tag:blogger.com,1999:blog-65726782024-03-23T18:31:20.595+00:00Contador de GaivotasVariações sobre a imensa metafísica do azul musicalGregorio Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/14929593964443014673noreply@blogger.comBlogger520125tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-76554552614628685992021-06-23T15:44:00.000+01:002021-06-23T15:44:24.397+01:00Gott ist tot<p> Tu é que morreste, ó Nietzsche. E viva o Nietzsche a rir às gargalhadas no meio das tragédias gregas!</p><p>O Nietzsche enfiou os dedos nas chagas de cristo crucificado. Escarafunchou sadicamente e o gajo nem se mexeu. O cristo não estava vacinado e, sabe-se hoje, aquilo de pregos ferrugentos dá tétano e mata, mesmo sem os respectivos opistótonos que pela sua espectularidade são sempre uma boa atracção. Foi, não tanto por isso que muita gente julgou tratar-se de deus, mas porque umas pessoas importantes e donos da comunicação social da altura disseram que estava-se mesmo a ver e que o algodão não engana. <br /></p><p>O Nietzsche escancarou a porta para o homem (obviamente, branco) matar o pai (também, obviamente, branco) todo poderoso e protector e salvador e atrever-se, enfim, a conceber-se livre da angústia associada à impossibilidade de pensamento autónomo.</p><p>Daí a espalhar que deus está morto ainda vai uma certa distância, mesmo que hoje esteja muito mitigada pelas super-mega autoestradas e cinco gês. Sempre são uns quantos terabites de metafísica!</p><p>Lembro-me de uma história que ouvi ou li, não sei a quem, nem quando, nem onde, e que falava de um homem a quem chamavam louco por andar de candeias acesas durante o dia. Dizia que procurava deus e toda a gente se ria. No entanto, entre os não crentes alguém disse: "não vemos deus nenhum; será que o perdemos?"; e, logo outro: "terá fugido como uma criança?"; "se calhar está para aí escondido...". Houve quem dissesse que poderia ter emigrado, embarcado nesses botes que atravessam o mediterrâneo... Depois fez-se um longo silêncio. Até que um gajo de cabelos e barbas já bastante brancas, envergando uma camisola da selecção muito debotada e com dois ou três buracos elevou a voz de modo a projectá-la bem e gritou: "deus, sabem onde está?; matámo-lo!, somos todos assassinos!". Posto isto, olhou à volta e estavam todos a dormir. Abriu uma lata de sardinhas e por ali ficou.</p><p><br /></p>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-69173459922949668432021-06-21T11:10:00.002+01:002021-06-21T11:10:43.433+01:00 conta de gerência<p><br /></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">
dissoneto de quebrantos remendados<br />
(versos quase-bárbaros e meio pasmados)<br />
para o afonso e mais altas esferas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"> </span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;">atirava o pau ao gato sem rancor<br /></span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;">quando em menino descalçava as botas<br /></span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;">esbaforido pelas ondas de calor</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"> </span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;">pouco sabendo de petiscos clandestinos<br /></span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;">temperados em suspensão de sol maior<br /></span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;">ensaiava danças de passos pequeninos</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">no tide o ascensor social coxeava<br />
bainhas ao viés por cima das ourelas<br />
compunham-se de soslaios e a gente a vê-las<br />
com palha d’aço de bigodes ir à fava</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">no bolso andava a fisga e a navalha<br />
papel rasgado com besouros enrolados<br />
filas de letras inclinadas dos recados<br />
que eram ninhos no olhar que nunca falha</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">lídia era a outra margem do ribeiro<br />
e o piquenique de burgueses no pinhal<br />
do marquês da lagoalva era o principal<br />
principiando a florir esse primeiro</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">beijo e pele para além da prescrição<br />
da tal pestilenta indústria da fé <br />
e tudo o que era longe ficou mais ao pé<br />
das águas livres que um dia acharão</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">a noite abafava os passos na esquina<br />
dobrados ouvidos e olhos delatores<br />
às palavras de fogo-posto onde germina</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">o rumor abrindo a límpida madrugada<br />
é já um fervilhar de veias e abraços<br />
e uma canção na urgência de ser gritada<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">e o que mais houver se acrescentará</span><span style="color: #1c1e21; font-size: 10pt;"> </span></p>
<span style="color: #1c1e21; font-family: "inherit",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">08.06.2021</span>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-17366980798533385022021-06-21T11:04:00.000+01:002021-06-21T11:04:48.748+01:00Voltar<p> A chave perdida já vai em sete camadas de ferrugem. Difícil foi encontrá-la no meio de tantos palheiros mais ou menos digitais onde a virtualidade se torna bem mais densa que a bruma da memória.</p><p>Venho Gregório e sabe-se lá com que inconsequente missão.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg91fciBdWnaQ31lOntrDEELz94JmRTMFAb2kOE-M4Vdgx9pmMSyjVYg9aMdb_7IyMm5w-IbFiF-UojU38K1WHSC2_bJwaxeKB8jj2kn4LiL9YvEihxAM91gFVgbW63yv2sFuunvQ/s722/SouBarco2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="446" data-original-width="722" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg91fciBdWnaQ31lOntrDEELz94JmRTMFAb2kOE-M4Vdgx9pmMSyjVYg9aMdb_7IyMm5w-IbFiF-UojU38K1WHSC2_bJwaxeKB8jj2kn4LiL9YvEihxAM91gFVgbW63yv2sFuunvQ/s320/SouBarco2.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-53776666337190234692018-05-31T20:08:00.000+01:002018-05-31T20:08:21.150+01:00Um protocolo chamado desejo<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black; line-height: 115%;">Tenho
duas pessoas à minha frente na caixa do supermercado. O jovem operador de cerca
de 20 anos, cabelo muito aparadinho crescendo muito pouco para o alto da
cabeça, vai debitando as frases mecanicamente, </span><i style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">tem cartão Jumbo?</i><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">; </span><i style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">vai desejar saco?</i><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">; </span><i style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">e número de contribuinte na factura, vai desejar?</i><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">... A certa altura,
enquanto a cliente despachada metia as compras no saco, dedilha o telefone fixo
uma primeira vez, desliga e depois uma segunda. Já um novo cliente está à sua
frente e com a costumeira eficiência repete as frases no tempo certo sobre o
cartão e os sacos seguido de um </span><i style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">olá gata!</i><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">... e depois de uma troca melosa de mimos com quem estava do
outro lado da linha, pergunta, em simultâneo com os </span><i style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">pipiis </i><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">da leitura dos
preços, se a </span><i style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">Ritinha está aí ao teu lado... ok, passa-lhe</i><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">!...Chegou o momento do cliente pagar, mas introduz mal o
cartão ou carregou no botão errado e já estamos todos a perceber que a Ritinha
é namorada ou está em vias disso. Por meio da apaixonada conversa que inclui
horas de saída e onde vamos a seguir, vai dando instruções ao cliente, sem se
esquecer de inquirir se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vai desejar
factura com número de contribuinte</i> e a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">boa
tarde</i> de despedida e o obrigado pela preferência, tudo sem tirar o telefone
do ouvido e intercalando os dois registos sem qualquer dificuldade. Atrás de
