Eu não percebo nada de economia e, provavelmente muitos dos economistas que falam na televisão, escrevem nos jornais ou mandam bitaites partir do palácio de Belém, também não. Já aqui tinha perorado sobre esta ciência dever passar a chamar-se economância por, cada vez mais, em vez de basear as suas previsões em modelos científicos estar a socorrer-se de artes divinatórias e oráculos para tentar interpretar os misteriosos e insondáveis desígnios dos santos mercados. Pode ser. A alternativa não é muito melhor e também é bastante plausível. Haverá um exército de arautos a propagar todos mais ou menos as mesmas coisas, ainda que parecendo às vezes discordar, de forma a ocupar todo o espaço para que mais ninguém fale, apenas com o objectivo de nos entreter enquanto a «austeridade» se vai apurando? Ponho mesmo aqui um ponto de interrogação. Não tenho a certeza de que seja assim. Não percebo nada de economia, mas ao longo da vida fui aprendendo a ler alguns sinais e o que digo é por mera intuição. Afinal, não é assim tão diferente do que dizem os que estudaram para economistas.
Acho estranho que não apareçam nos meios "oficiais" da comunicação, vozes discordantes como esta. Ou então, alguém que defenda a verdade "oficial" com esta clareza.
Mark Blyth é professor de Economia Política Internacional na Brown University (Providence, EUA) e o seu currículo pode ser consultado aqui.
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