19 de agosto de 2005

Clair de lune



When the Moon is in the Seventh House,
and Jupiter aligns with Mars
Then peace shall guide the planets,
and love will steer the stars
This is the dawning of the Age of Aquarius ....

Harmony and understanding

Sympathy and trust abounding
No more forces of derision
Golden living dreams of visions
Mystic crystal revelations
And the mind's true liberation
(Aquarius, Hair, 1968, Broadway)


Consultei o calendário astronómico e fiquei a saber que a lua está completamente cheia. Eu já sabia porque tenho andado a mirá-la desde que apareceu assim baixinha, no céu, para os lados do poente, na forma de uma barquinha que vai crescendo... E esta tem o brilho mítico da lua de Agosto. Diz-me ainda o dito calendário que ela está em Aquário, mas isso nem discuto.
Cresci a vê-la aparecer sobre a crista dos pinheiros. Hoje vejo-a espelhar-se no mar. Não sei se é a mesma lua. Eu já não sou seguramente o mesmo rapazinho que fazia um esforço para não apontar para a lua, porque alguém tinha dito que isso fazia nascer cravos nas mãos.
Uns anos mais tarde nasceram cravos nas mãos de muitas pessoas, mas isso foi em Abril e já não parece haver assim tanta gente a lembra-se do brilho dessas noites.


("Clair de Lune" - DigitalArt por Corine Baron)

1 comentário:

Anónimo disse...

"há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade"

Al Berto in Salsugem
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o Al Berto apetece-me quase sempre... e hoje eu apeteci-lhe..

Buganvília