Muitos são os dias que se me despertam com a crónica diária de Fernando Alves na TSF. Hoje, nos Sinais dava conta de uma iniciativa de uns jovens universitários cubanos a viver em Miami pelo que percebi com o intuito de facilitar a aprendizagem e compreensão da matemática, coisa tida como horrorosa por muita gente que não é capaz de "dar por isso" e encontrar-lhe uma beleza comparável à de Vénus de Milo. Enfim. É também típico do FA estabelecer ligações poéticas na intersecção dos planos ou na curva parabólica da memória. É assim que derivar para os "seios esferóides" de uma tal incógnita, objecto de desejo e paixão de um improvável quociente. Na verdade, feitas as contas, o que se multiplica é quase sempre a subtracção e quem de vinte cinco tira resulta menos ganho pelo que faz acrescido de menos feriados e mais horas de trabalho não remunerado. É só fazer as contas, diria um tal outro.
Fui procurar mais coisas sobre a Matemática Picante cujo projecto tem na realidade o nome americano de Spicy Math e fiquei um pouco desiludido. Trata-se de uma empresa de ensino da Matemática, eventualmente com métodos bastante criativos, com um bom marketing à americana, ou seja uma boa fórmula resolvente capaz de extrair dividendos com resto zero em poesia. Fica a ambiguidade do nome bem achado que tanto nos pode sugerir um certo tempero nos cálculos como as matrizes para percorrer todas as linhas sinusóides num raio igual à abcissa.
Ao ouvir isto, eu que trocadilho palavras e treino malabarismos com elas transformei logo o Pi cante em Π Kant e imaginei logo um círculo filosófico atravessado por dois raios de luz crítica. E aquele quociente apaixonado por uma incógnita estaria ali. Afinal "a paixão é o mundo a dividir por zero" como atestam "os infelizes cálculos da felicidade" onde um oito deitado chega ao infinito.
E...
Assim nestas poucas linhas
Fica uma estória banal
Com linhas e entrelinhas
E uma moral convergente:
O infinito afinal
Fica aqui ao pé da gente.
José Fanha
Imagens daqui e dali