23 de janeiro de 2008

Haikai



(Desenho de um bom moço que eu vi crescer)

hototogisu
naki naki tobu
zo isogashiki


Olhe para o cuco
Que só canta, canta e voa —
Que vida ocupada!

Bashô


nagaki
hi o saezuri
taranu hibari kana


À cotovia,
Que canta sem cessar,
O dia inteiro não basta.

Matsuô Bashô (1644-1694)

17 de janeiro de 2008

Somos, muitas vezes


Quando o caminho é pelos sonhos, o perto e o longe são meras formas de ir. Ir sempre.
Hoje, por exemplo, voltei a percorrer os trilhos das rosas bravas e das flores-estrela. Talvez os mesmos onde o poeta colheu espigas que transformou em versos.
Aprendi com ele. Quando o caminho é pelos sonhos, partimos, vamos, somos.





Da minha janela
vê-se a Poesia.

Não te digo, não,
se é bonita ou feia,
se é azul ou branca,
nem que formas tem.

Queres conhecê-la?
Deixa o teu bordado,
vem para o meu lado,
que já podes vê-la
com teus próprios olhos.

Da minha janela
vê-se a Poesia...

Outro que te diga
se é bonita ou feia.


(Sebastião da Gama)

10 de janeiro de 2008

Malhas e redes tecidas em Sísifo

São uns rapazes e umas raparigas que tenho vindo a conhecer há pouco mais de um ano. Assim mais de perto, aqueles e aquelas que estiveram nos encontros da Igrejinha (I e II) e que se entenderam num adiamento de uma semana do dia de reis na Lezíria. Mas também os outros, com quem nunca falei ou nunca vi sequer, têm nomes que me são familiares. Dizem de si próprios com alguma vaidade que são o Grupo de Lisboa e jogam-se a saberes de que eu sei muito pouco. Escuto-os, às vezes por detrás de umas piruetas musicais; partilho dos seus entusiasmos por cima do fumegar do ensopado de borrego; junto-me a eles nas conferências à lareira. Dentre eles há uma rapariga com quem costumo brincar a um jogo infantil de achar que me leva a estes encontros.
Recebi hoje a notícia do resultados dos dos seus esforços. É mais uma etapa duma grandiosa jornada. Está tudo aqui e, logo que possa, vou lê-los com toda a atenção.
Parabéns e um abraço.