18 de julho de 2007

Sementes (um)


A rapariga do sorriso abriu um pequeno pano na areia e disse, estendendo as duas mãos para as cinco sementes: isto é o que eu tenho e também o que eu sou. O rapaz encantou-se com a beleza e a poesia do acto, mas teve muito pouca consciência de estar perante um verdadeiro tesouro. Não daqueles que nos tornam ricos de repente. Não. Um tesouro não é bem isso. É algo que nos enriquece sim, mas por dentro. E é uma coisa por fazer.


A rapariga do sorriso falou como se lhe estivesse a confiar o seu tesouro e ele nem percebeu na altura que ela também estava a dizer: toma bem conta de mim.


O olhar do rapaz, demasiado habituado a seguir o voo sereno das aves, tornou-se inquieto e saltava das sementes para a rapariga e da rapariga para as sementes, ávido de respostas para perguntas que não se atrevia a fazer. O rapaz reparou então melhor na rapariga e viu como ela era bonita e como desejava mostrar a sua beleza. Mas também se sentia intrigado com as sementes. Duas eram mais ou menos vulgares, mas vendo melhor podiam não ser bem o que pareciam. As três outras eram-lhe abolutamente estranhas.


Perante este interesse do rapaz, o sorriso da rapariga iluminou-se e foi então que ela lhe disse: é tudo o que tenho; partilho-o contigo se souberes entender e sentir o que te ponho nas mãos.

1 comentário:

CCF disse...

É tão bonito! :)
~CC~