Entraste na casa do meu corpo,
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.
Casimiro de Brito. Intensidades. 1995
Ontem na Biblioteca Municipal António Ramos Rosa - Sessão comemorativa dos 50 anos de vida literária de dois poetas por aqui nascidos ou crescidos. António Ramos Rosa e Casimiro de Brito.
Lançamento do livro de Casimiro de Brito, 69 Poemas de amor, apresentado por José Carlos Barros, leitura de poemas de Casimiro de Brito e de António Ramos Rosa pelo Afonso Dias e pela Tânia e apontamentos sobre a vida e a obra de Ramos Rosa, pelo Casimiro de Brito.
Confesso que conheço melhor e continuo a apreciar mais o Ramos Rosa, no entanto este livro surpreendeu-me muito positivamente. Contém 69 poemas, uns catados ao longo de toda a obra poética ( o primeiro data de 1957) e mais uns quantos inéditos. Percorrem o tema do amor do romantismo juvenil ao amor dos corpos na relva orvalhada. Um amor ao amor que se cresce vida e viagem que nunca acaba e se aproxima da morte nunca definitiva.
Neste livro, gosto particularmente dos Haiku como este:
Não grites, amor-
deixa-me escutar os teus rios
subterrâneos
(Eros mínimo -inédito)
Uma palavra ainda para a novíssima editora algarvia 4´guas (é assim mesmo que se escreve), um projecto de carolice que pretende subsidiar as edições de poesia com a venda da alfarroba da propriedade de um dos sócios. Sempre deve ser mais seguro que as fontes de financiamento da Byblos.