29 de julho de 2008

Al 'Buhera

Diz-se que aqui nomearam os árabes como "castelo do mar". Talvez assim fosse. No domingo a praça talvez ficasse apenas meia cheia ou nem tanto. Como a lua decrescente.
Guardei o brilho do teu olhar enquanto dançávamos as canções rancheras.
A Lila Downs estava tão entretida a cantar que nem notou nada.

28 de julho de 2008

Concurso em curso

Há anos li uma pequena história, sobre a selecção e o recrutamento de recursos humanos que de vez em quando é trazida de novo à minha memória, por esta ou aquela circunstância.
A história, do século passado e é anterior ao choque tecnológico e à empresa na hora rezava mais ou menos assim:
Uma empresa de média dimensão precisa de preencher um posto de trabalho na área do secretariado de administração. Como é uma empresa moderna, com intenções de se lançar no mercado nacional e internacional e quer demonstrar que cortou com os métodos tradicionais de arranjar um emprego para o filho ou sobrinha de um amigo-a-quem-em-tempos-também-pediu-um-favor, ou porque a menina tem um palminho de cara e se nem sabe escrever à máquina, logo aprende... Não. Trata-se de uma aposta no futuro, um projecto proactivo e filiado nas boas práticas de gestão e por isso recorre a uma empresa especializada na selecção e recrutamento de recusos humanos. Esta, por sua vez, faz publicar um anúncio nos jornais, entre os quais e obrigatoriamente, o Expresso; recebe as candidaturas municiadas do respectivo Curriculum Vitae; após uma primeira selecção convoca os candidadtos e procede à entrevista; analisa e pondera todos os factores; elabora o relatório e prepara a apresentação ao seu cliente. São apresentados os três candidatos, duas mulheres e um homem que segundo os critérios da empresa de RH mais se ajustam às exigências do posto de trabalho. O administrador que é também o dono da empresa ouviu com algum enfado a apresentação e as explicações detalhadas das características e competências específicas de cada um. No final, folheou maquinalmente o relatório por mais uns momentos e proferiu com decisão: Muito bem. Contratamos a loira.

Também nos diferentes níveis da administração do Estado as coisas têm vindo a mudar. Ou não?
Hoje o processo de recrutamento para quase toda a administração pública é feito por consurso devidamente publicitado nos orgãos oficiais e obrigatoriamente no site da BEP (Bolsa de Emprego Público). Exceptuam-se os casos, também esses identificados e assumidos, em que a nomeação se faz por confiança política.
A mim nem me choca que um alto dirigente da administração pública, responsável por um determinado projecto possa nomear os seus colaboradores mais directos na base da confiança pessoal (não distingo se é política, ou técnica ou outra) desde que tanto uns como outros, estejam sujeitos a escrutínio e avaliação e tudo seja claro. Acho, de certa forma aceitável para o estado de direito não garantir sempre o princípio da igualdade de oportunidade em situações em que há delegação de competências e que a escolha possa ser feita por confiança. Tem é que ser transparente e público.

A administração local, só por si encerra um mundo de contradições muito particular. O Poder Local é uma das maiores contruções da democracia e tem-se mostrado capaz tanto das melhores realizações para o bem estar das populações, como dos piores e impunes crimes contra o ambiente, o urbanismo e a cultura. Mas fiquemos pelo recrutamento de dirigentes autárquicos.
As autarquias locais também são e muito bem, obrigadas ao processo concurso para recrutamento de pessoal, incluindo o pessoal dirigente, nomeadamente o de nível intermédio. Sabemos todos que ainda que por vezes se abre um concurso que apenas tem por finalidade regularizar a situação de uma pessoa que já desempenha e até com elevada qualidade, aquela função, ou para promover alguém que efectivamente até merece. Mas um concurso é um concurso; é aberto a todos que satisfaçam as suas exigências e... tudo pode acontecer. Sei de um concurso cujo aviso de abertura praticamente tinha as fotografias dos destinatários e vem alguém de fora e fica em primeiro. Tudo pode acontecer mesmo.
A primeira estratégia parece ser desencorajar os potenciais candidatos. Redigir um anúncio que dentro da forma regular possa deixar a ideia de que já há alguém para aquele lugar. Já vi muito disto, mas parece que há uma nova geração de génios criativos especialmente vocacionados para o non sense a trabalhar nos departmentos de RH.
Vejamos:

