30 de maio de 2007

serviços mínimos




A deco andou aí pelos centros de saúde do país a ver como estava o acesso dos jovens a consultas de planeamento familiar Na maior parte dos casos nem passaram da recepção Ou seja Nicles Se quiserem saber como é vão ao centro de saúde da vossa terra e esperem por uma consulta



Pela amostra podemos fazer uma pequena ideia de como vai ser aplicada a lei sobre a interrupção voluntária da gravidez

O melhor mesmo é dirigirmo-nos todos ao santuário de fátima e mais a todas as capelinhas providas a ver se há consultas

29 de maio de 2007

nação caramela


Graças ao ministro otário atacado com o síndrome cerebeloso após o almoço que lhe provocou algumas miragens e outras tontices do género Graças ao marilino tive oportunidade que aprofundar o meu conhecimento sobre os povos do deserto Hoje e através de uns amigos beduínos Que escrevem nas areias que ninguém lê E em particular a princesa do deserto que me guiou pelo trilho Fiquei a saber mais um pouco sobre a grande nação caramela onde parece não viver ninguém para além do camelo do ministro também conhecido na região por màrinho das cunbersas parvas pelo menos para a flc
Queria tranquilizar também o sotor almeida que os activistas da flc não dinamitam pontes Pode ficar descansado nos seus santos delírios Eles é mais o arroto das minis Da sagres ou super boque Tanto faz

28 de maio de 2007

Flores da serra


Guardo na pele os cheiros da serra (e também algumas marcas das roseiras bravas a quem roubei botões para vários crepúsculos de chá) e penso, sem que a chuva me incomode, nos caminhos que havemos de descobrir e trilhar e abrir e inventar fora das estradas nacionais das rotinas do quotidiano.
Crescem-me como borbulhas de desejo, vontades convergentes de abandono dos mapas e achar a verdadeira beleza, perdendo-me no oceano, no deserto, na serra...
Da viagem trago um espólio de sentires partilhados, duas podas de roseira brava, três lírios selvagens e paz quanto satis.
As plantas já estão na terra e vou regá-las, juntamente com a paz, todos os dias.

26 de maio de 2007

berberes tuaregues e o nariz do pinóquio


Eu não sei responder à pergunta do ministro otário que parece agora muito interessado em saber quem são os donos do deserto Parece que a zona foi ocupada há muitos anos por várias tribos caramelas que são assim uma espécie de tuaregues e berberes da margem sul Para além das meninas da beira do sado Claro Pois fiquei a saber através de uma princesa das dunas Uma verdadeira rosa do deserto Que afinal existe por ali vida e coisas que mexem Para além de uma escola que está a ser construída pelos habitantes há um centro que monta principezinhos em cavalos de pau mostra o nariz do pinóquio a crescer nas ventas do marilino (16 junho) põe o mia couto a pregar na biblioteca do deserto do pinhal novo (11 junho)

Mas claro que isto de governar é assim uma coisa extraordinariamente difícil como dizia aquele poeta-dramaturgo Se assim não fosse qualquer um seria ministro mesmo que não soubesse jogar à bola Compreende assim que se queira construir um aeroporto sobre a megapólis da ota Em cima da prestigiada universidade de cheganças e do centro hospitalar da espiçandeira Ou onde já existe o poderoso complexo industrial do eixo paços-aldeia

Esperemos é que não se estenda muito porque para lá de casais das boiças fica alcoentre e acho que não é caso para tanto

21 de maio de 2007

é por imeile charrua

O professor charrua é um homem bem humorado como se prova pelo tempo que passou no hemiciclo E quis fazer graça com um assunto muito sério mas que na boca de um ex deputado não tem graça nenhuma porque vem absolutamente fora de tempo e já se vai perceber porquê O senhor professor e ex deputado charrua de sua graça quis ter graça mas ficou-se por uma desgraçada intenção e vai de lá a sua chefe margarida moreira que andava ali disfarçada de climex esfregona na mão e lenço na cabeça e ouve aquela piada sobre o doutoramento por fax Pronto A margarida tira o lenço larga o balde e a esfregona e Com que então por fax Isso é forma de um funcionário do estado se referir ao primeiro ministro Ele aind adisse Mas eu nem falei da licenciatura na dependente Isso não teria importância nenhuma Toda a gente já sabe da trapalhada que isso foi mas é coisa que não deslustra a governação Mas atacar assim com difamação o nosso primeiro josé de sousa carago (isto passa-se no norte e a margarida usa as vírgulas no sítio certo) não pode ser Toma lá com o estatuto disciplinar da função pública que é para aprenderes e vais para casa com um processo E vira as costas a vociferar corredor fora mas ainda se ouve Por fax Que desaforo Depois do choque tecnológico e do simplex É por imeile seu burro E na hora

