“Disse que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem princípio ou fim.”
(Jorge Luís Borges)
Parei um momento a pensar quantas páginas faltarão para o infinito...
Deve ser mais ou menos o tamanho da liberdade que desejo que caiba dentro de mim. E dou comigo a enunciar um improvável teorema enfeitado de corolários míticos: Aprender o infinito é condição sine qua non para liberdade.
Recito de cor alguns corolários mais coloridos:
(um) O inverso é sempre e infinitamente verdadeiro
(outro) Liberdade que vai à frente é a que abre as primeiras portas, sendo que elas são infinitas
(outro mais) A liberdade é infinitamente maior que a maior opressão
(e este) A memória é limitada e não se lembra de todos.
«Mas a meio caminho voltou para trás, direita ao mar. Paulo ficou de pé no areal, a vê-la correr: primeiro chapinhando na escuma rasa e depois contra as ondas, às arrancadas, saltando e sacudindo os braços, como se o corpo, toda ela, risse.
Uma vaga mais forte desfez-se ao correr da praia, cobriu na areia os sinais das aves marinhas, arrastou alforrecas abandonadas pela maré. Eram muitas, tantas como Paulo não vira até então, espapaçadas e sem vida ao longo do areal. O vento áspero curtira-lhes os corpos, passara sobre elas, carregado de areia e de salitre, varrendo a costa contra as dunas, sem deixar por ali vestígios de pegada ou restos de alga seca que lhe resistissem.»
(José Cardoso Pires)
As escritas são efémeras. Apagam-se depois de alguém as ler.
E assim se justifica o ofício de contador.
26 de outubro de 2004
Ele (ou Lê)... de Ler na Areia
25 de outubro de 2004
Kapa... de Ká
Já corri os mares em volta com um assobio nos lábios em busca desta estranha letrita...
Katmandu não tem oceano. Apenas a praça Durbar que é um mar onde desaguam todos os rios de gentes. Ali ao lado, uma menina passou a chamar-se Kumari e nunca viu ma onda de mar.
Katmandu não tem oceano. Apenas a praça Durbar que é um mar onde desaguam todos os rios de gentes. Ali ao lado, uma menina passou a chamar-se Kumari e nunca viu ma onda de mar.
19 de outubro de 2004
Jota... de Jangada
Em ciadas noites, baías do desejar, deito às vezes os pensamentos sobre o mareio embalo e deixo-os na deriva errante das marés. Tenho uma jangada-cama e um lençol de estrelas de sessões contínuas. Os pensamentos navegam e entretecem-se com as coisas do mundo que pairam nos ventos mais agrestes, muitas vezes na corrente do desânimo, antes de se adormecerem, não do embalo, mas de cansaço. Só depois se evolam em sonhos transformadores.
Acho que é isso que faz nascer o sol todos os dias.
Acho que é isso que faz nascer o sol todos os dias.
13 de outubro de 2004
Iiiihh... de Ilha
Insular é cada um no seu crescer.
E crescer é construir pontes para poder sair de si.
E voltar.
Escrevo agora de uma ilha que nunca ninguém conheceu;
e ninguém jamais se lembrará de se ter conhecido sem pontes.
A minha ilha de mim está sempre cheia de vozes...
Por vezes sou inundado por uma maré de nostalgia futura
de me ser crusoé sem sexta-feira e de percorrer-me até aos abismos.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Da Rosa, deu à praia em garrafa mensageira:
"
i de ilha...
içar as velas
ir pelas índias lonjuras
imaginando inseguras
ilhas
decifrá-las
a milhas
e puras
de mim.
ir…
irados vales líquidos
inertes se impõem
- intervalo -
de água curados
imergimos
tão irmãos como dantes
"
Insular é cada um no seu crescer.
E crescer é construir pontes para poder sair de si.
E voltar.
Escrevo agora de uma ilha que nunca ninguém conheceu;
e ninguém jamais se lembrará de se ter conhecido sem pontes.
A minha ilha de mim está sempre cheia de vozes...
Por vezes sou inundado por uma maré de nostalgia futura
de me ser crusoé sem sexta-feira e de percorrer-me até aos abismos.
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Da Rosa, deu à praia em garrafa mensageira:
"
i de ilha...
içar as velas
ir pelas índias lonjuras
imaginando inseguras
ilhas
decifrá-las
a milhas
e puras
de mim.
ir…
irados vales líquidos
inertes se impõem
- intervalo -
de água curados
imergimos
tão irmãos como dantes
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