o que aqui se transcreve:
1 - A informação sobre o preço de venda a retalho dos combustíveis comercializados nos postos de abas- tecimento ao público existentes nas auto-estradas deve constar de um painel contendo a identificação dos combustíveis mais comercializados e respectivos preços oferecidos nos três postos de abastecimento seguintes no percurso em causa, no mesmo sentido de trânsito.
2 - Do último painel do percurso em causa, a colocar antes do penúltimo posto de abastecimento existente, deve constar a identificação dos combustíveis mais comercializados e respectivos preços oferecidos nos dois postos de abastecimento restantes.
É claro que ninguém está a cumprir a lei. O que faz sentido é obrigar cada uma das estações de serviço a informar sobre os seus preços e não sobre os dos outros; cabe ao consumidor decidir como entender. Ao que parece a lei que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2006 e não consta que tenha sido revogada, continua por aplicar. Parece também que nenhuma concessionária de autoestradas que é quem é reponsável pela afixação e actualização dos paineis terá sido multada.
Também aqui a fúria legislativa se esfuma na impunidade. Tanto dos prevericadores como daqueles a quem é suposto fiscalizar o cumprimento da lei.
7 de outubro de 2008
Farrobinha de Outubro
Tirando isso, fico descansado.
2 de outubro de 2008
Optimus Home - um serviço do outro mundo
Optimus Home - consigo até à última morada.
Os serviços públicos é que costumam ser o bombo da festa com estas situações anedóticas. Desta vez não é nenhum serviço público.
(recebido por mail)
25 de setembro de 2008
Conversa de caserna
O nosso ministro foi a Bruxelas fazer não sei o quê numa reunião e toca de falar da mulher
Hoje também é
Dezasseis mil e setenta e quatro dias é a medida que já leva o poema.
Há sempre uma flor e um verso perfumado quando nasce o dia.
24 de setembro de 2008
Tempus fugit
Temos o Crepúsculo civil às 06:55 e às 19:51, o Crepúsculo náutico às 06:25 e às 20:21 enquanto que já o Crepúsculo astronómico ocorre 05:54 e 20:51. A Lua minguante está visível entre 01:54 e 16:46.
O dia de hoje tem a duração de 12h 03m. Amanhã o dia terá menos 2m 20s .
17 de setembro de 2008
Radex e coisas assim mais ou menos mágicas
Portas
10 de setembro de 2008
Projectos
Disse há dias G., filho de um colega meu e que ainda não fez 4 anos.
7 de setembro de 2008
5 de setembro de 2008
Vindima
Repetem também os discursos com umas pequenas alterações, como se fosse uma matriz de dados que se preenche todos os anos: daqui do Valdaque já tirámos três mil e quinhentos quilos de uvas este ano; o Casalinho está um pouco melhor, mas tem menos grau, é da rega; na Guarita estragou-se muito, foram as geadas...
De muitas décadas de volta das vinhas sobra-lhes a angústia de não saber o que vai acontecer quando não conseguirem cuidar delas. Sei que para eles ver as terras por amanhar os fará morrer mais depressa. O rendimento que dali tiram não paga o trabalho e isso torna a exploração agrícola praticamente inviável. Isso é o que pensará qualquer agricultor, ou engenheiro ou qualquer pessoa. Mas não estamos a falar de uma exploração agrícola; é um modo de vida. Vivem do trabalho, do amor à terra e não do seu rendimento. Subsistem com uma parca reforma donde ainda tiram para comprar uns adubos ou gasóleo para o tractor.
Foi daqui que nasci e me criei. Comecei menino a fazer vindimas de sol a sol, um dia inteiro de mãos pegajosas do mosto, dores nas costas e algumas picadas de abelhas. Devia lá estar agora para o rancho ser maior.
4 de setembro de 2008
Hesito. Êxito. Exit. Existo.
1 de setembro de 2008
Silêncios
Uma composição de John Cage.
Já fiz melhor, mas sem público.
Este post vem em diferido e não corrresponde ao estado de alma.
28 de agosto de 2008
Sobre a ardósia
29 de julho de 2008
Al 'Buhera
Guardei o brilho do teu olhar enquanto dançávamos as canções rancheras.
A Lila Downs estava tão entretida a cantar que nem notou nada.
