22 de julho de 2005

Cânticos da lua cheia
















Formosa és, amada minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, imponente como um exército com bandeiras.

Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade.

Os teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.

As tuas faces são como as metades de uma romã, por detrás do teu véu.

Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número.

Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela e a única de sua mãe, a escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na.

Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exército com bandeiras?

Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale, para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor.
Cântico dos Cânticos 6:5 a 6:11
Ontem corri atrás da lua espelhada no mar.
Encantei-me na Tavira Moura com a música das palavras e outras delícias.

2 comentários:

  1. Trazia consigo a graça
    das fontes quando anoitece.
    Era o corpo como um rio
    em sereno desafio
    com as margens quando desce.
    Andava como quem passa
    sem ter tempo de parar.
    Ervas nasciam dos passos,
    cresciam troncos dos braços
    quando os erguia no ar.
    Sorria como quem dança.
    E desfolhava ao dançar
    o corpo, que lhe tremia
    num ritmo que ele sabia
    que os deuses devem usar.
    E seguia o seu caminho,
    porque era um deus que passava.
    Alheio a tudo o que via,
    enleado na melodia
    duma flauta que tocava.

    Eugénio de Andrade

    Buganvilia

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  2. Nada poderia ser mais certeiro que esta melodia de sal.

    Obrigado Buganvilia

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