Agora vou-me embora e parto sem dor...
26 de setembro de 2007
25 de setembro de 2007
sui genericídios
Através de blogamigos tomei conhecimento da morte do actor pedro alpiarça que se defenestrou do quinto andar do hospital de santa marta provavelmente em desespero com a falta de respostas do serviço nacional de saúde Hoje soube que o filósofo andré gorz e a sua mulher Dorine se suicidaram em casa como quem escreve la dernière lettre d'amour Amor e morte Desespero e morte Há quem diga que são escolhas Não sei
O próprio gorz disse um dia
On ne fait jamais ce qu'on veut et on ne veut jamais ce qu'on fait.[...] Et pourtant, on fait ce que l'on juge devoir faire parce qu'on se sent et donc se rend capable de le faire
Tento compreender este querer não querer de quem escolhe em determinado momento fazer o que julga nesse momento fazer O drama é que não há forma de saber que consequências teve essa escolha
O próprio gorz disse um dia
On ne fait jamais ce qu'on veut et on ne veut jamais ce qu'on fait.[...] Et pourtant, on fait ce que l'on juge devoir faire parce qu'on se sent et donc se rend capable de le faire
Tento compreender este querer não querer de quem escolhe em determinado momento fazer o que julga nesse momento fazer O drama é que não há forma de saber que consequências teve essa escolha
programa de troca de guardas prisionais
ou pelo menos daqueles que falam por eles
Imagem gamada aqui
Por cromos da bola ou pokemons ou actiomen ou assim e talvez não fosse necessário fornecer seringas aos presos que consomem drogas nas cadeias Se entra droga e uma seringa para cinco ou seis (quando não é uma seringa artesanal feita com uma carga de esferográfica) é porque alguém está a dormir ou é pago para isso E vêm os gajos agora dizer que é um perigo e tal que alguns até estão presos por assaltos com seringas E estas políticas hesitantes (como diz o editorial do público) têm andado a reboque do senso comum e mais das imbecilidades do pinto coelho da doninha avestruz ou do vaca galo em vez de seguirem as experiências estudadas e comprovadas
A coisa vai ser assim e pedagógica que é para ver se eles aprendem Pode ser que fiquem a saber quantas pessoas não teriam sido infectadas com vih e hepatites se a medida tivesse sido implementada quando se começou a falar que noutros países já se fazia
23 de setembro de 2007
Meu amor doente
Há momentos em que parece que o mundo todo pára. Param os relógios, ou começam mesmo a andar ao contrário. Os semáforos avariam no vermelho. As cancelas não sobem.
A orquestra, já na cadência final suspende-se numa inexplicável fermata.
Neste tempo equador ecoa a dor.
Acho que é nestas alturas que os crentes invocam os seus deuses e a divina protecção. Eu que de crente só chego à alma (anima) convoco a força regeneradora que nos faz resistir e vencer.
Imagem pescada pelo google
Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias...
Eugénio de Andrade ( As Mãos e os frutos)
A orquestra, já na cadência final suspende-se numa inexplicável fermata.
Neste tempo equador ecoa a dor.
Acho que é nestas alturas que os crentes invocam os seus deuses e a divina protecção. Eu que de crente só chego à alma (anima) convoco a força regeneradora que nos faz resistir e vencer.
Imagem pescada pelo google
Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias...
Eugénio de Andrade ( As Mãos e os frutos)
22 de setembro de 2007
Rosa de porcelana
Descobri-a no sítio do costume e fiquei a saber que se chama Etlingera Elatior, que é da família do gengibre, mas isso não muda nada. Nunca vi nem cheirei nenhuma. Não sei explicar. Gosto dela. Gosto dela porque gosto dela e porque é de lá.
Toma-a
Parabéns
minha flor
Minha flor minha flor minha flor.
Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro.
Minha peônia.
Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão.
Minha gérbera.
Minha clívia.
Meu cimbídio.
Flor flor flor.
Floramarílis.
floranêmona. florazálea. clematite minha.
Catléia delfínio estrelítzia.
Minha hortensegerânea.
Ah, meu nenúfar. rododendro e crisântemo e junquilho meus. meu ciclâmen. macieira-minha-do-japão.
Calceolária minha.
Daliabegônia minha. forsitiaíris tuliparrosa minhas.
Violeta... amor-mais-que-perfeito.
(...)
Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro.
Minha peônia.
Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão.
Minha gérbera.
Minha clívia.
