Variações sobre a imensa metafísica do azul musical
20 de março de 2006
o equinÓcio é que é nosso!
(porque aqui também se contam os dias...)
Le Printimps (1866) - Bouguereau
se algum deus existe e criou coisas e me criou a mim fez-me ateu mas não isento de espiritualidade e de mística e muito menos insensível à beleza dos ritmos da vida e se algo há de sagrado só pode ser a Terra
O Senhor Deus é espectador desse homem Encheu-lhe o regaço de dias e soprou-lhe nos olhos o tempo suave das árvores Deu-lhe e tirou-lhe uma por uma cada uma das quatro estações A primavera veio e ele árvore singular à beira do tempo plantada vestiu-se de palavras E foi a folha verde que Deus passou pela Terra desolada e ressequida Quando as palavras o deixaram de cobrir ficaram-lhe dois dos olhos por onde o Senhor olha finitamente a sua obra Até que as chuvas lhe molharam os olhos e deles saíram rios que foram desaguar ao grande mar do Príncipio
O Senhor Deus é espectador desse homem
ResponderEliminarEncheu-lhe o regaço de dias e soprou-lhe
nos olhos o tempo suave das árvores
Deu-lhe e tirou-lhe uma por uma
cada uma das quatro estações
A primavera veio e ele árvore singular
à beira do tempo plantada
vestiu-se de palavras
E foi a folha verde que Deus passou
pela Terra desolada e ressequida
Quando as palavras o deixaram de cobrir
ficaram-lhe dois dos olhos por onde
o Senhor olha finitamente a sua obra
Até que as chuvas lhe molharam os olhos
e deles saíram rios que foram desaguar
ao grande mar do Príncipio
Ruy Belo