28 de julho de 2008
Concurso em curso
A história, do século passado e é anterior ao choque tecnológico e à empresa na hora rezava mais ou menos assim:
Uma empresa de média dimensão precisa de preencher um posto de trabalho na área do secretariado de administração. Como é uma empresa moderna, com intenções de se lançar no mercado nacional e internacional e quer demonstrar que cortou com os métodos tradicionais de arranjar um emprego para o filho ou sobrinha de um amigo-a-quem-em-tempos-também-pediu-um-favor, ou porque a menina tem um palminho de cara e se nem sabe escrever à máquina, logo aprende... Não. Trata-se de uma aposta no futuro, um projecto proactivo e filiado nas boas práticas de gestão e por isso recorre a uma empresa especializada na selecção e recrutamento de recusos humanos. Esta, por sua vez, faz publicar um anúncio nos jornais, entre os quais e obrigatoriamente, o Expresso; recebe as candidaturas municiadas do respectivo Curriculum Vitae; após uma primeira selecção convoca os candidadtos e procede à entrevista; analisa e pondera todos os factores; elabora o relatório e prepara a apresentação ao seu cliente. São apresentados os três candidatos, duas mulheres e um homem que segundo os critérios da empresa de RH mais se ajustam às exigências do posto de trabalho. O administrador que é também o dono da empresa ouviu com algum enfado a apresentação e as explicações detalhadas das características e competências específicas de cada um. No final, folheou maquinalmente o relatório por mais uns momentos e proferiu com decisão: Muito bem. Contratamos a loira.
Também nos diferentes níveis da administração do Estado as coisas têm vindo a mudar. Ou não?
Hoje o processo de recrutamento para quase toda a administração pública é feito por consurso devidamente publicitado nos orgãos oficiais e obrigatoriamente no site da BEP (Bolsa de Emprego Público). Exceptuam-se os casos, também esses identificados e assumidos, em que a nomeação se faz por confiança política.
A mim nem me choca que um alto dirigente da administração pública, responsável por um determinado projecto possa nomear os seus colaboradores mais directos na base da confiança pessoal (não distingo se é política, ou técnica ou outra) desde que tanto uns como outros, estejam sujeitos a escrutínio e avaliação e tudo seja claro. Acho, de certa forma aceitável para o estado de direito não garantir sempre o princípio da igualdade de oportunidade em situações em que há delegação de competências e que a escolha possa ser feita por confiança. Tem é que ser transparente e público.
A administração local, só por si encerra um mundo de contradições muito particular. O Poder Local é uma das maiores contruções da democracia e tem-se mostrado capaz tanto das melhores realizações para o bem estar das populações, como dos piores e impunes crimes contra o ambiente, o urbanismo e a cultura. Mas fiquemos pelo recrutamento de dirigentes autárquicos.
As autarquias locais também são e muito bem, obrigadas ao processo concurso para recrutamento de pessoal, incluindo o pessoal dirigente, nomeadamente o de nível intermédio. Sabemos todos que ainda que por vezes se abre um concurso que apenas tem por finalidade regularizar a situação de uma pessoa que já desempenha e até com elevada qualidade, aquela função, ou para promover alguém que efectivamente até merece. Mas um concurso é um concurso; é aberto a todos que satisfaçam as suas exigências e... tudo pode acontecer. Sei de um concurso cujo aviso de abertura praticamente tinha as fotografias dos destinatários e vem alguém de fora e fica em primeiro. Tudo pode acontecer mesmo.
A primeira estratégia parece ser desencorajar os potenciais candidatos. Redigir um anúncio que dentro da forma regular possa deixar a ideia de que já há alguém para aquele lugar. Já vi muito disto, mas parece que há uma nova geração de génios criativos especialmente vocacionados para o non sense a trabalhar nos departmentos de RH.
Vejamos:
A Câmara Municipal de Loulé pretendendo recrutar dirigentes para as suas estruturas, no caso, a macroestrutura organizacional dos serviços municipais publicada no Diário da República, II Séria, N.º35 de 19 de Fevereiro de 2008 torna público através do DR e depois da BEP, a oferta de emprego com o código OE200807/0288, para Chefe de Divisão para o qual se exige a habilitação de Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, complementada com Mestrado na área. Até aqui quase tudo bem se não tivermos em conta que não se explicita qual a área funcional (suponho que é a que se refere no Dr nº 35 que não consultei) e que no conteúdo funcional se remete para o óbvio inerente ao cargo a prover. O cargo é de chefe de divisão e se não importa a área, para quê a especificação das habilitações?