mim, uma senhora suspira e invoca nossa senhora; trocámos um olhar solidário,
mas não comentámos mais nada. Entretanto o rapaz já se tinha acertado para mais
logo com a rapariga e mais um beijo et al. e tinha pousado o telefone. Sem
olhar para mim diz <i style="mso-bidi-font-style: normal;">boa tarde</i> e o inevitável
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">vai desejar saco?</i>. Foi aqui que lhe
respondi. Não vou precisar. Trago aqui um. De qualquer modo, acho difícil alguém
ter desejos por um saco de plástico, mas pode ser… Desta vez olhou para mim e
explicou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sabe, nós temos de cumprir um
protocolo</i>… E continuou a passar as minhas poucas compras e o pagamento,
enquanto eu revia mentalmente as referências ao desejo… Lembre-me das máquinas
desejantes que poderemos ser de acordo com Guatari e Deleuse… Introduzo o
cartão, faço o pagamento e enquanto meto as compras no saco, pergunto-lhe então
e esse protocolo inclui namorar enquanto atende os clientes? O rapaz da caixa 26
abriu muito os olhos, sorriu e disse ah, isso não. Respondi-lhe: <i>então, esse
protocolo não presta!</i> Ainda lhe vi o sorriso cair para amarelo e de imediato
passar ao mecânico normal para a cliente seguinte. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Boa tarde, tem cartão Jumbo? E vai desejar saco</i>… </span></div>
<br />Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-83177961424294718352016-11-01T18:21:00.001+00:002017-02-13T18:53:27.539+00:00BalanceioHá mais de um ano que não escrevo aqui. Preguiça. Não sei se é saudades de um tempo em que escrevia compulsiva e abruptamente sobre qualquer coisa, mas às vezes ainda tenho ganas. Mesmo sabendo que já pouca gente lê blogues... Por preguiça, também, acho. Que eu também quase parei a leitura dos meus blogues de estimação e optei pela facilidade de acesso (e de outras coisas de que também quereria falar) do Facebook onde nos encontramos quase todos como as prostitutas de Amesterdão. Oh, p'ra nós aqui na montra!...<br />
Hoje vim aqui disposto a fazer uma espécie de balanço e depois de uma trabalheira que foi entrar porque o mail que dá acesso tinha tido uma tentativa de intrusão (se calhar fui eu!) e pediram-me para alterar a password e mais não-sei-quê... Depois desta trabalheira toda, chego aqui e tenho uma página em branco e ando às voltas para não me cruzar de frente com os meus medos. Mas eu estou convencido de que sou mesmo bom é a rir-me disto tudo. Só não consigo rir da dor. <br />
Estes últimos meses foram marcados por várias peregrinações clínicas, liturgias médicas, eucaristias diagnósticas (e a carestia disto tudo!) em duas pessoas que se amam e acompanham. Diagnósticos para dois deviam ter descontos. Valha-nos por isso a santa ADSE que penitentemente pagamos há tantos anos! Temos "tristeza das células", como escreveu Jayme Ovalle, puxado por Vinicius para o seu poema <i><a href="https://youtu.be/zb0e4etrkzY">Sob o Trópico de Câncer</a></i>, em 1969. Mas deixemo-nos de evasivas. O que temos é um fascista de um cancro a apropriar-se das nossas células. Uma germinação burguesa e capitalista que nos acompanha dentro de nós da mesma forma que habita as sociedades. À mais pequena oportunidade, descuido, permissividade, sei lá! salta para a rua ou lança focos de sabotagem em vários pontos das cidades ou dos corpos. É preciso estar vigilantes. camaradas! Pegá-lo logo pelos colarinhos e gritar-lhes 'No passarán!'. Isto resulta melhor se nunca perdermos a nossa capacidade de rir. Se um dia formos vencidos (coisa que não estou disposto a conceder) e tivermos de morrer, que seja a rir!<br />
Eu, a minha rapariga e uma amiga chegada estamos em luta contra esta cambada fascista. É também uma aprendizagem e uma experiência. Não estamos a morrer. Estamos a viver de forma disferente e a lutar. Unidos Venceremos! E... A luta continua!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCGPOjO0GEwBpeQ3XNGtMyGJbTFvt3AU5OOo0uETkkZZOZnOoUGwjHI70R9HmCo1p0nVBtK-k-kpANuGPuXFt8j2QZ37upB4urBtVB2WQSjNMY7RE0BBTagUTsDFrRwrjY2irnfg/s1600/NoPasaran_Mafalda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCGPOjO0GEwBpeQ3XNGtMyGJbTFvt3AU5OOo0uETkkZZOZnOoUGwjHI70R9HmCo1p0nVBtK-k-kpANuGPuXFt8j2QZ37upB4urBtVB2WQSjNMY7RE0BBTagUTsDFrRwrjY2irnfg/s1600/NoPasaran_Mafalda.jpg" /></a></div>
Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-32906387386615760582016-11-01T18:21:00.000+00:002016-11-01T18:22:27.944+00:00BalanceioHá mais de um ano que não escrevo aqui. Preguiça. Não sei se é saudades de um tempo em que escrevia compulsiva e abruptamente sobre qualquer coisa, mas às vezes ainda tenho ganas. Mesmo sabendo que já pouca gente lê blogues... Por preguiça, também, acho. Que eu também quase parei a leitura dos meus blogues de estimação e optei pela facilidade de acesso (e de outras coisas de que também quereria falar) do Facebook onde nos encontramos quase todos como as prostitutas de Amesterdão. Oh, p'ra nós aqui na montra!...<br />
Hoje vim aqui disposto a fazer uma espécie de balanço e depois de uma trabalheira que foi entrar porque o mail que dá acesso tinha tido uma tentativa de intrusão (se calhar fui eu!) e pediram-me para alterar a password e mais não-sei-quê... Depois desta trabalheira toda, chego aqui e tenho uma página em branco e ando às voltas para não me cruzar de frente com os meus medos. Mas eu estou convencido de que sou mesmo bom é a rir-me disto tudo. Só não consigo rir da dor. <br />
Estes últimos meses foram marcados por várias perigrenações clínicas, liturgias médicas, eucaristias diagnósticas (e a carestia disto tudo!) em duas pessoas que se amam e acompanham. Diagnósticos para dois deviam ter descontos. Valha-nos por isso a santa ADSE que penitentemente pagamos há tantos anos! Temos "tristeza das células", como escreveu Jayme Ovalle, puxado por Vinicius para o seu poema <i><a href="https://youtu.be/zb0e4etrkzY">Sob o Trópico de Câncer</a></i>, em 1969. Mas deixemo-nos de evasivas. O que temos é um fascista de um cancro a apropriar-se das nossas células. Uma germinação burguesa e capitalista que nos acompanha dentro de nós da mesma forma que habita as sociedades. À mais pequena oportunidade, descuido, permissividade, sei lá! salta para a rua ou lança focos de sabotagem em vários pontos das cidades ou dos corpos. É preciso estar vigilantes. camaradas! Pegá-lo logo pelos colarinhos e gritar-lhes 'No passarán!'. Isto resulta melhor se nunca perdermos a nossa capacidade de rir. Se um dia formos vencidos (coisa que não estou disposto a conceder) e tivermos de morrer, que seja a rir!<br />
Eu, a minha rapariga e uma amiga chegada estamos em luta contra esta cambada fascista. É também uma aprendizagem e uma experiência. Não estamos a morrer. Estamos a viver de forma disferente e a lutar. Unidos Venceremos! E... A luta continua!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCGPOjO0GEwBpeQ3XNGtMyGJbTFvt3AU5OOo0uETkkZZOZnOoUGwjHI70R9HmCo1p0nVBtK-k-kpANuGPuXFt8j2QZ37upB4urBtVB2WQSjNMY7RE0BBTagUTsDFrRwrjY2irnfg/s1600/NoPasaran_Mafalda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCGPOjO0GEwBpeQ3XNGtMyGJbTFvt3AU5OOo0uETkkZZOZnOoUGwjHI70R9HmCo1p0nVBtK-k-kpANuGPuXFt8j2QZ37upB4urBtVB2WQSjNMY7RE0BBTagUTsDFrRwrjY2irnfg/s1600/NoPasaran_Mafalda.jpg" /></a></div>
Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-88122295033174383122015-09-10T14:35:00.001+01:002015-09-10T15:04:43.530+01:00No rasto dos poetas:A gentileza dos cegosUm dia dei com um poema que me chamou a atenção pelo que nele há de paradoxal e, para além das reflexões que fiz sobre as coisas que fazemos no dia-a-dia e não reparamos, pensei logo levá-lo para as aulas de comunicação e relação. Faz-me pensar em tudo o que fazemos sem ter em conta a situação particular do outro, mas, pior, como se o outro visse e pensasse o mundo como cada um de nós o vive e pensa. É um poema de uma poetiza polaca já falecida e que foi prémio Nobel em 1996. Chama-se Wislawa Szymborka (1923-2012). <br />
Há uma tradução brasileira, mas fiz uma nova a partir da <a href="http://www.riehlife.com/2008/04/16/riehlife-bonus-poem-of-the-day-wislawa-szymborskas-the-kindness-of-the-blind/">versão em inglês </a>traduzida do polaco por J. Kostkowska. <br />
<b>A gentileza dos cegos </b><br />
