12 de maio de 2009

Pressões de ar (*)

Afinal, parece que os magistrados são pressionáveis. E o mais curioso é serem eles próprios a dizê-lo. Não sei bem de que pressão se trata, se é atmosférica e anticiclónica ou se, sendo baixa é como a dos pneus. Agora temos o caso (chamado) Freeport na pneumologia depois de ter passado pela terapia da fala por causa daquele "t" que às vezes emudece.
Agora é oficial. Houve mesmo pressões. Ouvi nas notícias. Não sei bem como foi (o meu acesso às fugas de informação é muito limitado, apesar do Meo me oferecer o canal do Benfica em sinal aberto), mas arrisco um cenário bastante plausível.
Para aí a três quartos do almoço, naquele momento em que a segunda garrafa de Pera Manca se encontra naquela ambiguidade jurídica de estar meia cheia e meia vazia, o magistrado pressionador diz assim para o magistrado pressionado:
- sabes como isto está, não é?... a crise, e tal.... ouvi dizer que há contratos que não vão ser renovados, sabes como é?...
- já percebi, pá... é para arquivar aquilo, não é?
Deve ter sido assim. Não estou a ver como poderia ter sido de outra maneira. A não ser... ná, não acredito...
- ou arquivas aquela trampa, ou fica toda a gente a saber que a Cláudia Cardinali do parque eduardo VII és tu.
- ok. ok. manda lá vir outra garrafa e não se fala mais nisso...

Talvez até nem tenha sido nenhuma destas pressões, mas elas são impressionantes.

Agora o que eu acho é que devia haver uma grande pressão, sim senhor, para que a justiça funcione e seja célere. Se olharmos para os casos mais emblemáticos dos últimos anos, vemos que é uma desgraça total de embrulhadas, erros processuais, fugas de informação cirúrgicas... Tudo isto na completa impunidade. Ninguém avalia estes senhores.
Agoram brincam às pressões com o seu estatuto de impressionáveis.
Impressionante!



(*)Pressões de ar: são pequenas armas de recreio, utilizadas para tiro ao alvo ou para caçar pássaros. Eram também muito comuns nas feiras, nas famosas "barracas de tiro", onde por vinte cinco tostões se podia, com cinco tiros, tentar acertar num alvo que abria a porta de uma caixa donde saltava um boneco preso por um elástico. O prémio era era uma ginginha falsificada, mas não seria isso que levava lá os homens e os rapazes da minha idade. Eram as meninas de lábios pintados de vermelho que não se cansavam de lançar o famoso (na época) pregão "ó simpático, vai um tirinho?"

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