O mais surpreendente, para quem esteja interessado em concorrer vem logo a seguir. No perfil, para além das competências comuns a este nível de dirigentes acrescenta-se algo finalmente clarificador: experiência profissional comprovada no âmbito da reabilitação e intervenção urbanas e na edificação e urbanização das autarquias locais e formação profissional específica e/ou relacionada com a área funcional posta a concurso, como não podia deixar de ser.
Um telefonema para o número indicado (geral da Câmara) passa de voz em voz até que finalmente (isto porque a terceira senhora foi um pouco mais simpática que as anteriores e disse que havia um número directo para os concursos, mas que mesmo assim ia passar a chamada à sua colega que ainda não era a última) me responde alguém que pode falar dos concursos.
Fiquei a saber que o lugar é para chefe de divisão da Biblioteca e arquivo Municipal e às minhas dúvidas quanto à relevância da experiência profissional exigida, não sabia responder porque receberam aquilo assim para publicar. Não desisti e quis saber quem podia esclarecer. Só a Directora de Departamento, a drª ***
Que azar o meu .
Tenho um amigo que tem as habilitações exigidas e até fez uma tese sobre "A poesia dos alçados laterais" e tem uma vasta experiência em dobrar esquinas. Estava para lhe dizer para concorrer, mas não sei se ele é moço para bibliotecas e arquivos. Ele é mais de andar ao ar livre e ler ao sol.
.
21 de julho de 2008
Dar de Vaia -1984
Aqui ficam duas. Duas histórias entre outras que talvez um dia conte ou reinvente.
Italiano senza maestro
Prima lezione.
Já aprendi outras línguas a cantar.
Encantemo-nos, pois. E a-prendamo-nos.
Dio Come Ti Amo
Nel cielo passano le nuvole
Che vanno verso il mare
Sembrano fazzoletti bianchi
Che salutano il nostro amore.
Dio come ti amo non é possibile
Avere fra le braccia tanta felicitá
Baciare le tue labbra che adorano di vento
Noi due innamorati come nessuno al mondo.
Dio come ti amo mi vien da piangere
In tutta la mia vita non ho provato mai
Un bene così caro, un bene così vero
Chi può fermare il fiume che corre verso il mare
Le rondine nel cielo che vanno verso il sole
Che può cambiare l’amore mio per te.
Dio come ti amo Dio come ti amo.
(Domenico Modugno)
19 de julho de 2008
Cuscuz
Mais importante ainda é o peixe ser fresco e as postas sairem inteiras!
Então e os legumes bem estufados? Isso é que é!
Pode estar tudo muito bom, mas os pimentos!...
É este o segredo do cuscuz e talvez do mundo em que vivemos. O encontro dos diferentes ingredientes, ainda que com eles venham também alguns dramas e amargos de boca.
Ontem não te dei a mão no Charlot. Seguia-te pela strada 35 sem saber que te dirigias para Arezzo do Guido do solfejo. Também não sabia que aí tinha sido filmado "A vida é bela" quando pela manhã te escrevi buon giorno principessa. Há muitas coisas que eu não sei e depois penso que até parece que sabia.
Já penso noutro cuscuz doutras culturas. Papaia, sumo de manga, doce de tomate e um café acabado de fazer. Tudo à tua espera no quintal, debaixo do grande chapéu.
O segredo de um cuscuz /La graine et le mulet
Realizador: Abdellatif Kechiche
2007
(No filme há um barco chamado La Source. Não pude deixar de me lembrar da nossa Quinta da Fonte. Coincidências.)
4 de julho de 2008
Bebé Luís Filipe
Juntos, já estudámos , fizemos trabalhos, jantares, caminhadas, praia e amigos.
Há dias falámos ao telefone. Queria eu saber de férias e encontros e mais abraços.
Este anos não marcámos nada. Vou ter um bebé.
Senti-me logo culpado por nunca mais me ter lembrado dessas esperanças, nem ter perguntado nada sobre a gravidez. Sim, claro. Vais ser avó... Ao que ela prontamente atalhou. Vou é ter um bebé!
Hoje mandou-me um mail a apresentar-me o seu bebé.