<br />
Um poeta lê para os cegos. <br />
Ele não suspeitava de como era tão difícil. <br />
A sua voz falha. As suas mãos tremem. <br />
Ele sente que aqui cada frase <br />
fica sujeita à prova da escuridão. <br />
Ela terá de valer por si própria <br />
sem luzes ou cores. <br />
Uma aventura perigosa para as estrelas do seu poema, <br />
para o amanhecer, para o arco-íris, para as nuvens, para os néons, para a lua, <br />
para o peixe, até agora tão prateado, dentro de água, <br />
e para o gavião tão silenciosamente alto no céu. <br />
O poeta lê – já é demasiado tarde para parar – <br />
sobre um menino de casaco amarelo no verdejante prado, <br />
os telhados rubros que salpicam o vale, <br />
os movimentados números nas camisolas dos jogadores <br />
e a desconhecida nua na porta entreaberta. <br />
Ele gostaria de não mencionar – embora já não possa – <br />
todos aqueles santos no tecto da catedral, <br />
aquela onda de adeus na janela do comboio <br />
a lente do microscópio, o raio de luz na pedra preciosa <br />
o ecrã do cinema, e os espelhos, e os álbuns de fotos. <br />
Ainda assim é grande a gentileza dos cegos, <br />
grande a sua compaixão e generosidade. <br />
Eles escutam, sorriem e aplaudem. <br />
Um deles até se aproxima <br />
com um livro de cabeça para baixo <br />
a pedir um autógrafo invisível. <br />
<br />
A<i> poet is reading to the blind. He did not suspect it was so hard. His voice is breaking. His hands are shaking. He feels that here each sentence is put to the test of the dark. It will have to fend for itself without the lights or colors. A perilous adventure for the stars in his poems, for the dawn, the rainbow, the clouds, neon lights, the moon, for the fish until now so silver under water, and the hawk so silently high in the sky. He is reading - for it is too late to stop - of a boy in a jacket yellow in the green meadow, of red rooftops easy to spot in the valley, the restless numbers on the players' shirts, and a nude stranger in the door cracked open. He would like to pass over - though it's not an option - all those saints on the cathedral's ceiling, that farewell wave from the train window, the microscope lens, ray of light in the gem, video screens, and mirrors, and the album with faces. Yet great is the kindness of the blind, great their compassion and generosity. They listen, smile, and clap. One of them even approaches with a book held topsy-turvy to ask for an invisible autograph. </i>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-46115814120008398342015-04-22T09:33:00.000+01:002015-09-10T14:37:43.301+01:00Coisas do meu quintalNo meu quintal há um cágado responsável pelo inventário e pelo registo de presenças do melro e da passarada namoradeira. Fora isso é tudo horta poética. Horto-gráfica no desenho dos canteiros metafísicos e cronofágicos. Na vertical, o meu quintal é infinito e por isso, ele é maior do que o mundo.<br />
<br />
Segui uma pista. Um sinal dos sinais da manhã do Fernando Alves e fui dar ao poeta Manoel de Barros, poeta esquecido de quem pouco mais conhecia do que o nome através do elogio de outro dos meus poetas - Carlos Drummond de Andrade.<br />
Fiquei com a impressão de que o Manoel de Barros também visita o meu quintal. Vou reparar melhor.<br />
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<h2>
<strong>O apanhador de desperdícios</strong></h2>
Uso a palavra para compor meus silêncios.<br /> Não gosto das palavras<br /> fatigadas de informar.<br /> Dou mais respeito<br /> às que vivem de barriga no chão<br /> tipo água pedra sapo.<br /> Entendo bem o sotaque das águas<br /> Dou respeito às coisas desimportantes<br /> e aos seres desimportantes.<br /> Prezo insetos mais que aviões.<br /> Prezo a velocidade<br /> das tartarugas mais que a dos mísseis.<br /> Tenho em mim um atraso de nascença.<br /> Eu fui aparelhado<br /> para gostar de passarinhos.<br /> Tenho abundância de ser feliz por isso.<br /> Meu quintal é maior do que o mundo.<br /> Sou um apanhador de desperdícios:<br /> Amo os restos<br /> como as boas moscas.<br /> Queria que a minha voz tivesse um formato<br /> de canto.<br /> Porque eu não sou da informática:<br /> eu sou da invencionática.<br /> Só uso a palavra para compor meus silêncios.<br />
<br />
<b>Manoel Wenceslau Leite de Barros</b> (1916-2014), poeta da chamada Geração de 45 e formalmente enquadrado no pós-modernismo brasileiro (Wikipédia).Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-84464923140067674942015-03-19T15:01:00.001+00:002015-03-19T15:02:31.173+00:00Um homem da terraViveu os seus anos todos a misturar a sua vida com a terra e as searas e as vinhas e as oliveiras sem medo do sol do estio ou o rigor das geadas. Ria-se das agruras convencido de que tudo isso o "enrijava". Homem do campo, trabalhava até ver e à noite - durante alguns anos à luz do candeeiro a petróleo - lia esteiros e fangas e gaibéus em searas de vento. E também Gorki e Zola e Steinbeck e Amado. Pequeno, saltava-lhe para o colo e queria saber o que diziam os livros. Cedo levou-me à biblioteca da Sociedade Filarmónica e ainda hoje tenho na memória o cheiro dos livros e o fascínio das lombadas alinhadas. Fez apenas a instrução primária, mas deve ter lido muito mais do que a maioria dos licenciados de hoje. Brincávamos ao jogo de dizer as capitais de todos os países do mundo...<br />
Um dia escreveu uma carta ao ministro da educação a pedir uma bolsa para que o filho pudesse estudar.<br />
Ensinou-me tudo o que foi necessário para que pudesse continuar a aprender.<br />
Misturou-se definitivamente com a terra na passada segunda-feira e no seu humor muito particular não teria deixado de fazer uma graça com o facto de ir para a terra com a alma encomendada aos céus.<br />
Era o meu pai.<br />
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https://www.youtube.com/watch?v=PzeQwBTbOpwGregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-28856704105529410072014-05-17T00:28:00.000+01:002014-05-17T00:28:18.047+01:00O teatro do aborrecimento mortal"O Teatro do Aborrecimento Mortal reconhece-se à primeira vista, pois é sinónimo de mau teatro. Sendo esta a forma de teatro mais frequente, e aquela que se encontra mais associada ao teatro comercial, alvo de desprezo e de ataques constantes, poderá parecer uma perda de tempo insistir em criticá-lo. Contudo, só teremos consciência da real dimensão do problema se percebermos que as coisas aborrecidas são enganadoras e que podem surgir em qualquer momento".<br />
(Peter Brook, <em>O Espaço Vazio</em>)<br />
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Acabado de vir do comício do Bloco de Esquerda, em Faro, onde fui ver se me convencia a ir votar no próximo dia 25, nas eleições para o Parlamento Europeu.<br />
A única coisa que me animou foi a reivindicação da "reestruturação da dívida" que o BE continua patetalegremente a proclamar como sendo uma coisa de esquerda e que reclamará como uma grande vitória no dia em que a direita tomar isso como um feito seu. Inevitavelmente.<br />
Sobre a Europa não ouvi uma ideia. Apenas que existem alternativas e que há outros com quem estão unidos no PE. Enfim, o discurso político do "aborrecimento mortal". Na forma não se distingue muito dos outros. E aqui, a forma é também conteúdo. Mortal. Uma esquerda a tornar-se mortal para si própria.Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-20544786238490189362013-09-18T12:47:00.001+01:002013-09-18T12:47:27.880+01:00A Praia IN minha terra não havia mar. Pelo menos para mim. Sabia do Carril e do Toco onde as mães iam lavar e isso era uma verdadeira praia com juncos e espadanas e peixinhos pequeninos à nossa volta. Ouvia falar da praia. Que tinha areia. E na minha imaginação aparecia um enorme monte de areia, muito maior do que aquele que uma camioneta tinha descarregado em frente da casa do Ti Paulino, para fazer obras, e onde eu me deliciava a brincar. Claro que isso me custou umas duas palmadas no rabo que a minha mãe era célere em questões de justiça que administrava logo ali à frente do queixoso de que eu tinha espalhado a areia toda. Alma danada, acrescentava o nosso vizinho com ar zangado. Hoje penso que fazia aquilo para que se parecesse mais com uma praia que eu nunca tinha visto.
