16 de setembro de 2005

Vim di mar


E fui esgalhar o arinto o olho de lebre o boal de alicante a malvasia o fernão pires e sei lá que mais porque o meu mister não é bem chamá-las pelo nome...
Quando o sol mais teimava em lamber-me as espáduas e a sede se acendia na garganta parei na sombra para a saciar (o que dantes era um cântaro de barro agora são garrafas de plástico cheias de água fresca porque devidamente acondicionadas dentro da mala térmica).
Não sei se foi do sol se de me ter baixado e levantado de repente tive um almareio e senti-me como se nadasse por aqueles vinhedos... e senti-me assim camões a furar correntes da maré verde e folhosa com o poema na mão como se isso fosse salvar a humanidade de qualquer coisa assim como por exemplo do buraco da camada de ozono ou seca noticiosa.
Não resisti. Lavei as mão e tirei o caderninho do bornal (não não é um moleskine...) e ali com as mãos a peganhar lavrei o verso com que se tapa o percurso dos anos duma ruralidade adormecida (acho que foi mesmo só para disfarçar...):



Havias de querer beber-me agora
doce mosto
a meias com o meu suor salgado

3 comentários:

Gregorio Salvaterra disse...

Uuótii?!
Fica combinado pá. Para o ano vou tentar encontrar vindimadeiras na net.

Anónimo disse...

Há, muitas vezes, um Tempo de papel, um deles é aquele em que se escreve com tinta de uva... assim se dedilham palavras soadas no calor que desagua numa qualquer manhã...

Buganvília

Anónimo disse...

Belo! Com o sabor do mosto alpiarçolho e o cheiro da irresestivel maresia.