Meu cimbídio.
Flor flor flor.
Floramarílis.
floranêmona. florazálea. clematite minha.
Catléia delfínio estrelítzia.
Minha hortensegerânea.
Ah, meu nenúfar. rododendro e crisântemo e junquilho meus. meu ciclâmen. macieira-minha-do-japão.
Calceolária minha.
Daliabegônia minha. forsitiaíris tuliparrosa minhas.
Violeta... amor-mais-que-perfeito.
(...)
Carlos Drummond de Andrade
na terra que te viu nascer e onde se multiplicam emoções todos os dias.
Beijo
20 de setembro de 2007
Setenta e duas horas
E estava eu no 4 de Fevereiro à tua espera quando arribas do sul para mais perto.
Depois pousavas de mansinho do teu voo e abraçavas-me ali para que o que resta do dia nos visse com toda a luz. O resto contar-me-ias no breve crepúsculo porque a noite cai muito depressa.
A meia lua crescente testemunha que mais uma vez me calo e guardo para mim a visão da beleza que me ofereces.
Depois pousavas de mansinho do teu voo e abraçavas-me ali para que o que resta do dia nos visse com toda a luz. O resto contar-me-ias no breve crepúsculo porque a noite cai muito depressa.
A meia lua crescente testemunha que mais uma vez me calo e guardo para mim a visão da beleza que me ofereces.
18 de setembro de 2007
correr com eles
O nosso primeiro (em americano praim'inistar) e também presidente da ué foi aos seteites da américa Ele tem aquela mania do joguingue assim como aquele papa tinha de beijar a placa dos aeroportos e eu já estava a pensar cá com os meus botões e teclas Agora é que ele corre com o jorge buxo (buxus sempervirens) Mas não ele foi lá só treinar o inglês tecnico-geográfico do midueste
Enfim Também gostava de correr com eles Ou seja em americano técnico dampedeme
11 de setembro de 2007
À sombra
Aqui o sol nasce às seis horas e o trabalho às sete. Já chamo amigos aos que vou encontrando e que sem darem por isso me vão ajudando a percorrer esta cidade. De modo que já sei: uma hora antes de o sol se pôr encontramo-nos à sombra, ali na rua da ilha da madeira, a uns escassos duzentos e cinquenta metros da praia. Então contar-me-ás ao ouvido o que te lembra o cheiro do maboque. É que ouvi contar por aí que leva consigo o cheiro dos lugares onde foi criado e lembrei-me logo que devia ser como os búzios: trazem dentro de si o som do mar.
onze de setembro
Imagem roubada
O outro Ninguém se lembra já Então aqui fica para os que ainda não eram nascidos
Foi há trinta e quatro anos e terá causado mais vítimas e desaparecidos que este Um golpe de estado empinochou uma ditadura tenebrosa que perseguiu torturou matou exilou milhares e milhares de chilenos
Allende resitiu até à morte
As suas últimas palavras são uma exortação à esperança
Trabajadores de mi patria, tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo en el que la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor.
¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores!
¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores!
10 de setembro de 2007
Paralelo 13
Desde que partiste que viajo como há muito não fazia.
Talvez a culpa seja de não ter aprendido a despedir-me assim para tão longa distância. Esse equador separa e coa as mensagens por um ralo muito finhino e só deixa matar gota-a-gota as saudades que crescem mais depressa.
Mas não me conformo e vou por aí em busca desses lugares e vejo acácias rubras mesmo antes de começarem a florir e sento-me a teu lado ao pôr do sol na Morena. E oiço dizer que antigamente faziam uns bailes fantásticos no «porta aviões».
Por acaso já descobriste onde se come um bom calulú?
Do lado de baixo do equador
POEMA DOS OLHOS DA AMADA Foto daqui
Ó minha amada
Que olhos os teus
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas era
Nos olhos teus.
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.
Vinícius de Moraes
Etiquetas:
e-quador de saudades,
e-stados de alma
6 de setembro de 2007
Aqui ficas, Clara
Aqui ficas, melodia
Que nunca encontrei
Por mais que a buscasse
Nas bocas, por lei,
Cosidas na face…
Aqui ficas, minha sombra,
Na terra deitada
À espera, sozinha
Da noite da espada
Fora da bainha.
Aqui ficas, minha raiva,
A sonhar que furas
Os olhos das rãs
Com estas mãos puras
De tecer manhãs.
Aqui ficas, meu sonho,
Para um dia pores
Todo o sol que queiras
Nas cristas das flores,
E inventar bandeiras.
Aqui ficas, morte,
Que a morte é assim,
Este dar ao mundo
O que ao mundo em mim
Gela num segundo.
Que nunca encontrei
Por mais que a buscasse
Nas bocas, por lei,
Cosidas na face…
Aqui ficas, minha sombra,
Na terra deitada
À espera, sozinha
Da noite da espada
Fora da bainha.
Aqui ficas, minha raiva,
A sonhar que furas
Os olhos das rãs
Com estas mãos puras
De tecer manhãs.
Aqui ficas, meu sonho,
Para um dia pores
Todo o sol que queiras
Nas cristas das flores,
E inventar bandeiras.
Aqui ficas, morte,
Que a morte é assim,
Este dar ao mundo
O que ao mundo em mim
Gela num segundo.
(...)
José Gomes Ferreira
Pensei que chegava ao pé de ti e dizia:
A luta continua!
Não me deste tempo.
Foste...
3 de setembro de 2007
Hoje a tristeza é Clara
Há coisas com as quais ainda não sei lidar. Não sei se aprenderei. Se viverei tempo suficiente para isso.
Que se faz quando se recebe um sms assim: A Clara está em fase terminal, pouco mais há a fazer do que proporcionar-lhe uma partida digna e com o menor sofrimento (...) ?
Que se faz quando Clara nos transporta até à infância e adolescência (aos lugares da infância, pois é...) com o seu olhar vivo e inquieto (não me recordo se alguma vez lhe disse que me lembrava um olhar de rato) num tempo em que a liberdade tinha que ser inventada?
Só consegui responder ao fim de meia hora. Que tristeza... Dou-vos o meu abraço solidário e amigo.
Que se faz quando se recebe um sms assim: A Clara está em fase terminal, pouco mais há a fazer do que proporcionar-lhe uma partida digna e com o menor sofrimento (...) ?
Que se faz quando Clara nos transporta até à infância e adolescência (aos lugares da infância, pois é...) com o seu olhar vivo e inquieto (não me recordo se alguma vez lhe disse que me lembrava um olhar de rato) num tempo em que a liberdade tinha que ser inventada?
Só consegui responder ao fim de meia hora. Que tristeza... Dou-vos o meu abraço solidário e amigo.
Sementes (quatro)
A rapariga guardara as sementes durante tantos anos e tinha-se habituado a olhar para elas sempre que na sua vida acontecia ou estava para acontecer algo de importante. Contou que tinha sonhado com os lugares da sua infância e o rapaz escutou-a a falar como se estivesse ali a sonhar. A voz da rapariga foi baixando até ao nível do sussurro e o rapaz acercou-se mais. Nessa proximidade sentia claramente o odor que se desprendia da pele da rapariga. Um cheiro doce que lembrava baunilha e canela inebriava-lhe os sentidos ao mesmo tempo que uma estranha força o colocava cada vez mais próximo. Tão próximo que quase se tocavam.
Talvez pudesses ir lá comigo um dia, disse a rapariga como se despertasse. Ou pelo menos foi isso que pareceu ao rapaz no seu próprio despertar.
Contigo, aonde? Perguntou o rapaz ainda mal refeito da vertigem.
Aos sítios da minha infância, respondeu a rapariga iluminando o sorriso e estendendo a mão. O rapaz pegou-lhe com doçura e ali ficaram os dois num olhar de olhos que se procuram no fundo.
Por cima desse olhar líquido de adivinhar viagens, a rapariga disse-lhe:
Há muito que ninguém se interessava assim pelas minhas sementes. Queria muito que fosses capaz de as compreender e de as respeitar.
Talvez pudesses ir lá comigo um dia, disse a rapariga como se despertasse. Ou pelo menos foi isso que pareceu ao rapaz no seu próprio despertar.
Contigo, aonde? Perguntou o rapaz ainda mal refeito da vertigem.
Aos sítios da minha infância, respondeu a rapariga iluminando o sorriso e estendendo a mão. O rapaz pegou-lhe com doçura e ali ficaram os dois num olhar de olhos que se procuram no fundo.
Por cima desse olhar líquido de adivinhar viagens, a rapariga disse-lhe:
Há muito que ninguém se interessava assim pelas minhas sementes. Queria muito que fosses capaz de as compreender e de as respeitar.
2 de setembro de 2007
Reverberações das figuras
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