22 de fevereiro de 2005

Xis... de Xalavar

Que é para apanhar tudo e até o que sopra no vento do Dilan.
Nunca entendi muito bem porque se diz, quando nos enfastiamos com qualquer coisa, «vou apanhar ar...». Muito melhor é apanhar gambuzinos em horário nobre porque nem tudo o que vem à net é trabalho.

5 comentários:

Anónimo disse...

Mestre Fadagulha é um velho curvado e seco, que conhece o mar como as suas mãos. Tem já um filho para o substituir, mas diz: - É bom, mas as sardinhas ainda o não conhecem como a mim. - Se o mestre sabe onde está o peixe, o pedreiro sabe onde estão as pedras. Com uma rede tão cara e tão fina, uma pedra inesperada é a ruína. A rede há-de ser lançada em sítio limpo.

Pedrinha

Gregorio Salvaterra disse...

Posso largar aqui?

Porque sou de perguntar. E com pedras e peixes algo há-de vir à rede.
Bem aBrandalhado

Anónimo disse...

Sim ... entre pedras e pedrinhas, alguma gota há-de haver.

Pedrinha

Gregorio Salvaterra disse...

Farcisca

À diase do mar dase Berlengase, a sete braçase e mêa de mar, empensarem-se ase grosêrase Disto, vem de lá o mariola do tê pai e me dezeu. ele assim :
- Mó ó móce ! tu ése um montanhêre, tu fazes um grande salcrafice em virese ó mar !...
- Ah! 0 que é que você me dize, hom
- Digue-te iste e nã casase ca nha filha !
-Allamese ! Farcisca ! ê cá antese cria cu tê pai me desse doi ó trê estragaços da cara, que me dessesse aquil que tá ali da frente de gente.
Viémese pá terra e a companha do barque nã falava doutra coisa.
Disto, vem de lá o mano Zé Chaveca e me dezeu ele assim:
-Mó, ó móce! Tase-te a ralar?
- Atão nã m´ êde ralar?
- Mã te ralese rapá, se nã casarese cúa filha dele casase ca minha
É pra, que vêjase, Farcisca, cainda tenhe pretendentase Tu pen­sase cú tê pai é o é o Prencêse D.Carlos? A tua mãi a Rainha D. Imélia e os tês ermãos os Enlefantesinhos ?
Alhamese ! ele é mai brute cá mãi dos penhêrese do mane João Luice.
Dêxa lá cuma viage quê face ó mar de Larache , ganhe o denhêre às braçadase. Compre um chapéu de côque, uma vengala botas de ren­gedêra e tapadoiro Passe a barlavante da tu porta e arraste os peses comó gale. Tu vêse‑me e falase-me, mai ê cá veje-te e nã te fale.
Ah! sabes o quê cá quere, é que nã falese mal da nha pelha prêces rebêres e tainquese.
Ai, se maparece alguma noda do mê corpe..
Digue logue que forem vocêse que me fizerem mal, calha bem !
Ah! sabes o quê cá quer tamém ? É que nã te esqueçase dos mês doze brenhoisinhes.(ponha lá iste da carta,mano Manel quela logue mentende .
Ah! agora só da nh’ avó erdi deze moedase e o estrafêgo todo da canóa.
Ê cá bem sei que tense uma menita mánica de custura e quése muite perfêta de mâose. Também ê cá sou!...
Digue-tiste e nã memporta com o pórque do tê pai.
Perdoi a arção.

Embroise

Anónimo disse...

Embroise, quem era Floripes?
Eu não sei porque não a vi, nem ninguém a viu, mas acreditava-se na sua existência sobrenatural.
Minha avó dizia-me que era uma moura encantada, muito linda, que em determinadas noites aparecia ali a cantar e no seu cantar chorado pedia que a desencantassem para lhe dar outra vida terrena e, quem conseguisse, ela daria muita riqueza porque, sendo ela
muito rica, casaria com ele. Porém, as condições para o desencantamento eram impossíveis a um simples mortal realizá-las, embora demasiado afoito, forte e aventureiro para tal empresa. Ele teria que ir a pé com uma vela acesa até uma das ilhas e voltar, durante a maré vazia, que se mantinha. Se a vela se apagasse durante os trajectos, ele seria submerso pelas águas. O pior seria o encontro com a Floripes porque ela teria
encantos tais que convenceria o mais medroso a arriscar-se ao encantamento. Por isso todos fugiam a passar no sítio onde ela costumava “aparecer”.
Os nossos homens do mar até há pouco tempo receavam a Floripes e eram muito poucos os que se aventuravam a passar a noite por aquele local.

Farcisca