A minha tia, irmã do meu pai, casara-se com um pintor da construção civil que também era ciclista. Livre dos preparativos das vindimas e da venda dos melões e também por já ser um bocadinho rica, começou a ir todos os anos à praia. Juntava-se com uma amiga e iam as duas à Nazaré alugar uma casa para quinze dias, para as duas famílias. Nazaré era palavra que não se pronunciava por ser desnecessária. Toda a gente se entendia apenas com o nome Praia.
A primeira vez que fui à praia teria pouco mais de três anos. Dizem que não temos memórias de antes dos quatro, mas não acreditem. Apanhava-se a camioneta dos Claras, isso soube mais tarde, e lembro-me do cheiro que exalava dos bancos e que me agoniava. Eu forte como era e com o entusiasmo de ir para a praia, aguentava, enquanto o Raimundo, a meu lado, já tinha vomitado pelo menos duas vezes para uma toalha. Aquilo cheirava quase tão mal como todo interior da camioneta, mas alguém abriu o vidro e a coisa melhorou. O Raimundo, mais velho que eu, um ano ou dois, olhava para mim, verde e quase a revirar os olhos. Empoleirado no banco conseguia saborear o ar na cara e o cheiro dos pinhais. Um ronco mais intenso do motor, uma subida, um ligeiro tombo no início de descida e uma explosão de vozes exclamativas. Parecia-me ouvir “o Mário… o Mário!”. Eu conhecia dois Mários. Um era o barbeiro onde o meu pai ia ler o jornal e outro era um vizinho que andava sempre de fato-macaco azul e sujo de óleo porque andava numa oficina a aprender o ofício. Bem rodava a cabeça, mas não consegui reconhecer em nenhuma das caras, um desses Mários.
Pouco depois e sempre a descer entrámos casario dentro por ruas onde andava muita gente a pé e um cheiro esquisito no ar. Tínhamos chegado à Praia e eu nem sabia que havia mar.
Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-43602242354721805362013-04-04T13:01:00.002+01:002013-09-18T12:51:54.609+01:00A monção de SençuraApreceu um tal miguel de mão dada com outro de igual nome com um discurso a lembrar salazarentos aforismos do tipo Eu não percebo nada de política A minha política é o trabalho<br />
Todos sabemos é bom haver chuva no nabal e que ainda é cedo para o sol na eira e cestos de vindima E tem chovido bem e tanto nesta monção primaveril que só falta mesmo uma delibração de santa bárbara para um despacho trovejante Já não há gaivotas em assembleia apesar dos temporais Os corvos negros tornaram-se intemporais e nem mesmo uma ave de arribação é capaz de trazer um rasgo de primavera <br />
Há um país cativo numa espécie de síndroma de estocolmo que aguenta aguenta de estocada em estocada até á sangria final <br />
E a política E a esquerda E a oposição<br />
Ainda não vi ninguém preso Por isso não existem<br />
É primavera pá Continua a chover <br />
Gregorio Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/14929593964443014673noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-64126017145638973422012-08-31T23:17:00.000+01:002012-08-31T23:17:01.286+01:00Blue moon e outras teorias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBHxtaYztSIUISazOroK9mhdKf8zlB3xGsy7Ijn4fwGwOOVvLmXsjk9YxUYjfaefkWPh50tBSthHja6TIo1wZRjcI8m9t0jUo6gf0pDcF0m6QSrDUcEZHodwZDc4l45Y5L6zq6Fg/s1600/Blue+moon25.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fea="true" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBHxtaYztSIUISazOroK9mhdKf8zlB3xGsy7Ijn4fwGwOOVvLmXsjk9YxUYjfaefkWPh50tBSthHja6TIo1wZRjcI8m9t0jUo6gf0pDcF0m6QSrDUcEZHodwZDc4l45Y5L6zq6Fg/s320/Blue+moon25.jpg" width="320" /></a></div>
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Há poéticas espalhadas nas notícias a cruzar a ciência do espaço com outras órbitas e trajectórias do amor. Achei-me já tantas vezes a navegar por algumas dessas distintas poéticas incluindo as mais óbvias e não desdenho nada de quem, mão na mão tece promessas de amor feliz com a lua por testemunha.</div>
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Aprendi de miúdo a reconhecer e a quase venerar o luar de Agosto, aquele que nos permitia brincar na rua até altas horas e jogar com as sombras. Saberá disto quem cresceu no campo e brincava em terreiros desprovidos de iluminaçao pública. Na escola aprendi coisas mágicas e saberes deliciosos sobre a lua. Compreender as fases da lua, a sua eclíptica e tudo o que envolve o que é aparente e inaparente neste satélite, abriu-me um largo campo de metáforas que vão muito para além dos sortilégios e juras de amor.<br />Hoje está na noite o que se chama uma "blue moon" (foi tema de uma canção que também ouvia na rádio - não sabia o que dizia a letra, mas era sempre anunciada como "lua azul") e quase que a vi nascer. Apanhei-a assim, a partir do cais de Faro, a subir entre Olhão e a ilha do Farol.<br />Assim sendo, se hoje alguém se sentir personagem de um romance, estrofe de um poema, parte de uma sinfonia, movimento de um bailado... devem ser mesmo os famosos efeitos da lua.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis9ACzTzOyjwwRstWRkDNuIZo3E3ODtMqABVM7ZsXKu715BXFQtLtArTS8J_aFZ9NevTjkWd58TMHjLAikdh2OLTMCM7icP4adMCF9DSqjfgohkqL94NzGCnteiDmu5tgjj9wfmg/s1600/IMG_1933.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fea="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis9ACzTzOyjwwRstWRkDNuIZo3E3ODtMqABVM7ZsXKu715BXFQtLtArTS8J_aFZ9NevTjkWd58TMHjLAikdh2OLTMCM7icP4adMCF9DSqjfgohkqL94NzGCnteiDmu5tgjj9wfmg/s320/IMG_1933.JPG" width="320" /></a></div>
O crepúsculo de hoje no cais.Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-70700433500189618352012-06-19T02:13:00.001+01:002012-06-19T02:18:37.029+01:00Questões de tempo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://pagesperso-orange.fr/illiers-combray/Images/VueIlliers1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="186" rca="true" src="http://pagesperso-orange.fr/illiers-combray/Images/VueIlliers1.JPG" width="320" /></a></div>
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<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-size: small;">Illiers-Combray</span> Imagem </span><a href="http://images.search.conduit.com/ImagePreview/?q=a+la+recherche+du+temps+perdu+Iliers-Combray&ctid=CT2269050&SearchSource=10&FollowOn=true&PageSource=Results&SSPV=&start=35&pos=30"><span style="font-size: xx-small;">daqui</span></a></div>
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<em>À la recherche du temps perdu</em> é um longo romance de Marcel Proust que nunca li e não sei se conseguirei ler alguma vez. Apesar de a tentação ser grande, estou mais capaz de seguir aquilo que julgo ser a própria sugestão proustiana: não me apetece perder tempo com tanta literatura.<br />
Tudo isto porque venho de ler o livro de Alain de Botton, <em>Como Proust pode mudar a sua vida</em>, onde aquela obra é profusamente citada e comentada. <br />
Um aspecto comentado por Botton relacionado com alguns sintomas de "leitor excessivamente reverente e dependente" é a atracção por visitar Illiers-Combray. Illiers era uma pequena povoação de pouco mais de três mil habitantes onde Proust passava férias de verão em criança e também algumas vezes na adolescência e que utilizou como cenário ficcional no seu romance chamando-lhe Combray. Desde 1971 (centenário do nascimento de Proust), a cidadezinha chama-se oficialmente Illiers-Combray e tem adoptado uma espécie de folclore com elementos retirados do romance. Assim, é possível ver à porta da pâtisserie-confisserie, uma placa indicando "a casa onde a tia Léonie [personagem do romance] costumava comprar as suas madalenas". É claro que isto é bom para o negócio e os leitores-turistas não deixam de trazer uma embalagem das celebrizadas madalenas literárias.<br />
Há dias, ouvi falar de um "efeito boomerang" a propósito de algumas tradições (neste caso as marchas populares de Lisboa) que parecem ter nascido ali, mas que na realidade vieram de um outro sítio ou foram criadas por alguém em determinado momento e com um propósito determinado e com o passar do tempo tornam-se ícones culturais de uma população. O exemplo talvez mais eloquente em Portugal é o que se passa com os chamados "ranchos folclóricos". Mais ou menos "desenhados" pelos ideólogos do Estado Novo e depois expontaneamente replicados, incorporando temas criados para o cinema ou para o teatro de revista, tornam-se verdadeiros representantes dos vários tipos de portugueses de acordo com a sua região: o vira é do Minho, o fandango do Ribatejo e o corridinho do Algarve, mesmo que seja aquele chamado 'bailo pulado' para mostrar os culottes da moda francesa do cabaret e do vaudeville.Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-46646758143485598952012-03-19T12:36:00.002+00:002012-03-19T13:02:04.982+00:00Gaivotas no palco<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNV_yyLL4cfTIYpCwFXAJ0yC5w4il18EGuiT81Y58foojphEZMLnKfQUc6EGhoH8FfMHuohRav2In4ULmgfBsrGDUMYkKvg4Dr6g8AJpW1VCLJTXBiiJ_LH1Ylh108LONMKzob/s1600/Paris+praia+do+Hawai.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 355px; DISPLAY: block; HEIGHT: 275px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5721586627043643730" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNV_yyLL4cfTIYpCwFXAJ0yC5w4il18EGuiT81Y58foojphEZMLnKfQUc6EGhoH8FfMHuohRav2In4ULmgfBsrGDUMYkKvg4Dr6g8AJpW1VCLJTXBiiJ_LH1Ylh108LONMKzob/s320/Paris+praia+do+Hawai.jpg" /></a> Atenção banhistas surfistas maristas praístas... E outros artistas Eu Espectador imaginário da praia Eu Também Não sei o que é o algarve E sei Ou parece-me Que ninguém saberá o que é o algarve Mas qual algarve mô O da vila de ameijoas O das mouras encantadas O do mar feito num cão Eu não sei o que é o algarve É por isso que o posso inventar pelos cheiros dos orégãos no molho dos caracóis de maio Pelos olhos dos poetas de cá e outros que vieram cá para se deixarem encantar pelo branco da cal Ou por uma noturna maré de plâncton<br />Vou continuar à procura desse algarve Por esses palcos fora Mesmo que a primavera anuncie a maior das tempestades e terramotosGregorio Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/14929593964443014673noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-10320410732236115602012-03-11T22:54:00.004+00:002012-03-11T23:34:55.547+00:00Poetas, livreiros e outros desassossegos<div align="left"><a href="http://www.tlaxcala.es/images/gal_3666.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 405px; FLOAT: left; HEIGHT: 255px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://www.tlaxcala.es/images/gal_3666.jpg" /></a><br />Fui lá pela curiosidade depois de ouvir falar (Pacheco Pereira, na SICnotícias)<span style="font-size:0;"></span> desta livraria e deste poeta (entre outras coisas) e seu fundador.<br />Lawrence Ferlinghetti é um dos poetas da beat generation do qual sei muito pouco ainda. Mas deixo aqui uma ponta para, mais tarde, puxar e ir até a esses tempos de criatividade insurgente e poder trazer outros.<br /><br />Para já fica aqui um poema sobre a América, o seu sistema, os governantes e o povo eleitor.<br /><br /><br /><a href="http://www.poemhunter.com/poem/bird-with-two-right-wings/">PÁSSARO COM DUAS ASAS DIREITAS<br /></a>E agora o nosso governo<br />um pássaro com duas asas direitas<br />voa de um lado para o outro<br />enquanto nós vamos tendo a nossa sessãozita de jogos & diversão<br />em cada eleição<br />como se realmente importasse quem é o piloto<br />do avião presidencial<br />(Eles alternam-se, estúpido!)<br />Enquanto esta ave com duas asas direitas<br />voa a direito com sua tripulação corporativa<br />E este ano é o Grande Filme do Cowboy no cockpit<br />E no próximo o grande piloto Bush<br />E agora o Kid Chameleone continua a trocar o emblema do boné de capitão<br />e agora é um burro e agora um elefante<br />e agora, uma espécie de burrefante<br />E agora podemos reconhecer os dois tripulantes<br />o que conseguiu um contrato com América<br />e um outro, um tal gringo infeliz<br />muito ocupado de chave-inglesa na mão<br />a reparar as partes essenciais do motor<br />e os sistemas de suporte de vida<br />e com uma grande e gorda mangueira<br />a chupar o combustível para tanques privados<br />E enquanto isso nós apenas ocupamos<br />assentos de passageiro<br />sem pára-quedas<br />atentos a todas as informações de que está apto para voar<br />pelo sistema unidirecional de PA<br />sobre como o contrato com a América<br />é realmente bom para nós etc.<br />A todo momento o avião atafulha-se<br />com o seu manifesto destino<br />pós-moderno<br /><br />Lawrence Ferlinghetti<br />(tradução à moda da casa)</div><br /><br /><div align="right"><br />imagem <a href="http://www.tlaxcala.es/pp.asp?reference=4493&lg=po">daqui</a><br /></div><br /><br /><div align="left"><span style="font-size:85%;">BIRD WITH TWO RIGHT WINGS</span><br /><span style="font-size:85%;">And now our government<br />a bird with two right wings<br />flies on from zone to zone<br />while we go on having our little fun & games<br />at each election<br />as if it really mattered who the pilot is<br />of Air Force One<br />(They're interchangeable, stupid!)<br />While this bird with two right wings<br />flies right on with its corporate flight crew<br />And this year its the Great Movie Cowboy in the cockpit<br />And next year its the great Bush pilot<br />And now its the Chameleon Kid<br />and he keeps changing the logo on his captains cap<br />and now its a donkey and now an elephant<br />and now some kind of donkephant<br />And now we recognize two of the crew<br />who took out a contract on America<br />and one is a certain gringo wretch<br />who's busy monkeywrenching<br />crucial parts of the engine<br />and its life-support systems<br />and they got a big fat hose<br />to siphon off the fuel to privatized tanks<br />And all the while we just sit there<br />in the passenger seats<br />without parachutes<br />listening to all the news that's fit to air<br />over the one-way PA system<br />about how the contract on America<br />is really good for us etcetera<br />As all the while the plane lumbers on<br />into its postmodern<br />manifest destiny<br /><br /><br />Lawrence Ferlinghetti </span></div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-26170820146070335962012-02-28T18:32:00.005+00:002012-02-28T18:58:24.542+00:00Cultivadas c'a fé<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3HVRMjhWWHvOWSdOHTkvG_RlQ4PNgydq2zVF9wUf-Cd-EuX_PDYtp5_5W0snIRWkSgjeteSDSwI4WDiZeDUArEeACJYvsI9JBDn3A2rJpzwztNIHcpF4cJfTB9Bd05ewknfC1NA/s1600/IMG_1442.JPG"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 337px; FLOAT: left; HEIGHT: 278px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5714256468199970402" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3HVRMjhWWHvOWSdOHTkvG_RlQ4PNgydq2zVF9wUf-Cd-EuX_PDYtp5_5W0snIRWkSgjeteSDSwI4WDiZeDUArEeACJYvsI9JBDn3A2rJpzwztNIHcpF4cJfTB9Bd05ewknfC1NA/s200/IMG_1442.JPG" /></a> <br /><p></p><br /><br /><p></p><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Se aquela que é Cristas e ministra assim de tão plural ministério sabe disto ainda me contrata para sacristão.<br /><br /><br />Ora, são...<br />(São, de Assunção se me é permitida a familiaridade e também de oração que é seu tão proclamado e profundo mister aplicado à política agrícola e também à dança da chuva)<br />São batatas, senhora!<br />Batatas doces em fevereiro?<br />Pois são assim os milagres... Na realidade, tinha lá plantado outra coisa para dar aos pobrezinhos. Para eles fumarem e esquecerem as suas angústias. Mas eis que chega a inspecção ministerial e místico-agrícola e o milagre veio mesmo a calhar.<br /><br /><span style="font-size:85%;">Batatas doces (<em>Ipomoea batatas</em>) colhidas hoje no quintal da Horta.<br /></span><span style="font-size:85%;">Pertencem à Família das convolvuláceas, mas não me importo. Não devemos discriminar ninguém.</span>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-58540576141441246872012-01-05T01:02:00.005+00:002012-01-05T01:45:18.901+00:00No rasto de outros poetas<a href="http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/02/images/Harding_Gunnar_image.jpg">. <img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 287px; FLOAT: left; HEIGHT: 307px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/02/images/Harding_Gunnar_image.jpg" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><div>Gunnar Harding nasceu na Suécia em 1940, foi músico de jazz , estudou pintura e aos 27 anos iniciou-se na escrita.</div><br /><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><br /><div><a href="http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/02/text/Harding_Gunnar.htm">Informação e foto daqui</a>.</div><br /><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><br /><div>Achei este poema traduzido em inglês porelo novaiorquino Roger Greenwald. Não vi o original em sueco e, mesmo que o visse, ficaria com a mesma dúvida e a mesma fantasia: o que acontece a um poema depois de passar por várias línguas e tradutores? como voltaria ele à língua em que foi escrito?</div><br /><br /><br /><br /><div>Eu gosto das palavras em várias línguas e gostaria de saber mais dessas línguas todas para ler a história que cada palavra conta na sua singularidade.</div><br /><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><br /><div><strong><span style="font-size:180%;">A cidade perfeita<br /></span></strong>(<em>a partir da versão em inglês de Roger Greenwald</em>)<br /></div><br /><br /><br /><br /><div>Uma quarta-feira três voos para fevereiro<br />ela tinha feito a cama com lençóis limpos,<br />abertas as cortinas,<br />da janela donde não se vê o céu<br />mas um outro edifício.<br /></div><br /><br /><div>Havia uma tempestade que passou.<br />Tanto sangue em movimento<br />através dos seus corpos.</div><br /><br /><div>Ela flutua nos seus cabelos em cascata.<br />A cidade lá fora está vazia,<br />perfeita e vazia.<br />No seu centro fica a sua casa,<br />tecendo silêncio pelas ruas.</div><br /><br /><div></div><br /><div>A escuridão dos poços espera<br />ser içada, vir acima<br />em baldes silentes<br />mas a frieza do mármore não se pode apagar.<br /></div><br /><br /><div>Estamos apenas no início da história.<br />Um dia o sangue fluirá a partir da brancura.</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div><br /><span style="font-size:180%;">The Perfect City<br /></span><em>Translated by Roger Greenwald</em></div><br /><br /><div><em><br /></em>One Wednesday three flights up in February<br />she had made the bed with clean sheets,<br />drawn the curtains,<br />for the window did not face the sky<br />but another building.<br /></div><br /><br /><div>There was a storm that passed through.<br />So much blood in motion<br />through their bodies.<br /></div><br /><br /><div>She floats amid her cascading hair.<br />The city outside is empty,<br />perfect and empty.<br />At its center stands their house,<br />casting silence through the streets.<br /></div><br /><br /><div>Darkness waits in wells<br />to be hauled up, hauled upin<br />silent buckets<br />but the coldness of marble cannot be quenched.<br /></div><br /><br /><div>We are only at the beginning of the story.<br />One day blood will flow from the whiteness.</div><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;">Gunnar Harding</span></div><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><div><a href="http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/02/text/Harding_Gunnar.htm">http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/02/text/Harding_Gunnar.htm</a></div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-50469320153909236822012-01-03T23:40:00.004+00:002012-01-04T00:31:26.049+00:00De mim para ti<div><span style="font-size:130%;"><strong><a href="http://www.poemhunter.com/poem/i-carry-your-heart-with-me-i-carry-it-in-92/">I carry your heart with me</a></strong></span></div><br /><div></div><br /><br /><div>i carry your heart with me (i carry it in<br />my heart) i am never without it (anywhere<br />i go you go,my dear; and whatever is done<br />by only me is your doing, my darling)<br />i fear<br />no fate (for you are my fate, my sweet) i want<br />no world (for beautiful you are my world, my true)<br />and it's you are whatever a moon has always meant<br />and whatever a sun will always sing is you<br /></div><br /><br /><br /><div>here is the deepest secret nobody knows<br />(here is the root of the root and the bud of the bud<br />and the sky of the sky of a tree called life;which grows<br />higher than the soul can hope or mind can hide)<br />and this is the wonder that's keeping the stars apart <a href="http://www.culturapara.art.br/opoema/eecummings/images/eec_ass.gif"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 130px; FLOAT: right; HEIGHT: 89px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://www.culturapara.art.br/opoema/eecummings/images/eec_ass.gif" /></a><br />i carry your heart(i carry it in my heart) </div><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;">E. E. Cummings</span></div><br /><div></div><br /><div></div><br /><div></div><br /><br /><div>trago comigo o teu coração (trago-o dentro do<br />meu coração) nunca estou sem ele (onde quer<br />que eu vá, tu vais, minha querida; e tudo que é feito<br />apenas por mim és tu que o fazes, minha querida)<br />não temo<br />nenhum destino (pois o meu destino és tu, doçura) não quero<br />nenhum mundo (para beleza és o meu mundo, minha verdade)<br />e és tu tudo o que uma lua sempre significou<br />e aquilo que um sol sempre cantará és tu<br /></div><br /><br /><br /><div>eis o mais profundo segredo que ninguém conhece<br />(eis a raiz da raiz e o botão do botão<br />e o céu do céu de uma árvore chamada vida; que cresce<br />maior do que a alma pode esperar ou a mente pode esconder)<br />e esta é a maravilha que mantém as estrelas separadas<br />trago comigo o teu coração (trago-o dentro do meu coração)</div><br /><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;">(tradução minha)</span></div><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><div></div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-52483711668667880632012-01-03T00:19:00.005+00:002012-01-03T01:28:35.286+00:00Foi na hora<a href="http://static.bbc.co.uk/programmeimages/640x360/series/b012rwmc.jpg?nodefault=true"><em><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 298px; FLOAT: right; HEIGHT: 163px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://static.bbc.co.uk/programmeimages/640x360/series/b012rwmc.jpg?nodefault=true" /></em></a><em> The hour</em> é uma série a passar na Fox Life que desenrola uma trama de jogos de poder, espionagem, sedução e jornalismo no interior da BBC dos anos 50. Talvez a passasse em branco, não fora os nossos serões conjuntos em que o comando da televisão só trabalha para as séries da Fox Life e um ou outro telejornal, mas passei a seguir esta interessante série e até já sei o dia em que dá. A minha rapariga também me aconselha a que dá a seguir, mas isso já é muito para mim e enquanto essa corria, fui procurar um poema do Cummings que o Freddie diz à Bel, do qual retive o último verso: <em>nobody, not even the rain, has such small hands</em>.<br />O Google deu-me o que queria e mais uma tradução brasileira e uma versão musicada e cantada por Zeca Baleiro. Da tradução que encontrei que não gostei particularmente e resolvi meter-me a um atrevimento que ainda não tinha ousado. Assim, com ajuda do Oxford Advanced Learner's Dictionary e de algumas ferramentas electrónicas fui-me a ele.<br /><br /><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;">Imagem </span><a href="http://www.bbc.co.uk/programmes/b012rwmc"><span style="font-size:78%;">daqui</span></a></div><br /><br /><span style="font-size:130%;color:#ffff33;"><strong><a href="http://www.poets.org/viewmedia.php/prmMID/15401">somewhere i have never travelled,gladly beyond<br /></a></strong></span><br /><span style="color:#ffff66;"><em>somewhere i have never travelled, gladly beyond<br />any experience, your eyes have their silence:<br />in your most frail gesture are things which enclose me,<br />or which i cannot touch because they are too near<br /><br />your slightest look easily will unclose me<br />though i have closed myself as fingers,<br />you open always petal by petal myself as Spring opens<br />(touching skilfully,mysteriously) her first rose<br /><br />or if your wish be to close me, i and<br />my life will shut very beautifully, suddenly,<br />as when the heart of this flower imagines<br />the snow carefully everywhere descending;<br /><br />nothing which we are to perceive in this world equals<br />the power of your intense fragility: whose texture<br />compels me with the color of its countries,<br />rendering death and forever with each breathing<br /><br />(i do not know what it is about you that closes<br />and opens;only something in me understands<br />the voice of your eyes is deeper than all roses)<br />nobody, not even the rain, has such small hands</em><br /></span><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;">(E. E. Cummings)</span></div><br /><br /><em>algures, aonde nunca fui, para além do prazer<br />de qualquer experiência, os teus olhos revelam o silêncio:<br />no teu mais frágil gesto há coisas que me prendem<br />ou que não consigo tocar por estarem demasiado perto<br /><br />o teu mais leve olhar liberta-me facilmente<br />apesar de me ter fechado como os dedos,<br />tu abres-me sempre pétala a pétala tal como Primavera abre<br />(tocando hábil, misteriosamente) a sua primeira rosa<br /><br />ou se o teu desejo é fechar-me, eu e<br />a minha vida fechar-nos-emos em beleza, de repente,<br />tal como o coração desta flor imagina<br />a neve a descer cuidadosa em toda a parte;<br /><br />nada do que podemos perceber neste mundo iguala<br />o poder da tua intensa fragilidade: cuja textura<br />me obriga com a cor dos seus países,<br />a trocar a morte e a eternidade em cada respiração.<br /><br />(não sei o que há em ti que fecha<br />e abre; apenas algo em mim compreende<br />que a voz dos teus olhos é mais profunda do que todas as rosas)<br />ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas<br /><br /></em><br />Isto não é nada fácil e, além do mais, não sei assim tanto inglês para me armar em tradutor, ainda por cima de poesia. Há algumas ideias de difícil apreensão no original e não tenho nada a certeza de ter encontrado o equivalente em português. Ainda assim, gosto do resultado e sobretudo da aprendizagem que é esta experiência de traduzir poesia.Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-61571437354702897282012-01-02T16:55:00.002+00:002012-01-02T17:42:51.639+00:00Doze passasSou muito mau para rituais. Talvez por isso me sinta sempre do lado da subversão, até daqueles mais inocentes. Vale o tempo de encontro com famílias e amigos, o tempo que passamos à mesa, lugar de excelência para brotarem grandes ideias. Já tenho chamado a estas refeições "seminários" porque muitas vezes é o que verdadeiramente acontece pelo meio de comida tão interculturalmente variada que pode ir do caril de camarão à açorda de bacalhau, das rabanadas ao cheesecake, do vinho de Pias ao de Palmela, do CR&F ao Armagnac. Trocam-se saberes marinheiros, agricultores, literários por histórias de viagens e receitas de cozinha e outras.<br />O resto cumpre-se, por mim sem convicção nenhuma, porque dos rituais só acho graça mesmo é à sua coreografia.<br />A coreografia da passagem de ano é algo confusa e reveste-se de demasiada complexidade para que a aprenda, de modo que fico-me por uma versão mais simplificada apenas para celebrar a festa.<br />Celebro a entrada no novo ano com um abraço a cada um dos presentes com o desejo sincero de que tenham a saúde, a força e a inteligência para vencer os obstáculos (são tantos) e ainda lhes sobre o suficiente para ser felizes. Também toco os copos e como as passas, mas sem isso também passava.<br />Não me entendo muito bem com esse enredo de associar um desejo a cada passa. Não sei guardar desejos assim para um dia, ou uma noite, e lembrar-me deles todos em cerca de um minuto. Nunca consegui juntar doze desejos, de modo que sobram sempre passas.<br />É claro que tenho desejos, aspirações, votos, projectos, vontades... E desejo ser uma pessoa melhor, ser capaz de amar mais, ser mais generoso com os outros, saber mais, ter mais tempo para dedicar ao mundo... E isso é também coisa de todos os dias, tirando aqueles dias em que não me apetece nada, porque também os tenho.<br />Este ano, fingindo que acredito nessa energia concentrada que ajuda a realizar desejos, juntei as passas todas para o efeito ser mais forte, meti-as todas de uma vez na boca e engoli-as com meio copo de champanhe com uma ideia na cabeça:<br />"Que bom seria que este mundo mudasse e deixasse de ter lugar para os que nos têm vindo a empobrecer materialmente e, sobretudo, a matar-nos a esperança".Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-58872435201948311752011-11-29T14:25:00.008+00:002011-11-29T16:22:43.529+00:00Π Kant A matemática Picante<img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 259px; FLOAT: right; HEIGHT: 317px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://img254.imageshack.us/img254/5589/kantikantqx7.jpg" /> <br /><div><a href="http://www.brynmawr.edu/Acads/Chem/sburgmay/Beautycourse/pi.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 254px; FLOAT: left; HEIGHT: 306px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://www.brynmawr.edu/Acads/Chem/sburgmay/Beautycourse/pi.jpg" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div><br /><br /><br /><div><span style="font-size:0;"></span></div><br /><br /><br /><div><br /><br /><br /></div><br /><br /><br /><div><span style="font-size:0;"></span></div><br /><br /><br /><div><br />Muitos são os dias que se me despertam com a crónica diária de Fernando Alves na TSF. Hoje, nos <a href="http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=903681&audio_id=2155422">Sinais</a> dava conta de uma iniciativa de uns jovens universitários cubanos a viver em Miami pelo que percebi com o intuito de facilitar a aprendizagem e compreensão da matemática, coisa tida como horrorosa por muita gente que não é capaz de "dar por isso" e encontrar-lhe uma beleza comparável à de Vénus de Milo. Enfim. É também típico do FA estabelecer ligações poéticas na intersecção dos planos ou na curva parabólica da memória. É assim que derivar para os "seios esferóides" de uma tal incógnita, objecto de desejo e paixão de um improvável quociente. Na verdade, feitas as contas, o que se multiplica é quase sempre a subtracção e quem de vinte cinco tira resulta menos ganho pelo que faz acrescido de menos feriados e mais horas de trabalho não remunerado. É só fazer as contas, diria um tal outro.<br />Fui procurar mais coisas sobre a Matemática Picante cujo projecto tem na realidade o nome americano de <a href="http://www.spicymath.com/">Spicy Math</a> e fiquei um pouco desiludido. Trata-se de uma empresa de ensino da Matemática, eventualmente com métodos bastante criativos, com um bom marketing à americana, ou seja uma boa fórmula resolvente capaz de extrair dividendos com resto zero em poesia. Fica a ambiguidade do nome bem achado que tanto nos pode sugerir um certo tempero nos cálculos como as matrizes para percorrer todas as linhas sinusóides num raio igual à abcissa.<br /><br />Ao ouvir isto, eu que trocadilho palavras e treino malabarismos com elas transformei logo o Pi cante em <span style="font-size:0;">Π Kant e imaginei logo um círculo filosófico atravessado por dois raios de luz crítica. E aquele quociente apaixonado por uma incógnita estaria ali. Afinal "a paixão é o mundo a dividir por zero" como atestam "<a href="http://www.lumiarte.com/luardeoutono/miacouto1.html">os infelizes cálculos da felicidade</a>" onde um oito deitado chega ao infinito.</span><br />E...<br /><em>Assim nestas poucas linhas</em><br /><em>Fica uma estória banal</em><br /><em>Com linhas e entrelinhas</em><br /><em>E uma moral convergente:</em><br /><em>O infinito afinal</em><br /><em>Fica aqui ao pé da gente.</em><br /><span style="font-size:85%;"><a href="http://www.josefanha.com/poemas.swf">José Fanha</a></span><br /><span style="font-size:85%;"></span><br /><span style="font-size:85%;">Imagens <a href="http://serendip.brynmawr.edu/sci_cult/courses/beauty/syllabus.html">daqui </a>e <a href="http://celebbest.com/gallery/i%20kant">dali</a></span></div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-71893828012786745912011-11-21T23:16:00.004+00:002011-11-22T11:56:17.137+00:00Vale<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpekdWIeSPpXXRy5SLJyMf_nVy658D1LUJcs9M6CjfYXqYZIM0W5Ju7ddEfefwTdt73uHHaGdpEvRM-nBXlU0ndGVGL-keWZLm6lfFoMvQjX3tb8mRyPdjxTneleXpJgq2wA4ssA/s1600/IMG_1143.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5677787200826910578" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpekdWIeSPpXXRy5SLJyMf_nVy658D1LUJcs9M6CjfYXqYZIM0W5Ju7ddEfefwTdt73uHHaGdpEvRM-nBXlU0ndGVGL-keWZLm6lfFoMvQjX3tb8mRyPdjxTneleXpJgq2wA4ssA/s320/IMG_1143.JPG" /></a> <span style="font-size:78%;">Um momento divertido do ensaio (foto de Annie Grieg)</span></div><br /><div align="left"><br /></div><br /><div align="left">Cresci no Vale.<br />Dizer que Vale é um espectáculo de dança contemporânea dirigido pela coreógrafa Madalena Victorino é dizer muito pouco desta viagem/seara, rebanho/rio, festa/mar de afectos que se constrói por dentro de uma semana inteira, mas que o público só vê cerca de uma hora e um quarto.<br />Participei no Vale.<br />Fui por mim e por ti, minha rapariga que me estimulaste. Reencontrei-me com tantas memórias e gentes e animais que por vezes até lhes sentia o cheiro.<br />A gente do Vale<br />é um grupo de cinquenta pessoas que não conhecia antes e que me deixa a sensação de ali termos nascido todos e crescido. No final partimos com um sorriso na despedida, como eu parti um dia. Provavelmente, algumas destas pessoas não voltarei a encontrar em breve ou se calhar nunca mais, mas isso também me aconteceu com amigos de infância e continuo a lembrar-me deles.<br />Valeu!</div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-84166182046766448122011-10-31T08:40:00.004+00:002011-10-31T09:03:50.163+00:00Dia D<a href="http://gustavoarruda.squarespace.com/storage/Carlos_Drummond_Andrade.jpg?__SQUARESPACE_CACHEVERSION=1293757316511"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 375px; DISPLAY: block; HEIGHT: 495px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://gustavoarruda.squarespace.com/storage/Carlos_Drummond_Andrade.jpg?__SQUARESPACE_CACHEVERSION=1293757316511" /></a><br /><br /><div><br /><br /><br /><br /><div>Dê grande.<br />Grande Dê.<br />DÊ.<br /></div><br /><div>Drummondar é dar Drummond.<br />Dar ao mundo quem se deu ao mundo.<br />E não cedeu.<br /><br />Porque o riso mesmo ácido<br />é sempre uma brincadeira do amor.</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>SEGREDO<br /></div><br /><div><em>A poesia é incomunicável.</em><br /><em>Fique torto no seu canto.</em><br /><em>Não ame.</em> </div><br /><div></div><br /><div><em>Ouço dizer que há tiroteio</em><br /><em>ao alcance do nosso corpo.<br /></em><em>É a revolução? o amor?<br /></em><em>Não diga nada. </em></div><br /><div><em></em><br /><em>Tudo é possível, só eu impossível.<br /></em><em>O mar transborda de peixes.</em><br /><em>Há homens que andam no mar</em><br /><em>como se andassem na rua.</em><br /><em>Não conte.</em><br /></div><br /><div><em>Suponha que um anjo de fogo<br /></em><em>varresse a face da terra</em><br /><em>e os homens sacrificados</em><br /><em>pedissem perdão.</em><br /><em>Não peça.</em><br /><span style="font-size:85%;"><br />Carlos Drummond de Andrade<br /></span><span style="font-size:85%;">(Itabira, 31 de Outubro de 1902 - Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 1987)</span></div><br /><br /><div></div><br /><div></div><br /><div></div></div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6572678.post-64690109116819454322011-10-15T19:38:00.009+01:002011-10-15T21:27:07.139+01:00Outubro ou nada15Out MARCHA DA INDIGNAÇÃO<br /><br /><div><br /><br /><div><br /><br /><br /><div>A cabeça da minife<br /><br /><br /><div><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 346px; DISPLAY: block; HEIGHT: 243px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663799316513331698" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLC8hLEGBCjOfXUcYbNH2hoe_UNkOL_uQnBGTBrKBn8SdBeeWCDAwuCMQuOD7TrjDc34PnSKxl2iyuOkx2n_K8AA8w_beP0aBVFDVdxScE_MkEaWyuPxxgSi4NVApb67yZtxlGtw/s400/IMG_1193.JPG" /></div><br /><br /><br /><div>Um protesto que diz respeito a quase todos<br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 368px; DISPLAY: block; HEIGHT: 262px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663799323204994146" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiND9N585LcAIq1oi4TkRCpznvCtVKjAqYL4s1l2vABu32KFFtnZ8NrOYUKGAvGiATVNNM06uiq0Xj_kVK2gKMUgLLNDphyfEFY72rTUSkRV7wlCFqwOQYM52nvAxhR2qsFgomcIg/s400/IMG_1197.JPG" /></div><br /><br /><div></div><br /><div>Animação e criatividade contagiante<img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 372px; DISPLAY: block; HEIGHT: 317px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663799348715536690" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSoNXzHNSC8rf0S_Q9ZlBApHo-fGlXmCRLBzUtg6BTx10BdyYTkhYR7tlaX-PfqRCq0WB_dOfH5H8nRMTcD-QbAqXwOaflKgP-elDfD7JrvVVBpE-PeFt2yXdnoxVakX3E9C2dnw/s400/IMG_1225.JPG" /></div><br /><br /><div><br /></div><br /><br /><div>Meninas estais à janela<img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 374px; DISPLAY: block; HEIGHT: 398px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663799377312995506" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbdofWvOJav-ZRY6NsuH0H6sky_9C3kiwIbLyLpcE_Ykk6AxPW9VDRVMZoFlcXy1KwSJYNhA7fNTxmNQCDdoyRR4Up1O7OtDACdaZOZ8nZ40g404SjQBIhLOrRBjvCVQ0SlBMWow/s400/%25C3%2580+janela_1212.jpg" /></div></div><br /><div><br /><br /><div>A indignação também faz sede<img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 378px; DISPLAY: block; HEIGHT: 549px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663799383439917106" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqsAQDIii5KruisLAWmAucNxXst-TbIHrK99YE3DpeCv4TbVVFugSoonV-zL4ddf3GNM_AmPUslheCDVYkYkWZ4VJ9cVtcbiry1A6bLAxRwJgG7Sf3r4iMtHJw8AubYm3jWIHuQw/s400/Bjeka_1214.jpg" /></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>E o povo até pode desejar um carro novo<br /></div><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 384px; DISPLAY: block; HEIGHT: 278px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663809271293940130" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqCV1RcDVYHTdj1fES1qAbwlLeRogmHOFyOD1Q79QJ7cX7xgdkDIOwkPwBIHu_bA5k7tZG_faFM0JwZWkUhyphenhyphen8m6QvTxxj16u3DmGIxq_fvdoGpD_DkThJjMEgIo7j0oxrvaAeGNQ/s400/Queremos+carro+novo_1217.jpg" /> </div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>Ou habitação condigna<img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 396px; DISPLAY: block; HEIGHT: 283px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663810583308642786" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0waJ51xlTWVGh1W9oIVD-1EkS4IO7j9c2Eyo3NTRN-NF-nBdERmHFNLFvU8qnDFudo46kIz3t8lm_7nft3IzAY-S6hkJRtPgFleN_g7wBvuemKSE704j4MF4j-CmxEaLaKwTI9A/s400/IMG_1218.JPG" /><br />E...<br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 280px; DISPLAY: block; HEIGHT: 200px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663807498332568610" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1NmzFDEr-4K289l5t6qUoYoyv7rxN33uH3tCnQfOFajRlIv-b_5yK7MQPAGzCYnyZriHnrRWs658bVU46PrSMuy3gabbN5TF59_vCXsYT3NCPQoXytOIrSoedIAjGEhQM47AD3g/s400/O_Neil_1207.jpg" /><br /><br />E também houve beijos e namoro. Manifestos (e many festas).<br /><br /><div><br /><br /><br /><div></div></div></div></div></div>Gregório Salvaterrahttp://www.blogger.com/profile/06032614581426239484noreply@blogger.com0