19 de julho de 2005

Anepígrafo

Se uma árvore cair na floresta e não estiver lá ninguém para ouvir, será que produziu som?
A esta hora já deixei de sentir as dores do mundo, embora ele se doa e ao mesmo tempo se anestesie para não sentir. E já me quer parecer que a ruptura de um contrato pode doer mais que uma ruptura muscular e que um morto em Nova Yorque, Madrid ou Londres tem uma morte mais dolorosa que em Bagdad.
Vou acrescentar mais umas gotas e anestesiar todos os meus pedaços.
Despedaço-me, pois.
Mas sem dor.

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