A minha amiga está tão feliz e essa contagiante e terna felicidade só pode ser o melhor para se crescer bem.
É o que eu desejo a esta família com o maior carinho.
Grande abraço G. e também aos pais F. e S. e tia I.
Felicidades
2 de julho de 2008
Tenho dias
Deve ser de dormir pouco. Explico-me assim eu que tenho a mania de desenvolver teorias sobre todas as coisas. Sobretudo durante aquele tempo matinal entre o sono que se foi e o acordar que ainda não chegou. Ou então, outra teoria, estarei a sicronizar-me com os ciclos. Assim como que por contágio, por simpatia.
Sei que há dias em que nos sentimos com menos energia e talvez devêssemos deixar-nos quietos ali a aboborar, mas isso raramente acontece porque há outros que precisam de nós, esperam por nós, esperam de nós, mesmo que seja apenas uma palavra, um sorriso, uma mão.
Curiosamente, é essa acção que também nos anima e activa a energia que julgamos não ter.
Há dias em que precisamos mesmo de ser abraçados ao acordar. E assim, a sonhar com o abraço, com a pele, acorda-se a força para abraçar mais e o ânimo para partilhar, somar e multiplicar, mesmo sabendo que nos espera um dia difícil.
Podia arranjar várias teorias explicativas para este estado de alma, mas parece-me que tudo isto se deve ao facto de estar cheio de saudades tuas.
23 de junho de 2008
Alma algarvia
18 de junho de 2008
Fazer de conta
15 de junho de 2008
€urocoisa
Parece que a semana de trabalho pode ir até às 60 horas.
É uma decisão tomada pela maioria dos ministros do trabalho dos governos da UE que ainda falta ratificar pelo Parlamento Europeu.
Os ministros do trabalho de Portugal e Espanha estão entre os que se opuseram. Justiça lhe seja feita.
A comunicação social quase não falou disto.
Ah. A Suiça, pois...
Os flamingos
Fruta de um domingo a sul
Vencida a vertigem (coisa pouca) levanto-me devagar e abro as portadas e encho-me de sol, logo ali. A meus pés balouçam vinhas verdes que se misturam com goiabas.
O sol faz saltar a fruta que amadurece ao seu ritmo.
A ritmos diversos, como as pessoas.
Como eu sinto também que me amadureço a tempos diferentes. E me sinto ainda verde, em tantas coisas (e salta-me aqui na lembrança algo que li ainda criança, atribuído a Paracelso que dizia mais ou menos assim: Aqueles que pensam que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo que as cerejas é porque nada sabem das uvas) e com tanto ainda para aprender.
É claro que penso isto como uma forma de dizer a mim próprio que ainda me sinto jovem e tal. Mas, por outro lado, sem aquilo que vivi e deixei amadurecer em mim, talvez não fosse capaz de o dizer.
Na mesma árvore há fruta completamente madura e outra que lá chegará se antes não cair ao chão com uma rabanada de vento mais forte.
Quando soube que tinhas falado em domingo como fruta fora de tempo amadurecida em estufa, já tinha colhido esta manhã de domingo para trazer aqui fruta da época temprada pelo sol.
Acho que depois da próxima lua cheia podemos comer pêssegos.
13 de junho de 2008
Porra Pá
Vaso de manjerico
6 de junho de 2008
€urobola e outras manhas
E assim sendo, já lá vão uma data de linhas e ainda não disse nada, passemos à análise dos factos mais recentes. A selecção nacional foi primeiro para Viseu e não sei se passou por Fátima. Se não passou devia porque se essa santa foi capaz de livrar Portugal do Prestige mais facilmente soprará uma bola para dentro da baliza do inimigo, digo, adversário. E pelo que tenho observado a ajuda divina é tão importante como as tácticas. Em Viseu o povo saiu à rua e o Tony Carreira também. É o destino, dizem.
E o destino é a Suiça com bandeiras portuguesas nas janelas e sardinhas assadas com minis da Sagres. Os nosssos emigrantes que andam lá fora a ganhar a vida estão de alma e coração com a selecção. E com o Tony Carreira também.
