12 de fevereiro de 2007

SIMplesmente asSIM

Os que querem que a interrupção da gravidez
até às dez semanas
por opção da mulher
em estabelecimento de saúde autorizado
deixe de ser crime
venceram o referendo
Não venceram tudo Há ainda muito para fazer para que em portugal se possa respirar dignidade
É preciso acabar com o discurso da hipocrisia que se apropria dos direitos das pessoas e os transforma em caridade É preciso continuar a exigir as condições mínimas de dignidade e segurança para que cada um possa ter os filhos que deseja e quando os deseja porque a isso tem direito É preciso que cada um possa contar que daqui a um dois ou dez anos tem trabalho e pode continuar a pagar a casa que comprou e tem com que pagar o infantário e o atl e a escola e o dentista e eventualmente o psicólogo dos filhos e mais os ansiolíticos e os antidepressivos porque com as perspectivas actuais não há quem aguente

Mas não é só isto que falta vencer
Ainda não pousou totalmente a poeira da festa do SIM e já os arautos da esperteza saloia põem os pausinhos ao sol e insistem em nos tratar de parvos
O referendo não foi vinculativo e portantes temos que gramar o luís finhinho que a gente não sabe onde estava no outro referendo

perante os resultados da participação neste segundo referendo sobre o aborto, a maioria de esquerda no Parlamento, capitaneada pelo PS e pelo PM, vai fazer de conta que esta consulta pública e directa aos eleitores não é para respeitar, na sua fórmula de vinculação?

E depois explica assim sabiamente Sabe-a toda

Vamos por partes: quando o PS e o PM partiram para este referendo sabiam as regras do jogo, que não podiam ser mais claras. Só era possível vincular a maioria se mais de metade do eleitorado votasse. E os eleitores, na sua soberana decisão, que tem de ser integralmente respeitada, decidiram não aparecer nas urnas, por todos os motivos, incluindo os que acham que a abstenção é uma forma de expressão legítima de não aceitação do referendo

Pois SIM Sabíamos todos as regras que alguns teimaram em torcer nos últimos dias Mas disso o senhor não fala Prefere passar por ignorante e distorcer o conceito de vincular A decisão dos eleitores só é soberana quando convém Pois é Por acaso a decisão dos eleitores até está soberanamente expressa na composição do parlamento tal como estava em 1998 E só por cobardia é que não fizeram a alteração do código penal que penaliza a interrupção voluntária da gravidez Posso até achar que os eleitores se enganam (ou são enganados) muitas vezes nas pessoas que elegem mas as regras são essas e respeito-as mesmo quando não concordo.


Sobre a censura ao programa de cinco minutos do júlio machado vaz só ouvi notícia da tsf
E depois não me venham dizer que em portugal não se conjuga tão bem o capitalismo de karaoke com fascismo de passerelle

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