A Câmara Municipal de Loulé pretendendo recrutar dirigentes para as suas estruturas, no caso, a macroestrutura organizacional dos serviços municipais publicada no Diário da República, II Séria, N.º35 de 19 de Fevereiro de 2008 torna público através do DR e depois da BEP, a oferta de emprego com o código OE200807/0288, para Chefe de Divisão para o qual se exige a habilitação de Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, complementada com Mestrado na área. Até aqui quase tudo bem se não tivermos em conta que não se explicita qual a área funcional (suponho que é a que se refere no Dr nº 35 que não consultei) e que no conteúdo funcional se remete para o óbvio inerente ao cargo a prover. O cargo é de chefe de divisão e se não importa a área, para quê a especificação das habilitações?

O mais surpreendente, para quem esteja interessado em concorrer vem logo a seguir. No perfil, para além das competências comuns a este nível de dirigentes acrescenta-se algo finalmente clarificador: experiência profissional comprovada no âmbito da reabilitação e intervenção urbanas e na edificação e urbanização das autarquias locais e formação profissional específica e/ou relacionada com a área funcional posta a concurso, como não podia deixar de ser.

Um telefonema para o número indicado (geral da Câmara) passa de voz em voz até que finalmente (isto porque a terceira senhora foi um pouco mais simpática que as anteriores e disse que havia um número directo para os concursos, mas que mesmo assim ia passar a chamada à sua colega que ainda não era a última) me responde alguém que pode falar dos concursos.
Fiquei a saber que o lugar é para chefe de divisão da Biblioteca e arquivo Municipal e às minhas dúvidas quanto à relevância da experiência profissional exigida, não sabia responder porque receberam aquilo assim para publicar. Não desisti e quis saber quem podia esclarecer. Só a Directora de Departamento, a drª ***
Que azar o meu .

Tenho um amigo que tem as habilitações exigidas e até fez uma tese sobre "A poesia dos alçados laterais" e tem uma vasta experiência em dobrar esquinas. Estava para lhe dizer para concorrer, mas não sei se ele é moço para bibliotecas e arquivos. Ele é mais de andar ao ar livre e ler ao sol.


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21 de julho de 2008

Dar de Vaia -1984

De vez em quando vêm-me parar às mãos coisas que não resisto a partilhar. Estas fotos forma-me trazidas por um amigo de há muitos anos e parece que andaram esquecidas e perdidas até há umas semanas atrás. Um encontro ocasional trouxe a recordação e a promessa das fotos.
Aqui ficam duas. Duas histórias entre outras que talvez um dia conte ou reinvente.



Foi há tanto tempo!
Dois projectos diferentes em cima do mesmo palco. Uns, profissionais desde Sagres de 1976. Outros, amadores com música amada e profissionais de outros ofícios.
Trovante e Dar de Vaia, em Julho ou Agosto de 1984, na então Esplanada de S. Luís, em Faro.
Ambos os grupos já terminaram e o recinto polivalente rapidamente deu lugar a prédios altos e ao condomínio da Praça d'Alandra.
Assim. Sem mais cantigas.
Fotos digitalizadas a partir dos originais cedidos pelo autor Luís Costa, a quem agradeço.
Um abraço

Italiano senza maestro

Prima lezione.
Já aprendi outras línguas a cantar.

Encantemo-nos, pois. E a-prendamo-nos.