Mas a bola não é só isto, ou não é sobretudo isto. Há um capítulo dourado e um outro final que pertencem a uma modalidade designada justiça desportiva. Há quem não entenda este aparteid judicial, mas isso é porque não vêem os telejornais. As televisões e os rádios gastam metade do seu tempo a tentar explicar estas coisas aos portugueses, todos os dias e mesmo assim há quem não entenda. Eu confesso que também resistia, mas assumo que era por puro preconceito. Agora entendo melhor porque tem que haver uma justiça desportiva, uma fiscalidade desportiva, uma ética desportiva e sobretudo uma consciência tranquila desportiva. Esta não sei muito bem o que é, mas se tanto o Valentim como Pinto como o Madaíl estão sempre a referi-la, é porque existe e é importante.
Entretanto, e seguramente para desviar as atenções do povo que está mobilizado para esta grande missão de apoiar a selecção, fazem uma manifestação contra as políticas laborais do governo que alguns teimam em afirmar que juntou quase um quarto de milhão de trabalhadores quando todos sabemos que pouco passou dos duzentos mil. Enfim, as confusões do costume.
E depois ainda são capazes de dizer que a bola é que dá discussões sem sentido.
Parece que a entrevista do Pinto da Costa teve mais audiência que a do Manel Alegre.
(Faz mais poemas ao Figo, faz!)
5 de junho de 2008
Teatro de roda
Também eu passei pelo Teatro Laboratório de Faro. Tinha feito o primeiro curso logo em 1981/82 e era, simultaneamente "actor estagiário" na companhia. Percorremos o Algarve a fazer a "Alice no país das maravilhas" com cenários e adereços às costas desde Aljezur a Vila Real de Santo António, passando pela ilha da Culatra (muito antes de ter sido descoberta pela Olga Roriz). E quando digo, às costas, não é figura de estilo. Era mesmo a carregar. E a Isabel Pereira já tão grávida naquele verão tão quente. Depois foi o "Pic Nic" do Arrabal onde fui substituir o Zé Ananias e fazia de soldado acompanhado pelo "inimigo" Pedro Rosado visitado pelos pais Zé Louro e Isabel Pereira na frente de combate. O desempenho era seguramente melhor nos happenings que na peça, mas pronto.
No meio disto tudo lembrei-me da Veva que foi para a Comuna e depois disso só a vi uma ou duas vezes em faro e em Lisboa, assim por acaso. Lembrei-me dela, há dias também por outras conversas com a minha rapariga, sobre a Comuna e sabia que tinha feito uns coros com o José Mário Branco.
Descobri, numa rápida pesquisa que a moça anda aí com imensos projectos para crianças e não só.
Associo-me também aos parabéns pelos 25 anos do Teatro Análise da Casa da Cultura de Loulé.
Um forte abraço.
30 de maio de 2008
26 de maio de 2008
Há muito que não abasteço na GALP, na BP nem na REPSOL. Só mesmo em último caso.
Só por curiosidade. A GALP vende mais barato em Espanha. Para quem gostar muito.
20 de maio de 2008
Os TICs do presidente (ou os bons exemplos)
Esta história deixou-me a pensar no contributo que as crianças podiam dar à política. Em vez de jornalistas e grandentrevisteiros e mesaredondistas profissionais seria bom era pôr apenas as crianças a fazer perguntas aos que se querem fazer eleger. As crianças não votam, mas nada os impede de fazer perguntas.
Mas sua excelência tem outro caso com jovens adolescentes de uma escola, quando era primeiro ministro. Vi-a a reportagem recuperada por Júlio Machado Vaz, acho que na primeira série do Sexo dos Anjos, a que passava a horas decentes. Sua excelência visita uma escola que incluia contacto com os alunos. Nenhum político resiste à moldura das crianças que tão bem fica na televisão. Duas alunas entrevistam sua excelência, uma outra regista em vídeo. Senhor primeiro ministro, com tantos afazeres que dá governar o país, ainda tem tempo para o amor? Aqui ainda foi pior do que com o João. Sua excelência tem um esgar meio sorridente, os olhos procuram qualquer referência na memória. O amor..., a gente quase o ouve a pensar, eu dei isso... mas em que ano? em que manual? E a resposta lá vem. Bom... sabem?... Não são agora duas fedelhas, com perguntas manhosas, muito provavelmente industriadas pelos pais que atrapalharão sua excelência que a esta hora já nem sabe muito bem o que lhe perguntaram. Ainda me acho um homem jovem e, de certa forma atraente para as mulheres... E o resto foram sorrisos e subentendidos, como quem diz: Se acham que eu estou arrumado do ponto de vista sexual estão muito enganadas; vão lá dizer aos vossos pais que aqui o je ainda se sente muito homem e capaz de romper meias solas ou de pintar a manta como quem decora o valor do PIB. O que é que julgam?
