10 de julho de 2006

Entre parentes


O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

António Gedeão - Máquina do Mundo


Por isso é que o voar é sempre contínuo E atravessa tempos e fronteiras E desafia nuvens
Um dia fui ter lições de aprender e foi assim que fiquei a saber que já sabia Depois vi que afinal devagar era melhor Já só me falta aprender a parar
Por isso iniciei um calmíssimo programa de treinos por aquele rio acima e aquietar-me na sombra dos salgueiros E depois cruzar as planícies e as marismas entre mouros e celtas E entender que encontros e desencontros são apenas descompassos do aqui e do já
Por isso não me surpreende que o céu tenha tirado os véus pelo anoitecer
Vou estender as asas ao luar

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu gaivotinha

Agora sim, sinto já, que és a parte de ti, que eu mais gosto...
Queria navegar nos teus olhos de água, de poeta, pois os meus, têm já só as gotas de orvalho que num dia sombrio não se evaporam de sobre as pétalas brancas...

Beijinho terno, da
Ginja