24 de dezembro de 2007

Prenda

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos.
Encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar.
Encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.

Chegada da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver, em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim.


Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes.
Vizinha de mim,
deixa ser meu o teu quintal,
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como foi.

Eu venho do nada
porque arrasei o que não quis
em nome da estrada, onde só quero ser feliz.
Enrosca-te a mim,
vai desarmar a flor queimada,
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo, e o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar,
mas quero-te bem.

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim

Quero-te bem.

Encosta-te a mim


A canção que ia fazer para te pôr no sapatinho.
O Jorge Palma adiantou-se. Paciência...
Beijo na tal

12 de dezembro de 2007


a Felicidade consiste em resistir com teimosia a todas as infelicidades

José Gomes Ferreira. Aventuras de João Sem Medo - Panfleto Mágico em Forma de Romance

Transpoética



iremos pois de mão dada
como costumamos adormecer
sempre de mão dada
como nos sonhos
percorrer o mundo
este e todos os outros
porque todos os outros também são este


pousar os olhos nas marés de todos os oceanos
lambuzar-nos com o doce das frutas
aprender os ritmos de cada lugar
perdermo-nos na aventura da dança
deixar para trás os desertos
afogarmo-nos no verde das searas
escutar os apelos da terra e do corpo
porque corpo e terra também são voz


marcar o compasso das ilhas
despirmo-nos no espelho das fontes
contar luas pelos dedos
embriagarmo-nos de virtude
semear melodias no vento
escutar em muita línguas
o que dizemos em silêncio

6 de dezembro de 2007

Metanças gregas





Todo o mundo é composto de metáfora.
A amiga Xantipa explica porquê.


imagem daqui

Sementes (cinco)


O rapaz que durante toda a sua vida seguiu com o olhar as aves que partiam e sentia-se a ir com elas para terras para lá do mar experimentava agora um desejo ardente de partir com a rapariga do sorriso e com as suas cinco sementes. E disse à rapariga:
Tu és como as aves.
O olhar da rapariga encheu-se de luz e isso encorajou o rapaz a continuar.
As aves tanto são das terras donde nascem como daquelas onde têm os filhos. Tu trazes contigo sementes raras; se nunca as plantares elas nunca irão germinar.
O sorriso da rapariga parecia dizer que ela já sabia tudo isso e que estava à espera que alguém lho dissesse. E o rapaz acrescentou:
Bem sabes que no dia em que as lançares à terra elas vão ganhar raízes que te vão prender também a ti a um lugar que é também a tua terra.
A rapariga humedeceu os lábios, o que dão mais brilho ao seu sorriso em forma de estrela do mar e disse:
É por tudo isso que algo me faz querer confiá-las a alguém e também confiar-me. Queria muito que isso fosse contigo e já está a ser. Mas preciso de mais muito mais. Preciso que vás buscar ao fundo de ti, também as tuas sementes e as tragas e as partilhes comigo. Então serás o meu homem e eu a tua mulher.
A rapariga deixou ficar o sorriso e o rapaz ofereceu-lhe os olhos brilhantes de comoção. Ficaram ali muito tempo, não se sabe se a pensar no futuro se simplesmente a observar o mundo com o mesmo olhar.

4 de dezembro de 2007

Design & Branding


Uma filha entra verdadeiramente na idade adulta quando atende o telefone e diz com voz de empresária:

Agora não posso falar, estou com clientes.

E depois liga mais tarde por sua iniciativa.


Torço para que tudo corra bem.

Fico feliz com os seus sucessos.

E pai orgulhoso.