dissoneto de quebrantos remendados
(versos quase-bárbaros e meio pasmados)
para o afonso e mais altas esferas
atirava o pau ao gato sem rancor
quando em menino descalçava as botas
esbaforido pelas ondas de calor
pouco sabendo de petiscos clandestinos
temperados em suspensão de sol maior
ensaiava danças de passos pequeninos
no tide o ascensor social coxeava
bainhas ao viés por cima das ourelas
compunham-se de soslaios e a gente a vê-las
com palha d’aço de bigodes ir à fava
no bolso andava a fisga e a navalha
papel rasgado com besouros enrolados
filas de letras inclinadas dos recados
que eram ninhos no olhar que nunca falha
lídia era a outra margem do ribeiro
e o piquenique de burgueses no pinhal
do marquês da lagoalva era o principal
principiando a florir esse primeiro
beijo e pele para além da prescrição
da tal pestilenta indústria da fé
e tudo o que era longe ficou mais ao pé
das águas livres que um dia acharão
a noite abafava os passos na esquina
dobrados ouvidos e olhos delatores
às palavras de fogo-posto onde germina
o rumor abrindo a límpida madrugada
é já um fervilhar de veias e abraços
e uma canção na urgência de ser gritada
e o que mais houver se acrescentará
08.06.2021
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