18 de maio de 2007

sorri

O que tu precisas é de um sorriso
Um sorriso em forma de estrela
que levanta pó por dentro dos sonhos

Pode ser que venha aí com asas
Acolhe-o Cuida-o
Para que cresça e fique
E nunca se apague

17 de maio de 2007

Parabéns




Fez nove anos
e aprende a ser grande

E engrandece
o tempo que passamos juntos

10 de maio de 2007

sexo no santuário e milagres do plágio


Por acaso até acho bem esta associação entre o sexo e a fé Porque isto é como tudo Uns têm e outros não e vá-se lá saber porquê E também no sexo pode haver boa-fé ou má fé e isso fazer toda a diferença
Também fiquei a saber que o santuário de fátima deve ser um jogador de futebol porque fala na terceira pessoa e assim "o santuário sente-se triste e indignado com esta publicação e tomará as medidas necessárias para que não continue a ser distribuído"
Alguém fez um mapa que anuncia vibradores e pau de cabinda nos caminhos da fé e o santuário sentiu-se triste Tadinho E indignado Com toda a razão Pois

Agora o que é interessante é ver a mesma notícia escrita da mesma maneira em várias publicações Ora (pro nobis) mirem e observem também aqui e digitalmente em portugal

Lindo Quando for grande quero ser jornalista com a ajuda de nossa senhora

9 de maio de 2007

Balada dos dias úteis


... não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho
Alberto Caeiro - Guardador de rebanhos
Destreinei-me de guardar pensamentos talvez por os achar demasiado rebeldes. Deixei-os tresmalhar por campos e colinas e muitas vezes por searas alheias. Pensar não dá trabalho. Não. O que cansa e incomoda é guardar os pensamentos como quem gere um rebanho.
Eu bem gostaria às vezes de juntar todas as coisas que penso e sinto e mais aquelas que nem sei se são uma coisa e outra. E gostaria também de melhorar esta relação tormentosa com a memória que baralha as estórias, ata-as umas às outras vai por aí a correr como os papagaios de papel.
Se ao menos ouvisses os diálogos que mantenho sozinho...
Um dia destes vou contigo para o campo e convoco os pássaros e as flores de todos os matizes para contar-te do meu crescer. E vou até lembrar-me de nomes esquisitos de seres que povoaram a minha infância.
Mas agora o que eu quero mesmo é ir contigo para o mar. E dizer-te, como Hans, para vires comigo para o mar mesmo sabendo que haverá temporais e tsunamis.
Já sei que me dirás sempre: antes isso que marés mortas.

6 de maio de 2007

Sim, mãe


Nunca fui muito de dias disto e daquilo. E sempre vivi dias sim e dias não e outros assim assim sem que fosse o calendário a mandar nos afectos. Tenho para mim que a maior parte destes dias mundiais são produções do mercado e depois coladas assim a uma data, mas isso agora não é importante. Mas para além disso também vou descobrindo uma data de coisas por detrás destas datas.

O que eu quero hoje é deixar aqui um abraço às mães que foram importantes para mim, a começar pela minha. E lembrei-me de uma estória já antiga que se contava daquele grande pedagogo chamado João dos Santos. Uma jovem mãe preocupada com as suas competências para o exercício do seu papel foi pedir conselhos ao mestre João dos Santos. Este ouviu-a calmamente expor todas as suas ansiedades e depois de um momento de silêncio ter-lhe-á respondido: "Faça como lhe ditar o coração. Em todo o caso cometerá sempre alguns erros".

Sim, mães. Hoje é o vosso dia!
lírio roxo do campo, criado no quintal e florido em vaso durante a noite ontem


3 de maio de 2007

maios do sul

A ~CC~ sugeriu onde ninguém lê que explicasse o que era isso dos maios do sul Não sei muito bem assim explicar de explicação Posso é inventar uma meia estória sobre isso Há uma parte que é verdadeira só que não sei qual

Um dia vim para sul e chegou maio Eu que vivia o maio vermelho do trabalhador e da luta contra o capitalismo ouvi Então vamos atacar o maio Como que quer saber se estou mobilizado para a luta E eu Claro Vamos lutar por uma vida melhor para todos Vamos atacar o capital E passava-me um filme na cabeça de uma grande manif a descer a avenida até ao governo civil bandeiras vermelhas e punhos no ar Nada disso Disseram-me A gente aqui começa logo de manhã a atacar o maio com uns copázios de medronho à porta dos vizinhos e depois vamos para o campo comer uma caracolada e para resmoer vamos a umas abarcas Ou simplesmente vamos por aí a ver os maios à porta das casas e nas varandas ou assim nos valados à beira da estrada E eu ainda a pensar em cantigas do maio de ver a minha amada nos campos de salir a encorajar-me para a luta E que os maios poderiam ser activistas com boinas à che e um olhar impreciso porque sempre posto no futuro Mas nada disso Depois explicaram-me os maios são bonecos em tamanho natural feitos com roupas de homem e de mulher e cheios com trapos ou palha ou papel e que frequentemente procuram ridicularizar algum facto ou pessoa mais ou menos conhecida Dizem que é uma coisa muito antiga que assenta numa tradição pagã das festas da primavera
Eu gosto de inventar e já tenho uma teoria muito simples Os maios são espantalhos Acabadas as sementeiras é preciso evitar que a passarada coma o grão e para isso colocam-se bonecos nos campos para afastar as aves Alguém fez um dia um boneco que fazia lembrar um governante qualquer ou um cacique local e sabe-se lá porquê esse foi o espantalho mais eficaz da safra A partir daí todos quiseram fazer bonecos parecidos com alguém que detestavam e apareceram assim o presidente da junta o salazar o sargento da gnr o padre o merceeiro que já não fia o morgado das terras que carrega nas rendas e assim
O boneco mais glosado este ano parece que foi o zé sócrates engenheiro e espanta pardais



foto daqui e há mais


Aqui o baeta também conta coisas algarvias e até mostra maios figurantes e bem comportados





Há uma outra tradição de maios e maias no norte de origem
celta e pode ficar para outra espantação Explicação Digo

(O google que não distingue maios de maiôs e fornece imagens de manequins brasileiras em fato de banho)



2 de maio de 2007

Vamos a isso!

Com licença.
O meu primo Gregório convidou-me. Ele não é bem meu primo, é mais irmão e vizinho e também um puto de que às vezes tomo conta. Ou ele de mim.
Eu bem lhe disse que assim para começar só me poderia dar para a pantominice. Tinha que ser...
Assim sendo, é oficial, tenho o grato prazer de anunciar em primeira tecla que partir de hoje também alinho palavras aqui e, quem sabe, talvez aprenda a contar gaivotas.



Tentarei manter a mesma lógica dos marcadores iniciada pelo Gregório

24 de abril de 2007

abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia

Vamos por aí
Pelas portas que abril abriu
Pelo sonho aberto
Pela luz acesa na magia de um sorriso
Pela serenidade conquistada
Pela paz construída a mãos

A liberdade passa por aqui

Sempre


menina dos cravos (Amadeu de Sousa-Cardoso)

23 de abril de 2007

indomável arlete

Há redes incríveis
Fiquei a saber primeiro pelo respirar o mesmo ar
A seguir puxei uns fios e fui ter a este joão donde trouxe esta foto
É bem possível que nos tivéssemos todos cruzado um dia na casa em que até as paredes falavam
Fiquei a saber que a arlete morreu e continua viva porque se continua numa geração que soube beber da sua intuição do seu saber da sua coragem da sua generosidade do seu combate permanente
Morreu uma grande mulher
O seu corpo será cremado no dia vinte cinco de abril
A saudade fica em nós


rosa rosae rosae rosarum rosis




Há uma certa horta que dá rosas
Dá rosas mesmo
Assim
Toma lá uma rosa
E tem também couves decorativas e crescem alfarrobas na palma da mão
Milho verde com saudades de matilde vê crescer uma estalagem para tartarugas do campo

Depois recebe. Recebe um sorriso sem segredos a lembrar a carly simon E mais quem vier por bem

Um dia ainda conseguirei explicar como é que se mete tudo isto em cerca de vinte metros quadrados de sociologia da acção organizada.
Toma uma rosa
Aceito um crepúsculo com chá

livro é livre em frança

Parece que havia um hábito antigo de no dia de são jorge os cavalheiros oferecerem à mulher que amavam ou admiravam uma rosa Elas correspondendo ofereciam-lhes por sua vez um livro provavelmente com algumas pétalas de rosa ou um escrito encorajador entre as folhas
Terá sido por esta razão que a UNESCO consagrou o dia de hoje como Dia Mundial do Livro
Não sei se esta história é verdadeira mas isso não importa Conta de amores flores e livros e isso confere-lhe beleza Ouvi-a por aí ou sonhei-a ou li-a num livro

Há quem diga que este dia do livro está relacionado com uma tradição nórdica de venda de livros em bancas ao ar livre por estes dias de sol de primavera

Mas eu sei de uma história por contar que poderá ter começado num livro e continuar-se num cacho vermelho das primeiras rosas bravas e mais adiante com brincos de cereja e outras caminhadas num sítio chamado primavera Às vezes até nascem lilases no meio das páginas do livro que se vai escrevendo E fica-nos esse cheiro nos dedos

16 de abril de 2007

dias felizes

O crepúsculo matinal eleva das águas da lagoa uma delicada bruma de encanto
E o rio ali largo como a cumplicidade dos olhares todo a avançar-se para eles
Têm que partir porque lhes doem os ossos de tanto serem esmagados por esta beleza
São mar e rio e desaguam simultaneamente um no outro na magia das marés
São vale e arribas sendeiros planalto Gaivota que pedala e pede alma até o'neil
E sempre vigiadas de perto por um cão chamado bruno que ladra por dever de ofício mas que é mais dado a reflexões silenciosas
Acho que um dia destes o bruno vem aqui contar tudo como deve ser
Como deve ser
Digo eu

9 de abril de 2007

reforma ou revolução

Quando escolhi este ofício de contador não tinha bem a noção de que isto era uma actividade de desgaste rápido Contar gaivotas cansa Elas às vezes são inquietas e fazem-me voltar ao princípio como sísifo a escrever na areia
Pensei que devia meter os papeis para a reforma Já vi quem por menos serviço público acumule reformas
Depois pensei que podia fazer assim uma espécie de trespasse gracioso a quem prometesse cuidar bem da praia Terá que vir cá de vez em quando nem que seja só para cheirar a maresia e acenar às gaivotas Tenho a certeza que o resto virá por acréscimo
Mas acho que não vou fazer nada disso
Vou fazer uma revolução Edição de bolso Mas uma revolução a sério
Começo por tirar a roupa Só venho à praia completamente nu

8 de abril de 2007

agarrar a lua

Há coisas impossíveis de sonhar São só desejo nascido no horizonte quando apenas se contempla o rasto crepuscular Uma luz que faltava para dissolver o ritmo programado dos dias
Há coisas difíceis de agarrar Quando pensamos ter lá chegado parece que mudaram de sítio Chocamos com a sombra Ou com o reflexo que afogamos na água
Há coisas que não se repetem Inútil ficar à espera
É preciso nadar e salvar o poema

A propósito da Estória do gato e da lua E outras estórias inacabadas

http://www.youtube.com/watch?v=LrPKYf--Rmw
(agradeço à amiga helena o envio por mail)

26 de março de 2007

my fairy lady

Já tinha ouvido falar de milagres na ponte da feijoada guiness Mas isto de ouvir a gente ouve muita coisa e nem sempre podemos comprovar empiricamente e assim podemos dizer café é que nos salva muitas vezes É por isso que alguns esgravatam no iogurte para sugarem apenas os bífidos activos em que já se viciaram enquanto outros vão parar à urgência com uma overdose de l. casei immunitas Mas não é de nada disso que quero falar Escute-me bem my fairy lady Uma pequena gota Ou seja Mais ou menos um décimo de centímetro cúbico Dá para quatro pratos Dois copos Duas chávenas de café E ainda colheres e garfos e facas e ainda fica espuma para passar na placa do fogão
E tudo isto porquê Pergunto eu que sou curioso
Não é seguramente por causa dos quinze a trinta por cento de tensioactivos aniónicos Não senhora Nem dos cinco a quinze por cento de tensioactivos não iónicos Também não Muito menos será por causa dos perfumes citronellol e geraniol e linanool e limonene Ai não
Eu explico Na melhor das hipóteses a soma dos tensioactivos nunca ultrapassa os quarenta e cinco por cento Os perfumes são essências sintécticas concentradíssimas e não ultrapassarão seguramente os cinco por cento E o resto Os outros cinquenta por cento Perguntar-me-á
Pois my fairy lady A resposta é simples
Cada frasco traz cinquenta por cento de magia
Está explicado o milagre À luz da ciência positiva

Com os meus respeitosos cumprimentos

psr (post-scriptum redundantis) Pode vossa excelência comunicar esta análise a um tal grande português e nuno que a saberá apreciar certamente