21 de janeiro de 2009

Tu podes, pá!


Yes, you can!
Muito se tem dito sobre esta onda de esperança com a eleição de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos da América. Eu próprio, antiamericano quase natural, me deixei contaminar por esta onda que vem bem ao encontro daquilo que são os meus desejos para o mundo. Paz, justiça, equidade entre as pessoas e os povos no acesso aos recursos, respeito pelos direitos humanos, respeito pelo ambiente.
Gostei sinceramente de alguns discursos que li e acho que tirando uma ou outra coisa, são de fazer inveja a muita prosápia que se diz de esquerda e progressista (mas o homem também nunca disse que era de esquerda nem eu sei o que é isso nos EUA). Soube ontem que os seus discursos são escritos por um rapaz de 27 anos, mas a força e convicção não se pedem emprestados (li há dias, a propósito de histórias bíblicas, que as belas narrativas não tem autores, têm contadores) e este homem já foi capaz de fazer acreditar a meio mundo que algo vai mudar.
Quem me conhece sabe que, apesar de tudo isto, eu, que sofro de um cepticismo quase crónico, mantenho algumas reservas até que se cumpram algumas condições:
- retirada das tropas de ocupação do Iraque, cedendo o lugar a uma força de paz, se for esse o entendimento das Nações Unidas
- sujeição plena às regras do Tribunal Penal Internacional
- adesão voluntária à Plataforma de Quioto, com todas as consequências em plano de igualdade com todos os outros países
- tomada de posição clara e equidistante relativamente ao conflito do Médio Oriente
- encerramento do campo de concentração de Guantánamo e libertação de todos os presos sem culpa formada
Yes, you can!
Fiquei a saber hoje nas notícias que já foi dada ordem para suspender todos os processos relativamente a Guantánamo. Fico contente, mas é preciso muito mais. Sei que não vai ser fácil e que isso vai mexer com interesses muito poderosos, mas se assim não for o mundo nada colherá da esperança semeada durante os últimos meses.
Yes, you can!
Só mais uma coisa em jeito de rodapé: fiquei a saber que um descrente como eu, ou um devoto de uma outra religião não cristã, mesmo que ganhasse as eleições não poderia tomar posse como presidente dos Estados Unidos. Pelo menos assim. É que o protocolo oficial de tomada de posse inclui o jurar sobre a bíblia e invocar a ajuda de deus para cumprir o mandato.
Já agora, e na linha do seu discurso sobre a tolerância religiosa, seria bom retirar das notas de dólar a frase in god we trust, quanto mais não seja, porque essa confiança não tem dado resultados e deve ser antes procurada e fomentada nos que gerem a banca e outros grupos financeiros.

Sem comentários: