11 de abril de 2011

Da lógica da batata à coerência da salsicha


Devo começar por dizer que não gosto nada do que vou fazer. Acho de muito mau gosto trocadilhar assim com o nome das pessoas, mas às vezes não resisto. A coisa até nem é muito grave, porque apesar de tudo o nome em questão até parece fornecer alguma blindagem que não sei se o nomeado merece. Aos críticos destas brincadeiras, peço alguma tolerância, pois. Também, caramba, não venho aqui pedir que a Zita Seabra...

Vamos então ao que interessa.

Nas últimas presidenciais estive bastante à rasca e se não fosse o facilitar a percentagem ao Cavaco, nem me teria dado ao trabalho de votar por falta de candidato. No final lá me decidi a votar no único candidato sério que apareceu. Aquele que assumiu a pantominice e a descontrução deste processo. O Coelho da Madeira, qual bicho carpinteiro, não construindo propriamente uma alternativa, talvez tivesse mostrado as fragilidades e overdadeiro caruncho do pau de que é feita toda esta santidade política.

O Nobre apresentou-se como representante da "sociedade civil" e isso em princípio seria um valor. Aparentemente. Porque na sua órbita deixavam-se ver algumas personalidades que, sem qualquer menosprezo pelo trabalho social que fazem, se orientam por uma lógica de dependência do Estado e de alguma chafurdice política pelos gabinetes ministeriais, sejam eles tutelados por quem for. É, de certa forma, esta a "sociedade civil" organizada em lobby e carente de um representante a que mais se galvanizou para apoiar Nobre à presidência. E muita gente, que se não revê nos partidos e nos candidatos partidários "independentes" acreditou que, finalmente havia alguém suficientemente reconhecido capaz de incarnar essa alternativa e fazer disso um projecto ganhador. De ganhar aos partidos, para ver se eles aprendem a ser melhores. A ideia não é má, mas a mim bastou-me um dia ver na televisão a sua comunicação sem som, para ter o sentimento de que havia ali algo que me fazia desconfiar. Acho que não votei nele por isso.

Agora sabemos que aceitou ser candidato do PSD. E que se o PSD ganhar (o que ainda não é líquido) Nobre será presidente da AR, segunda figura do Estado.

Por mim, até pode ser. Mas não deixo de me interrogar sobre a natureza das coisas com que se faz a política. Se os portugueses elegem figuras destas para seus representantes, de que é que se queixam?


A ascenção política é uma máquina com um processamento interno muito complexo e frequentemente inacessível, mas no essencial é muito simples: por um lado entram porcos inteiros e, pelo outro, saem salsichas prontas a consumir.

3 comentários:

CCF disse...

Os partidos vampirizam tudo...e há quem lhes estenda o pescoço por muito pouco.
~CC~~

(beijo)

JJS disse...

Esse beijo é no pescoço?
Hummm....

Anónimo disse...

atenção jjs que a ccf tem muita ... lata... não sei é se a dita cuja também é da "nobre"...
nota: boca foleira não publicável, só para me meter com os meus 2 amigos...