16 de novembro de 2005

Ficamos todos mais descansados..


"Em Fallujah, vi corpos de mulheres e crianças queimados. O fósforo branco rebenta em forma de nuvem e quem estiver num raio de 150 metros não escapa", afirma na reportagem Jeff Englehart, um antigo "marine" e veterano do Iraque que participou na ofensiva.



Ficamos agora a saber que se trata de uma arma convencional. O que faz toda a diferença. Entendamo-nos. Porra!

São armas devidamente testadas na sua eficácia e usadas apenas por estados altamente democráticos e respeitadores dos direitos humanos e detentores da patente de todo o armamento e do alvará para a sua certificação de qualidade.

Nada de confusões. Não se trata de um qualquer fanático suicida com uma bomba à cintura capaz de matar com ele todos os ocupantes de um autocarro de 52 lugares.

15 de novembro de 2005

Al-Gahrbrilho



Há noites assim.
Na TVI ontem.
Duas estrelas duas.
Algarvias
Cavaco Silva e Arlinda Mestre.

Que brilho!

14 de novembro de 2005

Solário mínimo

O vento frio lembrou-me uma outra manhã. Aquela em que deixei um bilhete escrito "vou para a Patagónia" e que ninguém levou a sério porque eu sempre tive a mania de me meter na pele de outros para não estragar a minha. De caminho ainda passei por Passárgada onde tenho um amigo que se convenceu que é rei e anda nú por todo lado e ninguém parece reparar.
E fui assim de reportagem a uma convenção de pinguins em Bahia Mansa sob o (tema do) buraco da camada de ozono e outros estragos feitos ao mundo.
Aqui há um buraco chamado Portugal. E corre um frio em vias de subdesenvolvimento crónico.
Se o engenheiro Pinto de Sousa não tem um projecto para os portugueses que ganham apenas o salário mínimo poderem ganhar quinhentos euros daqui a cinco anos o que está cá a fazer?
Dizem-me aqui que está à espera do Cavaco que há-de vir.
(o Godot manda dizer que está constipado)

13 de novembro de 2005

8 de novembro de 2005

Com Alegre, com afecto

(...)
Vem a noite e mais um copo
Sei que Alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
(...)
Chico Buarque

Poemarma
Que o poema tenha rodas motores alavancas
que seja máquina espectáculo cinema.
Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.

Que o poema cante no cimo das chaminés
que se levante e faça o pino em cada praça
que diga quem eu sou e quem tu és
que não seja só mais um que passa.

Que o poema esprema a gema do seu tema
e seja apenas um teorema com dois braços.
Que o poema invente um novo estratagema
para escapar a quem lhe segue os passos.

Que o poema corra salte pule
que seja pulga e faça cócegas ao burguês
que o poema se vista subversivo de ganga azul
e vá explicar numa parede alguns porquês.

Que o poema se meta nos anúncios das cidades
que seja seta sinalização radar
que o poema cante em todas as idades
(que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.

Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.

Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.

Que seja experimentado muito mais que experimental
que tenha ideias sim mas também pernas.
E até se partir uma não faz mal:
antes de muletas que de asas eternas.

Que o poema assalte esta desordem ordenada
que chegue ao banco e grite: abaixo a pança!
Que faça ginástica militar aplicada
e não vá como vão todos para França.

Que o poema fique. E que ficando se aplique
a não criar barriga a não usar chinelos.
Que o poema seja um novo Infante Henrique
voltado para dentro. E sem castelos.

Que o poema vista de domingo cada dia
e atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
ao menos uma vez em cada anos.

Que o poema faça um poeta de cada
funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
a saudade do novo o desejo de achar.

Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.
in O Canto e as Armas


A vida sexual dos partidos deixa nos lençóis um cheiro entranhado por mais que se lavem. O que incomoda mais é aquele hálito lascivo na ourela dos discursos. Fui lá e pintei a vermelho de esperança uma janela daquelas vinte e quatro de um outro poeta por onde há-de passar a alegria e a festa e a loucura e o desejo e o afecto e a música e o teatro e todas as artes e sobretudo o n
ome liberdade.

(O título é do Afonso)

4 de novembro de 2005

Aux larmes citoyens!...

Paris brûle-t-il?
nas circunflexas desigualdades ondula o til das madrugadas

3 de novembro de 2005

Teoria da constipação

O senhor está constipado
e ficou mal de repente
porque não teve cuidado
porque foi imprevidente

Para o mal cujo motivo
está na chuva, frio ou sol
qual o melhor preventivo?
Formitrol, Formitrol, Formitrol!

aquilo que ninguém percebia ficou agora claro na inovadora entrevista por escrito que rui rio deu à rádio virtudes. a enigmática frase «fui para vingar e vinguei» foi logo transformada por cavaco num spread de vinte por cento enquanto a maçonaria varria a loja dos trezentos à procura da agulha cabalística. entretanto sócrates já em tempo de compensação utiliza a última substituição insuflável. mesmo no último minuto o passe foi demasiado curto e passou ao lado.