26 de agosto de 2004

Eh!... de Estrela-do-Mar

E chamei-lhe assim porque teria inventado uma paixão de cinco pontas sem saber como lhe pegar. Paixão de olhar apenas. E de a escrever na memória das tardes poentes frente ao azul.
Só conheci o Palma depois. Não devemos estar a falar da mesma. O mar tem constelações delas para que cada um reconheça a sua. E todas têm luz própria.

"Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
e em que o sono parecia disposto a não vir
fui estender-me na praia sozinho ao relento
e ali longe do tempo acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
e uma cara sardenta encheu-me o olhar
ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar

Sou a estrela do mar
só a ele obedeço, só ele me conhece
só ele sabe quem sou no princípio e no fim
só a ele sou fiel e é ele quem me protege
quando alguém quer à força
ser dono de mim

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Em silêncio trocámos segredos e abraços
inscrevemos no espeço um novo alfabeto
já passaram mil anos sobre o nosso encontro
mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar"
(Jorge Palma, 1984)

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