Dio Come Ti Amo

Nel cielo passano le nuvole
Che vanno verso il mare
Sembrano fazzoletti bianchi
Che salutano il nostro amore.
Dio come ti amo non é possibile
Avere fra le braccia tanta felicitá
Baciare le tue labbra che adorano di vento
Noi due innamorati come nessuno al mondo.
Dio come ti amo mi vien da piangere
In tutta la mia vita non ho provato mai
Un bene così caro, un bene così vero
Chi può fermare il fiume che corre verso il mare
Le rondine nel cielo che vanno verso il sole
Che può cambiare l’amore mio per te.
Dio come ti amo Dio come ti amo.

(Domenico Modugno)

19 de julho de 2008

Cuscuz

Foto daqui
O mais importante é a sêmola solta e no ponto!
Mais importante ainda é o peixe ser fresco e as postas sairem inteiras!
Então e os legumes bem estufados? Isso é que é!
Pode estar tudo muito bom, mas os pimentos!...


É este o segredo do cuscuz e talvez do mundo em que vivemos. O encontro dos diferentes ingredientes, ainda que com eles venham também alguns dramas e amargos de boca.

Ontem não te dei a mão no Charlot. Seguia-te pela strada 35 sem saber que te dirigias para Arezzo do Guido do solfejo. Também não sabia que aí tinha sido filmado "A vida é bela" quando pela manhã te escrevi buon giorno principessa. Há muitas coisas que eu não sei e depois penso que até parece que sabia.

Já penso noutro cuscuz doutras culturas. Papaia, sumo de manga, doce de tomate e um café acabado de fazer. Tudo à tua espera no quintal, debaixo do grande chapéu.

O segredo de um cuscuz /La graine et le mulet
Realizador: Abdellatif Kechiche
2007

(No filme há um barco chamado La Source. Não pude deixar de me lembrar da nossa Quinta da Fonte. Coincidências.)

4 de julho de 2008

Bebé Luís Filipe

Já perdi a conta aos anos e aos abraços de amizade que já demos.
Juntos, já estudámos , fizemos trabalhos, jantares, caminhadas, praia e amigos.
Há dias falámos ao telefone. Queria eu saber de férias e encontros e mais abraços.
Este anos não marcámos nada. Vou ter um bebé.
Senti-me logo culpado por nunca mais me ter lembrado dessas esperanças, nem ter perguntado nada sobre a gravidez. Sim, claro. Vais ser avó... Ao que ela prontamente atalhou. Vou é ter um bebé!
Hoje mandou-me um mail a apresentar-me o seu bebé.
A minha amiga está tão feliz e essa contagiante e terna felicidade só pode ser o melhor para se crescer bem.
É o que eu desejo a esta família com o maior carinho.
Grande abraço G. e também aos pais F. e S. e tia I.
Felicidades

2 de julho de 2008

Tenho dias

Há dias assim. O corpo cola-se à horizontal e só pede para ser embalado por uma onda mansa só para equilibrar esse mareio de cabeça que volta nas suas intermitências, ainda que muito mais doce.
Deve ser de dormir pouco. Explico-me assim eu que tenho a mania de desenvolver teorias sobre todas as coisas. Sobretudo durante aquele tempo matinal entre o sono que se foi e o acordar que ainda não chegou. Ou então, outra teoria, estarei a sicronizar-me com os ciclos. Assim como que por contágio, por simpatia.
Sei que há dias em que nos sentimos com menos energia e talvez devêssemos deixar-nos quietos ali a aboborar, mas isso raramente acontece porque há outros que precisam de nós, esperam por nós, esperam de nós, mesmo que seja apenas uma palavra, um sorriso, uma mão.
Curiosamente, é essa acção que também nos anima e activa a energia que julgamos não ter.
Há dias em que precisamos mesmo de ser abraçados ao acordar. E assim, a sonhar com o abraço, com a pele, acorda-se a força para abraçar mais e o ânimo para partilhar, somar e multiplicar, mesmo sabendo que nos espera um dia difícil.
Podia arranjar várias teorias explicativas para este estado de alma, mas parece-me que tudo isto se deve ao facto de estar cheio de saudades tuas.