Isto é que são bons exemplos que as TIC nos permitem ver. No tempo do Tomás e da dona Xtrudes os exemplos só eram conhecidos através de anedotas contadas baixinho.
21 de abril de 2008
Abrilosto
Ele há meses assim. É pena porque Abril é Abril. Sempre.
Há muito tempo aprendi com o Boris um certo jogo dos meses e logo me pus a inventar, entre brumários e semeadores, meses de quinze dias e duas semanas consoante as luas.
De Janarço a Febrosto podem decorrer apenas três marés e dois dias de chuva miudinha, por exemplo. O natal é em Dezembrulho por via das prendas e o mês de todos os encantos é mesmo o Setembraio.
E tudo isto como forma airosa de não falar do turismo sénior na Madeira. Para não ficarmos mais encavacados com senhor que só traz bom tempo amais a sua dilecta senhora que não gosta de números. O que lembra um outro divertido casal que na primeira vez que lá foi, depois da última em que lá tinha estado, fez idêntica figura, aquando da inauguração do chafariz no largo da igreja.
Mas isso foi antes de Abril.
17 de abril de 2008
Paradoxos
14 de abril de 2008
Primavera. A verdadeira. A primeira
Uma segunda feira de primeira.
Afinal, não é preciso muito para se ser feliz.
Há muitas razões para achar estranhos os homens que apanham conchas. Li um dia.
O seu pensamento parece muitas vezes ser tão consistente como o desenho das ondas ou as pegadas que deixam na maré baixa. Mas isso deve ser do desejo constante de voar.
Depois misturam o cheiro da maresia com o da cama de estevas e espalham esse aroma pelos caminhos. E vão.
10 de abril de 2008
Madrugadas de chuva
Vou até ao outro lado da cama colher um abraço que não mora ali.
No entanto, jurava que tinha sentido o teu respirar no meu ombro.
Volto a adormecer como se nos tivéssemos beijado.
3 de abril de 2008
Os dias assim
É a luz que vai perdoando as saudades quando a ausência já doi.
28 de março de 2008
Para não dizerem que não falei das flores
Imagem do Barlavento
As flores eram jacintos assim chamados a um ramo de rosas à espera de um casal numa loja de bolos e outro à beira mar à espera do outro casal que tinha um ramo de rosas à espera a que os cinco narradores insistiam em chamar jacintos.
À saída o Sérgio perguntava-me o que tinha eu retirado daquilo. Eu não sabia o que responder, mas levado pelo mesmo espírito da peça, saiu-me mais ou menos o que retiro de um quadro da Kandinsky, mas pronto, nem sei se era isto que eu achava.
Agora with flowers di-lo-ei assim uma espécie de cruzamento híbrido entre minimal repetitiva e pop art sobre o antitexto de uma short story. O texto em português e inglês até podia ser em chinês, desde que bem dito como foi, porque as palavras são música para sucessivas coreografias e movimentos cenográficos e de luz de grande beleza.
Depois, para acabar nada melhor que uma cena de free huggs capaz de contaminar o público.
Isto é para não dizerem que...
27 de março de 2008
AmoTeAtro
Mais tarde, na adolescência voltei a descobrir o teatro e aí era já amor e amador e combate. Valeu uma advertência do comandante da GNR, uma ficha na PIDE, mas o que ficou mesmo foi a experiência de um viver colectivo da construção de uma forma de expressão artística e de dizer algumas coisas que não podiam ser ditas de outra forma.
Depois seguiu-se uma experiência semiprofissional e uma outra aprendizagem. Contactei com pessoas que sabiam muito e tinham uma formação e experiência diferente. Talvez não tenha aprendido o suficiente ou achado em mim bastante talento e deixei que vida me fizesse seguir outro rumo. Mas o "bichinho", como todos dizem, ficou cá e sempre que vou ao teatro passeio-me pelo palco entre os actores, aproprio-me das "deixas" e antecipo as "falas" na minha cabeça.
Hoje, dia mundial do Teatro, vou dizê-lo com flores: