Tudo começou com este cartaz da campanha "Guimarães: Capital Europeia da Cultura 2012". E logo umas mentes brilhantes que se arrogam de representar os interesses dos algarvios (pelos vistos muito justamente, a avaliar pelo nível das reacções nas caixas de comentários das notícias e dos blogues) vieram a terreiro tercer armas com os promotores vimaranenses.
O cartaz mostra uma praia (supostamente) algarvia e (supostamente) fotografada às 11.30h do dia 2 de Agosto de 2012. Confesso que tenho algumas dúvidas sobre a praia que pela direcção das sombras projectadas poderia ser em qualquer ponto da costa ocidental e seguramente muito mais cedo. Mas isso não é relevante. Relevante é a reacção quer das entidades responsáveis pelo turismo e pela hotelaria do Algarve quer da populaça que está sempre pronta a julgar e apedrejar todos aqueles que no seu magro entender lhes estarão a pisar os calos.
Isto aqui e mais isto e mais aquilo e ainda os comentários a esta posta ilustram bem o estado mental de uma região que se propõe receber turistas e visitantes de todo o mundo.
Toda a gente opina, mas ninguém parece ter a mínima ideia do que está a exibir de si próprio.
1º. A ideia da campanha. É extraordinária, original, provocatória e irónica. Afinal o que se pede a uma campanha publicitária.
2º. As personalidades que se manifestaram, incluindo a maioria dos ilustres cometadores deste blogue, mais não fizeram que reagir à provocação, o que em si só valoriza o mérito da campanha.
3º. Os responsáveis (AHETA e RTA) estiveram bem à altura do provincianismo chauvinista que mantém o Algarve no atavismo crónico. Tem medo de quê? Que Guimarães leve o sol e as águas mornas do Algarve para o Minho?
4º Há felizmente atitudes inteligentes que ficariam bem melhor ao Algarve. Por exemplo: "Obrigado Guimarães por mostrar as belas praias do Algarve. Fiquem descansados que os amantes da cultura não faltarão em Guimarães (depois da praia, claro)". Isto é que me parecia uma resposta com classe.
5º Um evento como Capital Europeia da Cultura é capaz de trazer gente a Portugal e o cartaz até pode ser convidativo: "já agora, dê um salto ao Algarve, onde as praias estão vazias".
Um pouco de sentido de humor resolveria isto muito bem. Mas para o humor é preciso inteligência e não esta burrocracia.
O Algarve também teve a sua capital da cultura em 2005. E ainda hoje me pergunto para que serviu. O que se faz de importante na área da cultura deve pouco a esse evento e até foi em muitos casos ignorado na altura pelos comissários. Estes eventos deveriam ser algo mais que uma razoável programação de espectáculos com nomes sonantes (e seguramente alguns valores indiscutíveis) em regra vindos de fora para nossa delícia.
Isto deveria preocupar-nos mais a todos do que a fotografia de uma praia vazia.
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