6 de julho de 2010

O meu pai lê o Mirante

e diz que é um semanário de "grande circulação" em todo o Ribatejo (região que parece que já não existe) maior que os jornais nacionais que traz notícias de todas as terras e descobre muitas carecas autárquicas. Além disso não dispensa a leitura da "Voz" la da terra, um mensário da paróquia de que é assinante há mais de 40 anos.
E foi a folhear o Mirante que que me chamou a atenção do título Voto de pesar pela morte de José Saramago chumbado na Chamusca. Achei curioso porque me lembrava que a câmara deveria ser, no mínimo, do PS ou da CDU e fui ler. A proposta feita pelo único eleito do BE para a AM teve os votos contra (7) do PS e do PSD e (pasme-se!) 12 abstenções da CDU e mais 3 dos outros.
De repente reeditei na minha cabeça as inúmeras discussões e confrontos de há trinta e tal anos com a malta do PC para quem as propostas dos "esquerdistas" eram sempre para deitar abaixo, isolá-los como se tivessem peste e, se necessário dar-lhes um enxerto de porrada.

As idas à terra e à família são sempre uma viagem estranha. É bom vê-los, visitar os sítios da infância (e deixar que me conheças também por esses sítios), mas há sempre qualquer coisa de regressivo neste reencontro. Parece que estamos sempre a ser o que nos lembramos de ter sido numa espécie de ajustamento involuntário aquele modo particular de existir a que já só nos sentimos ligados pelo passado.

Ao fim de cerca de trinta anos sem nos vermos, estive com o meu amigo Rui. Foi meu companheiro de adolescência, cúmplice de aventuras e namoricos dos bailes de fora da terra e camarada "esquerdista". Interlocutor das mais variadas discussões em múltiplos desacordos sobre tudo e mais alguma coisa, mantivémo-nos amigos durante muitos anos.
Deixámos de ter contacto sem haver uma razão explícita, mas eu sempre pensei que os motivos talvez estivessem relacionados c om o facto de a minha deriva freak da altura e o seu conservadorismo essencial já não terem muita pachorra para se aturarem.

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